França segue exemplo da Dinamarca e adota curso de empatia contra bullying nas escolas

A iniciativa do ministério da Educação francês é inspirada na Dinamarca, que combate o bullying e a competição entre os alunos há 20 anos.

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A França está adotando uma série de iniciativas para combater o bullying nas escolas do país AFP - EMMANUEL DUNAND

Fernanda Melo Larsen, correspondente da RFI em Copenhague

O ministro da Educação francês, Gabriel Attal, anunciou que a medida entrará em vigor a partir de janeiro de 2024. Segundo ele, haverá pelo menos uma "escola piloto" em cada região francesa.

As aulas de empatia fazem parte do currículo escolar obrigatório na Dinamarca desde 1993. Os alunos dinamarqueses que têm idades de 6 a 16 anos são incentivados a interromperem as atividades uma hora por semana e praticar a capacidade de se colocar no lugar de seus colegas de classe.

Nos exercícios, eles podem escrever frases positivas nas costas uns dos outros, se abraçarem ou darem as mãos para compartilhar suas fragilidades, sem tabus ou julgamentos.

Para os educadores na Dinamarca, essa aula de empatia afetiva é a principal arma contra o bullying. O sistema educacional do país também desencoraja a entrega de prêmios ou troféus entre os alunos, e se concentra na chamada cultura da motivação para melhorar a vida do estudante em comunidade.

Para Helle Rabøl Hansen, pesquisadora da Universidade de Aarhus e especialista no combate ao bullying nas escolas da Dinamarca, o comprometimento dos professores e dos pais é fundamental para evitar o bullying.

In #Denmark, #empathy is taught in school📚🏫 For one hour a week, children learn how to help their classmates and put themselves in the shoes of others.

It is part of the compulsory “Klassens time"; children find solutions based on listening and understanding of each other. pic.twitter.com/zsIfve3x4V

— Denmark.dk (@denmarkdotdk) October 29, 2019

“Sabemos que quando os alunos sentem que esta questão do bem-estar e da luta contra o bullying é algo com que os adultos se preocupam, eles querem fazer o mesmo”, explica Helle Hansen.

Sociedade envolvida

De acordo com a última pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Saúde e Bem-estar da Dinamarca (ISF) em 2020,  pelo menos 2 alunos de cada turma que fazem parte do Ensino Fundamental foi vítima de bullying no país escandinavo.

O Instituto Nacional revelou também que a Dinamarca é o terceiro país com menos casos de bullying nas escolas na Europa, ficando atrás apenas da Suécia e da Islândia. Um dos fatores que influenciam a diminuição do assédio é o envolvimento da sociedade incluindo até mesmo a família real dinamarquesa.

A princesa Mary, futura rainha consorte da Dinamarca, é responsável por liderar o programa “Força Escolar”, um programa que oferece ferramentas para que todos que trabalham em um ambiente escolar possam identificar como os estudantes se comportam uns com os outros dentro e fora da sala de aula. O objetivo é que os alunos também possam ser ouvidos.

“No desenvolvimento do programa Força Escolar, tem sido absolutamente fundamental para nós que os alunos estejam envolvidos. São eles que sentem no próprio corpo se há insatisfação ou bullying”, explicou a princesa Mary da Dinamarca.

Etiqueta digital nas escolas

Um estudo divulgado no início deste ano pelo Conselho de Prevenção aos Crimes na Dinamarca mostra que 72% das escolas de Ensino Fundamental do país relataram casos de bullying digital entre os estudantes em 2022.

Uma das medidas adotadas para frear esse tipo de assédio foi a criação de uma “etiqueta digital” nas escolas do município de Roskilde, que fica a 35 quilômetros da capital Copenhague, onde os alunos aprendem como se comportar de forma positiva nas redes sociais.