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Rendez-vous cultural

Cinélatino: Brasil é presença constante em Tolouse, apesar de cortes no apoio ao audiovisual

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Em 35 anos de existência, o Cinélatino de Toulouse, no sul da França, se consolidou como um dos maiores festivais de cinema latino-americano da Europa. Com mais de 150 filmes em exibição, em 55 salas, incluindo os concorrentes de ficção e documentário, além de mostras paralelas e oficinas de criação, o evento é uma janela para as produções cinematográficas de dezenas de países. O Brasil tem presença constante, apesar de uma queda na produção audiovisual do país nos últimos anos, quando o setor recebeu menos apoio governamental.  

O curta-metragem Escasso, de Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles, compete no Cinélatino em Toulouse. O filme segue Rose, uma "passeadora de cães profissional", que se muda para uma casa vazia.
O curta-metragem Escasso, de Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles, compete no Cinélatino em Toulouse. O filme segue Rose, uma "passeadora de cães profissional", que se muda para uma casa vazia. © divulgação
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Maria Paula Carvalho, enviada especial da RFI a Toulouse

“O Brasil sempre esteve muito presente, mesmo se nos últimos anos essa participação tenha sido reduzida por uma situação complexa e pelos cortes na Ancine (Agência Nacional do Cinema) que parou de funcionar, mas é alarmante ver como houve um impacto. Durante todos esses anos, tivemos filmes sendo produzidos e distribuídos na França e recebemos convidados, mas em menor número”, revela Eva Morsch Kihn, coordenadora de programação e da plataforma profissional do Cinélatino.

Ainda que com menos recursos nos últimos anos, ela destaca a diversidade do cinema brasileiro. “O Brasil tem uma produção interessante porque tem uma política pública inteligente e com um apoio à diversidade. Ou seja, temos filmes para o grande público do mercado nacional brasileiro e que têm potencial internacional, já que o cinema brasileiro é apreciado aqui, desde o Walter Salles, que abriu o caminho para a presença de um cinema brasileiro na França, depois claro do Glauber Rocha e outros, e também de uma geração mais nova e títulos como Cidade de Deus, que conquistaram espectadores não especializados”, contextualiza Morsch Kihn.

Entretanto, ela explica, “as políticas públicas apoiaram tanto esses filmes quanto as produções experimentais. Então, há uma riqueza artística importante, já que permitiram a pessoas que há 15 anos não imaginavam fazer cinema, como autores sem recursos e de regiões afastadas dos centros urbanos, a criarem uma diversidade de histórias, de experiências e de novos nomes que é muito apreciada”.

Este ano, o Brasil é tema de uma mostra paralela sobre política e cinema, além de ter quatro filmes em competição.

Carvão (2022), de Carolina Marcowicz, uma história familiar que se passa numa carvoaria no interior de São Paulo, concorre na categoria longa-metragem de ficção.

Vai e Vem (2022) de Fernanda Pessoa e Chica Barbosa conta o diário de duas amigas durante a pandemia, através de vídeo-cartas e concorre na categoria longa-metragem documentário.

Escasso, de Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles, compete na categoria curta-metragem. Trata-se de um mocumentário (mockumentary) que é um tipo de pseudodocumentário cheio de paródias ou sátiras. O filme segue Rose, uma "passeadora de cães profissional", que se muda para uma casa vazia que se torna o seu novo lar.

 

 

O curta “Memórias do Fogo”, de Rita de Cássia Melo Santos, Leandro Olímpio e Irineu Cruzeiro Neto é um documentário sobre os indígenas Botocudos e as ameaças à floresta. 

A RFI conversou com Philippe Costa, um dos jurados do festival.  “Nós julgamos com o mínimo de subjetividade possível, ou seja, com objetividade. Julgamos a história, a maneira de contá-la, julgamos a música, a imagem e tentamos avaliar todos os elementos para conseguir fazer uma escolha entre todos os filmes magníficos que temos a chance de ver neste festival”, afirma.  

É justamente a chance de ver títulos ainda inéditos que atraem o público à Toulouse. Gente como o roteirista brasileiro Estefano Volpe. “É muito importante estar aqui na França vendo uma curadoria de filmes latinos. É uma oportunidade incrível de a gente conhecer e ter contato com filmes que a gente só tem no Brasil em festivais”, explica. “Estou com muita expectativa de ver Carvão, Mato Seco em Chamas, que são filmes que no Brasil ainda não chegaram aos cinemas. E conhecer um pouco mais do cinema do Chile, da Argentina, que vão estar por aqui. Enquanto roteirista, esta é uma oportunidade de apreciar olhares diferentes e entender diferentes narrativas novas feitas na América Latina”, conclui.

Em dez dias de evento, o Cinélatino promove mais de 90 encontros com cineastas e 15 debates para aprofundar tendências atuais. Os resultados da competição serão anunciados no domingo (2).  

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