2° turno: Lula faz festa na Paulista mas eleitores se questionam se há motivo para comemorar
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Luiz Inácio Lula da Silva cumpriu a promessa feita durante a última semana de campanha, quando disse que, qualquer que fosse o resultado das urnas, iria festejar na Avenida Paulista. Logo que a apuração foi concluída, o candidato foi para um palanque montado diante do Masp e falou com seus partidários. No entanto, a celebração foi breve e muitos eleitores se questionavam se havia realmente razão para comemorar.
Silvano Mendes, enviado especial a São Paulo
Logo que cerca de 90% das urnas haviam sido apuradas, as equipes de comunicação do PT informaram que um problema havia impossibilitado a instalação de um trio elétrico previsto para os jornalistas, e que uma área específica seria montada para a imprensa diante do parque Trianon. A mudança de última hora foi vista pelas más línguas como um indício da adaptação da equipe de campanha após o resultado das urnas, que confirmaram um segundo turno para a eleição presidencial após uma diferença entre Lula e Bolsonaro bem inferior ao que as pesquisas anunciavam.
Fora isso, a celebração aconteceu como previsto. Lula agradeceu a mobilização dos eleitores, foi aplaudido, fez piada sobre o fato de que teria que adiar ainda mais a lua de mel com sua mulher Janja, e lembrou que sempre teve que passar pelo segundo turno para vencer eleições. “É apenas uma questão de tempo. Apenas uma questão de esperar alguns dias, para que a gente converse mais, que a gente aprimore nosso programa e convença outras pessoas”, disse o ex-presidente. “Vamos ganhar porque o Brasil precisa de nós”, insistiu.
Mas a festa não parecia completa, pois muitos eleitores de Lula sonhavam com uma vitória já neste domingo. “Eu estava esperando que a gente fosse ganhar no primeiro turno. Era a expectativa que estava rolando nas pesquisas. Mas isso não aconteceu”, reclama Amanda, entrevistada logo após o final do evento. Seu amigo Lucas pensa que houve migrações de votos, o que provocou esse segundo turno. “O resultado que a gente recebeu foi devido às pessoas terem mudado de voto”, avalia.
Em um bar diante do Masp, Lohany também não sabe se tem algo para comemorar. “Não me sinto muito feliz, principalmente com a bancada que a gente elegeu para o Senado. A gente teve mais de 100 deputados eleitos pelo PSL, e isso foi um ponto muito negativo. Então a gente tem que ficar feliz pelo segundo turno, mas preocupados, pois, nada está ganho”.
Festa durou pouco
Talvez por essa razão a tão esperada celebração durou pouco. Antes de meia noite as equipes da prefeitura já haviam desmontado o palanque e a avenida já estava limpa novamente, como se nenhum evento tivesse acontecido.
Alguns eleitores, como a mineira Tatiana, de passagem por São Paulo, acompanhavam o final da celebração. a jovem não escondia a decepção com o resultado e conta que ficou praticamente sem ação quando a realização do segundo turno foi anunciada.
Além disso, ela teme que o resultado provoque um aumento da violência entre os eleitores, lembrando que a campanha do primeiro turno já havia sido marcada por agressões e até assassinatos.
A prova dessa preocupação veio logo após seu testemunho, quando um carro passou diante dos bares da avenida Paulista simulando apontar uma arma para a multidão, aos gritos de “morre Lula”. O que mostra que, apesar da vontade de celebrar, o clima também está longe de ser pacífico.
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