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Resultados do 1° turno confirmam que França entrou em “nova era” política

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Não houve surpresas no primeiro turno da eleição presidencial francesa, realizado nesse domingo (10). A França vai ter novamente, como em 2017, um duelo no segundo turno entre o centrista Emmanuel Macron, que tenta a reeleição, e a Marine Le Pen do partido de extrema direita Reunião Nacional. “É o final de um ciclo político francês e o começo de uma nova era marcada pela disputa política entre o centro e a extrema direita”, define Gaspard Estrada, cientista político do Observatório de Política da América Latina e do Caribe do Instituto de Ciências Políticas da Paris (OPALC Sciences Po).

Images de telão mostram o presidente francês Emmanuel Macron e a candidata da exterma direita Marine Le Pen, que vão se enfrentar no 2° turno da eleição presidencial na França.
Images de telão mostram o presidente francês Emmanuel Macron e a candidata da exterma direita Marine Le Pen, que vão se enfrentar no 2° turno da eleição presidencial na França. AP - Francois Mori
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O presidente Emmanuel Macron, do partido A República em Marcha (LREM), foi o mais votado no primeiro turno com uma vantagem acima do previsto pelas pesquisas de opinião. No poder desde 2017, ele obteve, segundo os resultados quase definitivos, 27,6%. “Macron está conseguindo uma façanha histórica na 5ª República (atual regime político da França iniciado em 1958). Se olharmos os resultados das últimas eleições, os presidentes-candidatos, fora os períodos de coabitação quando a maioria parlamentar é diferente do partido político do presidente, têm muita dificuldade de ser reeleitos. O Macron está conseguindo se reorientar para uma reeleição”, indica Gaspard Estrada.

Marine Le Pen vai disputar o segundo turno pela segunda vez. Ela obteve no domingo 23,4%. “Um nível bom, mas ela não conseguiu criar o efeito psicológico que esperava chegando em primeiro lugar”, lembra o cientista político do OPALC.

A surpresa veio do excelente resultado de Jean-Luc Mélenchon, do partido de esquerda radical A França Insubmissa, que conquistou 22% e quase passou para o segundo turno. A derrocada dos partidos tradicionais, o conservador Os Republicanos e o Partido Socialista, se confirmou. As duas legendas que governaram alternadamente a França desde os anos 1980 não alcançaram nem 5% dos votos.

“Para mim, é o final de um ciclo político francês e o começo de uma nova era marcada pela disputa política entre o centro e a extrema direita. O que é novo é essa fragilidade do campo da esquerda. O Mélenchon fez melhor do que em 2017, quando teve 19,5%. O problema da esquerda hoje é essa incapacidade de chegar ao segundo turno”, constata.

Alianças no segundo turno

O duelo no segundo turno será idêntico a 2017, mas as pesquisas indicam um resultado ainda incerto. Há cinco anos Emmanuel Macron venceu com folga. Ele foi eleito por 66% dos votos contra 33% para Le Pen. Este ano, as primeiras sondagens divulgadas neste domingo apontam que o presidente venceria o segundo turno por entre 2 a 10 pontos de vantagem.

“As alianças serão o 'x' da questão”, acredita Gaspard Estrada. Vários partidos derrotados (Socialista, Republicanos, Ecologistas, Comunistas) já anunciaram apoio a Emmanuel Macron. Mas o voto determinante será o dos eleitores de Jean-Luc Mélenchon. Neste domingo, após a divulgação dos primeiros resultados, ele disse que "não se deve dar um único voto a Le Pen!", mas não pediu abertamente votos para o presidente.

“Macron vai chegar ao segundo turno numa posição melhor do que estava há alguns dias. Mas claro que ele vai ter que falar para o eleitorado de esquerda se quiser obter a maioria política em quinze dias”, diz o cientista político.

Até agora, essa foi uma eleição atípica, marcada pela pandemia e pela guerra na Ucrânia. Quase não houve debate entre os candidatos e o presidente foi um dos principais ausentes na campanha. “O ponto central do que vai acontecer nos próximos dias vai ser o debate. Até então, o presidente Macron tinha se recusado a debater com os outros candidatos. Ele fez falas específicas segmentando o eleitorado. Eu acho que ele precisa fazer um discurso mais geral. O debate vai ser um bom momento para isso”, conclui Gaspard Estrada.

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