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Linha Direta

Papa Francisco inicia primeiro Sínodo dos Bispos que terá voto feminino

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Começa nesta quarta-feira (4) a 16ª Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos da Igreja Católica. O encontro reúne 464 participantes no Vaticano, até 29 de outubro, dos quais 365 terão direito a voto no relatório final, incluindo o papa. Desta vez, 81 mulheres participam dos trabalhos, das quais 54 podem votar. É o primeiro sínodo com voto feminino na história.

O papa Francisco preside os trabalhos da 16ª Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos no Vaticano.
O papa Francisco preside os trabalhos da 16ª Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos no Vaticano. via REUTERS - VATICAN MEDIA
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Gina Marques, correspondente da RFI em Roma

O sínodo é uma reunião que debate temas importantes para o futuro da Igreja Católica. Entre os temas atuais está a maior participação das mulheres nos rumos da Igreja, o acesso feminino ao diaconado, a comunhão aos divorciados que se casaram de novo e a ordenação de homens casados. Também serão discutidos meios de prevenção de abusos sexuais por parte do clero e a aproximação de grupos marginalizados, como pessoas LGBTQIA+. Além dos bispos, cardeais e laicos participam da conferência.

O papa Francisco convocou este sínodo há quase dois anos. Ele propôs uma consulta na qual buscou ouvir fiéis do mundo inteiro. Até o final de outubro, a assembleia vai discutir as prioridades apresentadas pelos católicos. Em seguida, os participantes votarão, mas a decisão final caberá ao pontífice, que depois de alguns meses comunicará ao clero as diretrizes no documento chamado Exortação Apostólica. O papa Francisco se diferencia de outros líderes da Igreja pelo hábito de consultar os católicos antes de tomar suas decisões.   

O clima no Vaticano já estava agitado antes de o evento começar. Há alguns meses, cinco cardeais idosos ultraconservadores, todos reformados e nenhum deles membro da assembleia, apresentaram uma carta ao papa, na qual elencaram uma série de dúvidas. Eles expressaram publicamente a sua “mais profunda preocupação” por alguns dos temas abordados. Entre eles, a possibilidade de dar a bênção aos casais homossexuais e a perspectiva que mulheres possam se tornar sacerdotes. Como já aconteceu no passado, a carta foi assinada pelos cardeais Walter Brandmuller, da Alemanha, pelo americano Raymond Leo Burke, o mexicano Juan Sandoval Iniguez, o guineense Robert Sarah, e o chinês Joseph Zen.

No início de julho, o papa enviou uma resposta ao grupo confirmando a possibilidade de dar a bênção aos casais homossexuais. Na ocasião, Francisco escreveu: “Não podemos ser juízes que apenas negam, rejeitam, excluem”.

O papa esclareceu que o casamento é apenas entre um homem e uma mulher. No entanto, ele afirmou que a prudência pastoral deve discernir adequadamente se existem formas de bênção, solicitadas por uma ou mais pessoas, que não transmitam um conceito incorreto de casamento. Segundo o pontífice argentino, quando a pessoa pede uma bênção, ela expressa um pedido de ajuda de Deus, um apelo para poder viver melhor.

Os cardeais ultraconservadores consideraram que as respostas não foram abrangentes. Eles decidiram, então, escrever uma segunda carta ao pontífice. O texto datado de 22 de julho, mas enviado apenas em 21 de agosto, ficou sem resposta, levando o grupo a tornar públicas suas preocupações, na segunda-feira passada. 

Conservadores resistem a avanços

Na nova carta, os cinco cardeais pediram ao papa que respondesse a algumas perguntas com um 'sim' ou 'não'. Entre as questões colocadas, perguntaram se “é possível que a Igreja hoje ensine doutrinas contrárias às que ensinava anteriormente em matéria de fé e moral”. Também pediram uma posição do papa se “é possível que, em algumas circunstâncias, um pastor possa abençoar as uniões entre pessoas homossexuais, deixando entender que o comportamento homossexual como tal não seria contrário à lei de Deus e ao caminho da pessoa em direção a Deus?”. “Poderá a Igreja no futuro ter o poder de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres?”, completaram.

A Alemanha tem uma das conferências episcopais mais progressistas do mundo. Os bispos alemães organizaram um sínodo que terminou em março deste ano e, no documento final, demonstraram abertura à hipótese do sacerdócio feminino, acolheram a possibilidade de a Igreja Católica ter padres casados e a bênção de casais homossexuais. 

Caberá ao papa agregar apoios na assembleia para avançar com suas propostas progressistas.

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