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Cantora brasileira Lívia Nestrovski e Filarmônica portuguesa celebram lusofonias em Paris

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"Temos que voltar a sonhar o Brasil", reflete a cantora Lívia Nestrovski, considerada por Arrigo Barnabé "uma das maiores vozes de sua geração". A intérprete brasileira se apresenta junto com a Orquestra Filarmônica Portuguesa numa peça especialmente criada para ela pelo maestro Luís Tinoco. Ela está em Paris para um concerto especial na sede da Unesco, celebrando nesta quinta-feira (5) o Dia Mundial da Língua Portuguesa. 

A cantora brasileira Lívia Nestrovski.
A cantora brasileira Lívia Nestrovski. © DR
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"Acabo pensando muito sobre a questão da lusofonia por ser cantora, e por lidar com a nossa língua, com uma vertente particular dela, [entre suas] várias vertentes. No Brasil, só a quantidade de sotaques e misturas que você tem, de termos, de formas de dizer, de dialetos, é uma coisa absolutamente diversificada e rica", diz a cantora Lívia Nestrovski, que volta a Paris depois de quase sete anos para a apresentação especial na sede da Unesco.

"Quando a gente lida com canção popular, que é o meu caso, por exemplo, canto coco de embolada no show, com milhões de trava-línguas e brincadeiras. Aí você junta com um compositor como Elomar, que é um trovador do sertão brasileiro, com uma linguagem específica, e depois vai disso para um Luiz Tatit, que é o completo oposto, um coloquialismo super urbano... Enfim, só pensando no Brasil, em termos de canção popular, você já tem vertentes e mais vertentes e formas de usar", avalia a intérprete.

"Canções de Trabalho"

Sobre o convite feito pelo maestro Luís Tinoco para que ela estreasse a peça "Canções de Trabalho", a partir de melodias tradicionais de Portugal e Cabo Verde, Lívia diz que foi "espetacular, a maior honra da vida de um instrumentista, ter uma peça escrita especialmente para ele".

"Ele recebeu uma encomenda da orquestra Filarmônica Portuguesa para esse evento da Unesco", conta a cantora, explicando que o compositor trabalhou em cima de canções de trabalho, naturalmente populares. "O maestro Oswaldo Ferreira embarcou também na ideia de me chamar". 

Apresentação da cantora Lívia Nestrovski marca o Dia Mundial da Língua Portuguesa na sede da Unesco, em Paris.
Apresentação da cantora Lívia Nestrovski marca o Dia Mundial da Língua Portuguesa na sede da Unesco, em Paris. © Ana Clara Miranda

"É preciso voltar a sonhar o Brasil"

A cantora, que possui uma trajetória heterogênea, participou com o parceiro e guitarrista Fred Ferreira de diversos festivais pelo mundo inteiro e é bacharel em Música Popular pela Unicamp e mestre em Musicologia pela UniRio. "Vivemos uma fase de artistas muito múltiplos. A gente precisa ser múltiplo, porque o mundo também está disperso, e eu adoro essa multiplicidade, cantar muitas coisas diferentes entre si. Eu acho que isso traz muita bagagem. Tem um pouco daquela coisa do artista ir onde o povo está. Mas, mais do isso, acho que eu vou onde a música me transporta, me chama", diz.

"Outra dia recebi uma mensagem tão bonita de um doutorando, que me convidava a gravar um poema de Mário de Andrade. Para ele fazia sentido porque achava que eu tinha uma similaridade [com o escritor] nessa coisa múltipla, de explorar o Brasil, o Brasil profundo, de trazer referências, de misturar, de ter uma visão um pouco sonhadora do que o Brasil pode ser", afirma Nestrovski. 

"Não chego nem aos pés do que o Mário de Andrade representa e representou, mas é uma figura que eu amo, e também uma figura muito múltipla, que era uma pessoa que articulava, estava à frente de projetos, fundou bibliotecas, quarteto de cordas, e resgatou tanta coisa que se ele não tivesse gravado a gente não teria hoje no Brasil, arquivos importantíssimos da música... Diverso, profundo, incrível, e sonhando com o Brasil, como esses modernistas sonharam. Não é à toa que esse celebramos tanto esse ano essas figuras, porque é preciso voltar a sonhar com o Brasil e se entender nesse lugar tão diverso que o Brasil é", afirma a intérprete.

*Para assistir a entrevista na íntegra, clique na foto acima

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