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Crônicas refletem experiências, perdas e ganhos de escritora carioca baseada em Berlim

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“Está (quase) tudo bem” é um desabafo, revela a escritora e jornalista brasileira Luciana Rangel, baseada na Alemanha desde 2005. Apaixonada pela cidade onde nasceu, o Rio de Janeiro, mas também pela que adotou, Berlim, ela reuniu no livro recém-lançado crônicas com experiências de retorno, de imigração, de perda, de luto, de reencontros.

Capa de "Está (quase) tudo bem" em edição bilíngue português-alemão, de Luciana Rangel.
Capa de "Está (quase) tudo bem" em edição bilíngue português-alemão, de Luciana Rangel. ©
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“Na verdade, foi uma necessidade, depois de tanto tempo, nove anos, eu voltei para o Brasil. E vi coisas, vivi coisas que realmente precisava trabalhar de alguma maneira. Minha ferramenta é a escrita, então fui escrever esse livro”, relata Luciana.

Os textos foram escritos entre 2013 e 2014, com experiências vividas no Brasil, enquanto acompanhava a doença do pai, a chegada dos filhos, ao mesmo tempo em que refletia sobre identidade e o próprio deslocamento para um outro continente, uma outra cultura.

Luciana também fez diversas viagens Brasil afora acompanhando equipes de TV alemãs durante o período, com reminiscências dessas passagens. “Fui fazendo uma espécie de apanhado dessas histórias, fui escrevendo crônicas”.

Os textos ficaram guardados, praticamente esquecidos, até que um amigo perguntou pelas crônicas. “Eu nem me lembrava mais, achava que tinha umas dez, mas quando vi, eram 20 crônicas e achei que era o momento certo para publicar”.

Capa do livro "Está (quase) tudo bem"
Capa do livro "Está (quase) tudo bem" © arquivo pessoal

“Está (quase) tudo bem”, em edição bilingue português-alemão, mescla memórias, poesias e humor, que levam a reflexões interessantes. E muitas saudades, como no início da crônica “A vida sem ele”:

“Há dois anos eu guardo livros dentro de mim. Os que eu escrevo, os que eu leio, os que vivo. Meu pai e eu liamos muito juntos. Um depois do outro, ao mesmo tempo.”

Luciana Rangel fala também sobre os ganhos e perdas de um deslocamento, de uma migração. “Você ganha experiência, você ganha uma nova cultura, mas você perde muita coisa, como a família, os amigos, o dia a dia – e até a própria língua”, conta. "Acabei adquirindo um português mutante".

Morando em Berlim, depois de uma breve experiência recente no sul da Alemanha, ela explica o que considera ser seu lar. “É onde me sinto bem, onde tenho afeto, no caso, eu tenho dois filhos, então, é onde eles estão”, diz. “A experiência do livro foi muito importante para eu definir muitas questões na minha cabeça”.  

Luciana está terminando seu primeiro romance, “Ruth contra Hitler”, sobre uma jornalista berlinense e resistente. “De dia, ela escrevia para jornais nazistas, que era o que tinha, pois eles acabaram com a liberdade de imprensa e acabaram com os jornais da época. E de noite, ela usava sua coragem civil para salvar amigos e desconhecidos”.

A escritora explica que o livro discute o papel da imprensa e do jornalismo nos momentos em que “a democracia se enfraquece ou é afetada por doenças internas, como o populismo e outros ‘ismos’, que acabam sendo criados”.  

Luciana Rangel é autora de "Está (quase) tudo bem".
Luciana Rangel é autora de "Está (quase) tudo bem". © arquivo pessoa

Luciana Rangel é uma das organizadoras do projeto Migra

"Está (quase) tudo bem" pode ser encontrado na Alemanha e no Brasil.

O projeto gráfico da edição alemã e a capa da edição brasileira são de Vítor Rocha.

As ilustrações da edição brasileira são de Gilvan Coêlho.

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