"Somos resilientes e pacientes", diz Rosângela Rennó ao receber prêmio internacional de fotografia
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Rosângela Rennó, artista mineira radicada no Rio de Janeiro, recebeu o prêmio Woman in Motion, dos Encontros de Arles, festival de fotografia no sul da França. Ela trouxe uma seleção de seu trabalho, apresentado no espaço “Mécanique Générale”.
Patricia Moribe, enviada especial a Arles
“Sempre considerei as mulheres como seres múltiplos e desdobráveis”, declarou em francês a artista ao receber o prêmio na terça-feira (4), no Teatro Antigo de Arles. Como pano de fundo, uma montagem de seu trabalho em vídeo “Espelho Diário”, iniciado em 1992.
Para Rosângela Rennó o prêmio é uma recompensa “por um longo trajeto de mais de 30 anos de trabalho”. Ela conta,em entrevista exclusiva à RFI, que “foram muitas realizações que deram certo”, mas que “às vezes a gente sente que a visibilidade, o alcance, poderiam ser maiores”, principalmente no Brasil.
Em Arles ela apresenta uma seleção de seis trabalhos, entre eles “Cerimônia do Adeus” e "Nuptias", com intervenções em fotos de casamento.
Culto a Lênin
Ela também trouxe a série completa de “Good Apples, Bad Apples”, a partir de imagens encontradas na Internet a respeito do culto ao líder soviético Lênin. “São fotos de monumentos encontrados em várias partes do mundo”, relata. “Foi um pretexto para discutir como as pessoas fazem circular imagens na Internet, como elas precisam externar raiva ou amor por um sistema”, explica.
No discurso ao receber o prêmio Women in Motion, Rosângela Rennó homenageou outras mulheres, citando o nome de algumas fotógrafas brasileiras. “São muitas mulheres, também não fotografas, que me emocionaram muito em situações que pude viver através do meu trabalho”, comenta.
Anos de trevas
Sobre a situação política no Brasil, especialmente em relação à cultura, Rennó é muito otimista. “Passamos seis anos infernais”, diz, referindo-se aos anos Temer e Bolsonaro. “A gente viveu um projeto de destruição, mas somos resistentes, pacientes e resilientes”.
Para a artista, “o retorno é muito lento, a destruição é muito rápida, a reconstrução leva muito mais tempo, então a gente não pode perder a esperança de que a gente vai conseguir voltar a se comunicar, a exprimir o que a gente passa”.
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