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Olimpíada destaca importância de igualdades sociais também no esporte, diz treinadora

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A expectativa em torno dos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020, com início nesta terça-feira (24) e que se estendem até 5 de setembro, faz reviver as emoções do mais importante acontecimento do esporte mundial. Mas a participação dos atletas paralímpicos brasileiros traz também à tona outra importante questão do evento, talvez um dos primeiros “adversários” para muitos competidores: a falta de oportunidades e de incentivo.

Meninas treinam nas instalações do projeto Iniciação Esportiva de Guarulhos, em São Paulo.
Meninas treinam nas instalações do projeto Iniciação Esportiva de Guarulhos, em São Paulo. © Divulgação Prefeitura Municipal de Guarulhos
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Ao lado de performances incríveis, muitos atletas brasileiros exibem também sua capacidade de superar obstáculos como a exclusão social, más condições de treino e falta de patrocinadores, nos fazendo refletir sobre quantos talentos se perdem por falta de uma primeira chance. Para tentar reduzir essa lacuna, a Iniciação Esportiva de Guarulhos, em São Paulo, se destaca entre as ações que abrem as portas gratuitamente para crianças e jovens atletas.

A iniciativa revelou uma das maiores estrelas dos Jogos de Tóquio 2020. Foi nas instalações mantidas pelo projeto que ninguém nada menos do que Rebeca Andrade, primeira medalhista olímpica brasileira da ginástica artística, deu seus primeiros saltinhos, quando só somava cinco anos de idade.

Em entrevista à RFI, Regiane Martins, à frente da Iniciação Esportiva de Guarulhos, destaca a relevância do projeto, não somente para o esporte, mas como importante fator de transformação social na vida de seus participantes. “A Iniciação Esportiva é um projeto maravilhoso. É preciso destacar o quanto esse projeto é transformador na vida de crianças e adolescentes. Eu fico muito feliz de poder estar passando essa importância para o mundo hoje.”

Ver a ginasta Rebeca Andrade arrebatar a todos em Tóquio – e no mundo! – com seu “Baile de Favela” e seus movimentos perfeitos é motivo de grande orgulho, mas também sublinha que este feito histórico talvez não fosse possível sem o empurrãozinho dessa iniciativa que busca justamente democratizar o acesso à prática esportiva para jovens e crianças.

Regiane Martins, chefe do projeto de Iniciação Esportiva de Guarulhos.
Regiane Martins, chefe do projeto de Iniciação Esportiva de Guarulhos. © arquivo pessoal

Para todos

Martins destaca a importância de se tratar de uma iniciativa pública, gratuita, contribuindo para reduzir ali as desigualdades sociais: “O mais bacana do projeto é a gente poder atender crianças e adolescentes em regiões de maior vulnerabilidade, para a gente estar ajudando o esporte a ser uma ferramenta de inclusão social, uma ferramenta para que a criança e o adolescente aprendam a superação de limites, a ter respeito por si e pelo próximo, a compreensão de regras. E tudo é a formação do ser humano”, ela insiste.

Em sua opinião, as atuações dos atletas brasileiros na Olimpíada de Tóquio, tenham eles subido ao pódio ou não, contribuem inegavelmente para a percepção do esporte como um todo, desde a prática pelo cidadão comum às mudanças nas políticas públicas para o segmento.

“Todo mundo agora começou a ver o esporte como algo importante na vida das pessoas. Até para a população mesmo, despertou esse interesse. Isso é maravilhoso, começar a ter um olhar diferenciado. E hoje, por exemplo, vemos que está crescendo o interesse em conhecer o projeto. A gente vê os atletas conquistando medalhas, mas tudo começa lá de baixo, é na base que que a criança conhece e começa a gostar, a se identificar [com o esporte], para que possa ser um atleta que conquista bons resultados”, acrescenta a chefe da Iniciação Esportiva de Guarulhos.

Projeto atende mais de 5 mil crianças e adolescentes em 20 diferentes modalidades esportivas.
Projeto atende mais de 5 mil crianças e adolescentes em 20 diferentes modalidades esportivas. © Divulgação Prefeitura Municipal de Guarulhos

“Todo mundo quer ser Rebeca”

Das mudanças de percepção da prática de atividades físicas pelo cidadão comum à expectativa de investimentos públicos nas iniciativas de democratização do esporte, a performance dos atletas brasileiros na Olimpíada de Tóquio trouxe mudanças também para a rotina do projeto de Iniciação Esportiva de Guarulhos, porque agora “todo mundo quer ser Rebeca”.

“Essa conquista da Rebeca está sendo inspiradora para muitas pessoas. O que nós estamos recebendo de ligações, de procura de pais que querem que as crianças participem das atividades da ginástica artística, é muito grande. Essa conquista dela despertou essa necessidade de procurar o esporte, e de ver o quanto o esporte é importante não só para conquistar o pódio, uma medalha olímpica, mas também na formação da pessoa como cidadão”, ressalta Martins.

Antes da pandemia de Covid-19, o projeto atendia cerca de 5 mil crianças, de sete a 17 anos (exceto a ginástica, em que as crianças começam aos 5 anos), em 20 modalidades esportivas, distribuídas em cerca de 40 polos de atendimento na cidade. “E são diversas modalidades na ginástica, a artística, mas também a rítmica, a acrobática, além de futebol, basquete, dança, badminton, tênis, tênis de mesa, dama, xadrez. A gente tem um leque de modalidades esportivas com que a criança pode se identificar e continuar no esporte”, enumera Regiane Martins.

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