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Poeta Luiza Romão representa a literatura brasileira na Feira de Frankfurt

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A premiada poeta brasileira Luiza Romão, vencedora do Prêmio Jabuti 2022 nas categorias Poesia e Livro do Ano com a obra “Também guardamos pedras aqui” é a convidada especial do pavilhão do Brasil na 75ª Feira do Livro de Frankfurt, que acontece até domingo (22) na Alemanha.

Fotomontagem com a autora e seus dois livro, Luiza Romão.
Fotomontagem com a autora e seus dois livro, Luiza Romão. © Crédito_ Luiza Sigulem
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Além de Luiza Romão, a delegação brasileira em Frankfurt é composta por representantes de 20 editoras afiliadas ao Brazilian Publishers - parceria entre a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).

Luiza Romão ficou “surpresa” e “alegre” com o convite para representar a literatura brasileira no maior evento editorial do mundo. “É uma alegria estar aqui em Frankfurt, podendo falar um pouco do meu trabalho, apresentar esse livro, inclusive porque em geral poesia é um gênero mais difícil de circular nos espaços mais instituídos da literatura, especialmente uma poesia que, como a minha, vem de um contexto de palavra falada, de spoken word, de slam”, afirma.

A poeta brasileira, que também é slammer, fará nesta sexta-feira (20) uma apresentação sobre a sua obra no estande do Brasil. Ela antecipa à RFI que irá “performar” alguns dos poemas do livro “Também guardamos pedras aqui”, publicado no Brasil pela Editora Nós.

 

Luiza Romão com a capa do seu livro versão português
Luiza Romão com a capa do seu livro versão português © Luiza Sigulem

O livro, premiado com o Jabuti, propõe uma releitura da Ilíada de Homero. Cada poema leva o nome de um personagem do poema épico do poeta grego, em torno da Guerra de Troia. “O meu interesse foi realmente questionar um pouco esse monumento canônico da literatura ocidental”, explica.

Luiza Romão lembra “ter ficado muito espantada perante o horror dessa narrativa” escolhida como “pedra fundamental de toda uma tradição literária”. A poeta reflete no livro “como essas tecnologias de morte, como essas formas de subjugar o outro, a outra, de negar a diferença é algo que continua acontecendo ao longo dos séculos, dos milênios e chega à América Latina de forma muito brutal, via processo de colonização.”

Tradução para o francês

Em Frankfurt, a poeta apresenta sua obra também visando encontrar editores alemães, ingleses ou de outras línguas interessados em traduzir e publicar seus livros. “Também guardamos pedras aqui” já ganhou uma primeira tradução, para o francês, lançada em meados de outubro pela “Nossa Editions”, também fundada por Simone Paulino da brasileira “Nós”.

 

A escritora Luiza Romão e a capa do seu livro em francês.
A escritora Luiza Romão e a capa do seu livro em francês. © Luiza Sigulem

 

 

Essa primeira tradução foi para Luíza Romão “uma redescoberta do livro”. Ela dá como exemplo a busca pelo título em francês. “O ‘aqui’ no original se refere à América Latina, se refere a esse Sul Global, ao Brasil”, relembra.

Ela diz que a solução encontrada para resolver essa questão, junto com a tradutora Eloisa Del Giudice, foi repetir a palavra nós (nous) no título em francês. “Nous avons de pierres nous aussi”, marca “duplamente essa fala que vem da América Latina, esse feminismo que de certa forma vai repensar essa história colonial desde uma perspectiva do Sul”, indica.

A Feira do Livro de Frankfurt 2023 é marcada pela atual guerra entre Israel e o Hamas. Antes mesmo da abertura, o evento se viu envolvido em uma polêmica após o cancelamento de uma homenagem prevista à escritora palestina Adania Shibli. Um abaixo assinado de repúdio foi assinado por dezenas de escritores, personalidades e editoras.

Luiza Romão respondeu a essa polêmica com um dos poemas de seu livro.

“É um texto para Briseida, que é uma das tantas e tantas vítimas dessa micropolítica organizada de extermínio que aconteceu em Tróia e que é algo que continua existindo até os dias de hoje.

primeiro esquecemos como se diz milharal

talvez porque nessa época eram irreconhecíveis

os grãos que chegavam embalagens metálicas

depois esquecemos como se escreve legislatura

 

uma língua tomada de assalto

bênção de mãe unguento retina

perdemos as vogais depois os rios

por fim ninguém mais engravidou”

 

Clique na foto principal para ouvir a entrevista completa.

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