Pablo Lapidusas e Bernardo Lobo apresentam em Paris álbum gravado durante a pandemia

Bernardo Lobo e Pablo Lapidusas são dois músicos, amigos de longa data, radicados em Portugal. Durante a pandemia, o confinamento trouxe a inspiração para um trabalho instrumental, “Zambujeira”. Em turnê pela Europa, os artistas se apresentam em Paris nesta terça-feira (11) para apresentar o álbum.

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Os músicos Pablo Lapidusas e Bernardo Lobo, que apresentam em Paris o álbum "Zambujeira", estiveram na RFI para falar a respeito (10/04/23). © Patricia Moribe

Por Patrícia Moribe, em Paris

“Zambujeira, no Alentejo, sul de Portugal, é o nome do lugar onde o Bernado estava confinado durante a pandemia”, explica Lapidusas. “Eu ainda estava com a mala nas costas quando cheguei e falei: ‘Vamos fazer um disco’”, acrescenta. “Somos amigos há muito tempo, desde que mudei para o Rio de Janeiro, ainda no século XX”, conta o pianista, compositor e produtor nascido na Argentina e criado no Brasil.

Já Bernardo Lobo, cantor, compositor, violonista e produtor, decidiu se mudar para Portugal há sete anos. “Estou na música vai fazer 30 anos; já são sete álbuns lançados, o primeiro foi no ano 2000”. Ele se lembra do conselho do pai, Edu Lobo: “Ele dizia, ‘meu filho, faça a melhor música que você puder fazer; esquece o resto’. Eu acho que, nesse sentido, a Europa mudou um pouco a minha vida, o meu tempo, a minha criatividade”.

Ambos apontam que um dos pontos positivos é a abertura na Europa para a música e o trabalho do produtor, além de uma pressão menor para o sucesso comercial. “Talvez haja uma curiosidade maior das pessoas no geral para conhecer um trabalho de arte, seja música ou outro tipo”, diz Bernardo.

O filho de Edu Lobo cresceu no mundo da música, mas isso não o impediu de desviar para o rock’n roll e tentar o teatro. Mas a música estava no DNA e ele resolveu aprender violão, cantar e compor.

Inspiração e piano a quatro mãos

Lapidusas conta que uma grande inspiração foi um show de César Camargo Mariano, em Poços de Caldas (MG), quando ele tinha 14 anos. Ele esperava uma banda, mas o que viu em cena foi o espetáculo de um homem sozinho ao piano, e ele próprio era uma banda. “Saí do show em estado de choque”, conta o pianista, que estudou na Unicamp e depois se mudou para o Rio de Janeiro.

Anos depois, fazendo parte de um programa de jovens pianistas abrindo o show de grandes artistas, Lapidusas abriria o concerto de César Camargo Mariano na sala Cecilia Meirelles, no Rio. O jovem contou ao mestre sobre o impacto que teve ao assisti-lo em Poços de Caldas, anos antes. Mariano, emocionado, resolveu retribuir a admiração dividindo o palco com Lapidusas, com os pianos lado a lado. “Aquele foi o dia mais impacto impactante na minha vida, mais do que a Copa do Mundo que ganhamos agora”, diz o argentino.

Criação em plena pandemia

“Zambujeira” começou com a estadia de Lapidusas na casa de Lobo no Alentejo. Depois o processo continuou à distância, com contribuições e inspirações. Bernardo Lobo conta que o confinamento foi ótimo para o seu trabalho criativo. "Me salvou daquele estado de tensão, depressão", conta. Um começava um tema, o outro terminava. E vice-versa. 

Em dois meses, tinham um álbum, lançado em outubro de 2021. 

No momento Bernardo Lobo está gravando um novo disco no Porto. Ele faz uma pausa nos estúdios para viajar com Pablo Lapidusas e fazer a divulgação de "Zambujeira", com várias datas marcadas na Europa para os próximos dias.

"A gente tem coisa já marcada para junho aqui na Europa também, na Itália, e possivelmente em outros outros lugares também. Entre os projetos, está talvez fazer uma trilha. Enfim, projetos não faltam, né? E também, se não tiver projeto, a gente inventa alguma coisa", arremata Lobo.

Pablo Lapidusas e Bernardo Lobo se apresentam nesta terça-feira no Sunset Sunside, em Paris.