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"Etiópia se tornou uma das rotas do tráfico de drogas na África", diz adido da PF

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A África do Sul não exige mais dos viajantes vacinados contra o coronavírus a apresentação do resultado negativo do teste de Covid-19. Mas a flexibilização das restrições ao turismo e a possível retomada de voos diretos entre o país e o Brasil - eram 12 por semana antes da pandemia - deixam em alerta as autoridades de combate ao tráfico internacional de drogas.

Retomada de voos entre Brasil e África do Sul poderia aumentar prisões de traficantes.
Retomada de voos entre Brasil e África do Sul poderia aumentar prisões de traficantes. AP - Themba Hadebe
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Vinícius Assis, correspondente da RFI na África do Sul

“A tendência é: quanto mais oferta tiver de voos, possivelmente mais apreensões e mais prisões vão haver”, destaca o adido da Polícia Federal brasileira para o continente africano Daniel Justo Madruga. Ele justifica a afirmação lembrando que a retomada de voos diretos, ainda que sem previsão, significará também mais fiscalização em ambos os lados.

Prestes a completar 19 anos na Polícia Federal, o delegado trabalha baseado em Pretória, capital sul-africana, desde outubro. Atualmente há pelo menos 15 brasileiros que viajavam com drogas presos na África do Sul, número que é seguido por Egito (13), Nigéria (3) e Etiópia (4), países considerados estratégicos para o tráfico. Egito, por exemplo, é um dos países onde condenados por tráfico de drogas podem ser punidos com a sentença de morte. Todos estes brasileiros foram detidos transportando cocaína vinda da América do Sul, em voos que partiram do Brasil.

Daniel Justo Madruga
Daniel Justo Madruga © Arquivo pessoal

“Alguns acabam passando, mas felizmente são presos. Uma das nossas funções é exatamente fazer este link com as demais polícias para aprimorar o combate ao tráfico”, contou o delegado.

O representante da PF usa números de presos e apreensões para afastar qualquer possível insinuação de que as autoridades no Brasil não estejam combatendo o movimento das “mulas”, como são chamadas as pessoas que levam droga de um país para outro.

Só no ano passado, 469 pessoas, de diferentes nacionalidades, foram presas em aeroportos brasileiros tentando embarcar com drogas, sendo que cerca de 80% delas tinham como destino países africanos. O número corresponde ao dobro das prisões por tráfico em 2020, ano em que os primeiros casos de Covid-19 foram confirmados em países africanos, resultando na suspensão de voos, além de outras medidas restritivas. Mas mesmo atípico ano de 2020 cerca de 220 pessoas tentaram sair do Brasil com drogas e acabaram presas.

Guarulhos

Cada uma delas leva normalmente uma quantidade considerada pequena em relação ao que traficantes podem transportar em navios de uma só vez. Mas com o constante fluxo de “mulas”, a soma da droga transportada em aviões acaba sendo grande. Dos 1.256 quilos de cocaína apreendidas em aeroportos brasileiros ao longo de 2021, quase uma tonelada foi no Aeroporto Internacional de Guarulhos, o principal do Brasil e motivo de preocupação especial para a Polícia Federal.

Parte dessa droga que vem para o continente africano vem do Cone Sul. Existe uma distribuição em diversos países. Parte segue para destinos como a Ásia, a Europa e a Oceania. Então os países que mantêm, e que mantiveram durante a pandemia, voos diretos para o Brasil são importantes.

"Por exemplo a Etiópia. Como a companhia aérea da Etiopia manteve os voos durante a pandemia, ela acabou ganhando uma importância, como um hub de distribuição dessa droga. Os voos vão direto para Adis Abeba e, de lá, em conexão, vão para países africanos ou outros destinos. Pode-se dizer que a Etiópia é um país fundamental para esse combate para a África. É onde a gente está focado, com os holofotes voltados para esses países", acrescenta Madruga.

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