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França: Coreógrafa brasileira traz recorte antropológico para a cena no Passages Transfestival

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Vania Vaneau, radicada há mais de 20 anos na Europa, apresenta no Passages Transfestival em Metz, na França, os solos “Blanc” e Nebula”, convidando os espectadores a uma viagem entre o transe, a cerimônia ritual e as culturas tribais brasileiras. Este ano, o evento politicamente engajado homenageia o Brasil, "país no centro de um dilema político, onde as instituições e o artistas se encontram ameaçados".

Vania Vaneau, coreógrafa.
Vania Vaneau, coreógrafa. © Captura de tela
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“É uma honra [estar aqui] e uma maneira importante de dar visibilidade para a criatividade brasileira num momento de crise”, diz Vania Vaneau, que se apresenta no Passages Transfestival, em cartaz até 12 de setembro em Metz, no leste da França.

O contraste entre o pensamento ocidental “racional” e as pulsões e iconografias primitivas é uma constante na pesquisa da artista brasileira. “Esses dois solos têm a preocupação desse encontro de mundos, de polaridades. Há de fato essa polaridade de algo primordial, primitivo, do gesto artístico como ritual, com cerimônias, rituais, culturas e modos de vida tribais e algo contemporâneo, em direção ao futuro”, sintetiza.

Um futuro apocalíptico, como no solo "Nebula"? "Sim, esses dois tempos sempre se encontram, sempre, a cada instante, o passado e o futuro coexistem nessa tensão", diz a artista. Apresentado na abadia Saint-Pierre aux Nonnains, que remonta ao século IV, "Nebula" cria belas imagens recriando um momento atemporal, depois da distopia e da destruição total, onde uma nova civilização tenta se apropriar dos materiais que restaram para voltar a se comunicar e se estabelecer. 

"O 'Nebula' partiu do desejo de reencontrar essa relação do corpo com a natureza, tudo que faz parte do natural, que seja o homem, ou o animal, o mineral, e, ao mesmo tempo, de se projetar num tempo que seria futuro, mas que na verdade  já é bem presente, um tempo apocalíptico, onde a natureza, o mundo já estão de certa forma destruídos e o que poderia, de certa forma, ser reativado, reanimado, que novas relações entre os corpos e as coisas poderiam surgir, num outro tempo e espaço”, analisa.

“O solo traz essa necessidade de voltar para algo muito essencial ou quase pré-histórico, de gestos primários que sempre restaram, que fazem parte da relação do humano com seu entorno e, ao mesmo tempo, essa projeção mais futurista”, diz.

Entre o Brasil e a Europa

“Parte da minha formação artística foi realizada aqui na Europa. Morei na Bélgica e agora na França. Mas comecei mesmo a dançar no Brasil e acho que essas raízes ou a fonte da minha criação estão bem ligados ao Brasil”, argumenta. “Há esse encontro da dança contemporânea, que é mais desenvolvida na Europa e as ferramentas brasileiras. Em ‘Nebula” há o imaginário de uma cosmologia ameríndia, sempre existem várias temporalidades que coabitam nas minhas peças”, sublinha a coreografa.

O Passages Transfestival fica em cartaz até o dia 12 de setembro.

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