Acessar o conteúdo principal
Linha Direta

Festival de Cannes começa com proibição de protestos e Karim Aïnouz na disputa pela Palma de Ouro

Publicado em:

A 76ª edição do Festival de Cannes começa nesta terça-feira (16) com presença notável do cinema brasileiro, representado por seis filmes. Karim Aïnouz está na disputa pela Palma de Ouro com “Firebrand". Como todos os anos, o evento promete muito glamour, surpresas e escândalos. Feministas podem protestar contra a presença de Johnny Depp na estreia do festival e manifestações contra a reforma da Previdência do governo francês podem atrapalhar um pouco a badalada festa do cinema mundial.

A atriz francesa Catherine Deneuve no cartaz oficial da 76ª edição do Festival de Cannes.
A atriz francesa Catherine Deneuve no cartaz oficial da 76ª edição do Festival de Cannes. © Foto de Jack Garofalo/Paris Match/Scoop - Concepção gráfica / Hartland Villa
Publicidade

Adriana Brandão, enviada especial da RFI a Cannes

Com Karim Aïnouz, o Brasil volta a disputar o prêmio máximo do Festival de Cannes. "Firebrand", seu primeiro longa rodado em inglês, é um drama histórico, estrelado por Jude Law e Alicia Vikander.

O filme conta o curtíssimo casamento entre o rei inglês Henrique VIII e sua sexta e última mulher, Catherine Parr. Essa é a primeira vez que Karim Aïnouz, que venceu a mostra “Un Certain Regard” (Um Certo Olhar) em 2019 com "A Vida Invisível de Eurídice Gusmão”, está na competição principal. 

Quem também brilhou em 2019 e vai subir de novo o tapete vermelho de Cannes este ano é Kleber Mendonça Filho. O diretor pernambucano, premiado há quatro anos com o Prêmio do Júri por "Bacurau", participa fora da competição, na mostra Sessões Especiais, com o documentário “Retratos Fantasmas”. Esse é o quinto longa-metragem do cineasta e o quarto a ser apresentado em Cannes. O filme, com muitas imagens de arquivo, narra a história de Recife revisitando as salas de cinema da cidade.

A atriz Alicia Vikander (centro) no filme "Firebrand", do cineasta brasileiro Karim Ainouz.
A atriz Alicia Vikander (centro) no filme "Firebrand", do cineasta brasileiro Karim Ainouz. © Divulgação/Brouhaha Entertainment / Festival de Cannes

 

Na mostra "Un Certain Regard", o destaque é “Flor do Buriti”, codirigido pela brasileira Renée Nader Messora e pelo português João Salaviza. O filme aborda a luta pela terra e a resistência dos indígenas Krahô, do norte de Tocantins. A obra é coproduzida por Julia Alves, que também está na equipe de produção do filme argentino “Los Delincuentes”, de Rodrigo Moreno, também na mostra Um Certain Regard.

Na seção "Cannes Classics", estreia o documentário "Nelson Pereira dos Santos, vida de cinema", da dupla Aída Marques e Ivelise Ferreira, sobre a vida e obra do precursor do Cinema Novo. O jovem Pedro Vargas, da Faap de São Paulo, concorre com “Solos” na La Cinef de curtas realizados em escolas de cinema do mundo todo.

Na “Semana da Crítica”, uma das mais importantes mostras paralelas do Festival de Cinema de Cannes, a paulista Lillah Halla está na disputa com seu longa de estreia “Levante”. A obra aborda o direito ao aborto em um país cada dia mais conservador.

Vale ainda ressaltar a presença nas telas e no tapete vermelho de Cannes da atriz brasileira Carol Duarte. Ela atua no longa “La Chimera” da italiana Alice Rohrwacher, que concorre a Palma de Ouro.

Recorde de participação de mulheres

Pela primeira vez, sete mulheres estão na disputa pela Palma de Ouro. Além de Alice Rohrwacher, outras veteranas voltam à competição: as francesas Catherine Breillat com “L’été dernier” (O Último Verão), e Catherine Corsini, com “Le Retour” (O Retorno). A seleção também abre espaço para a jovem guarda: a senegalesa Ramata-Tualaye Sy participa pela primeira vez, com seu longa de estreia "Banel et Adama", e a francesa Justine Triet apresenta "Anatomie d’une Chute" (Anatomia de uma queda).

A França, os Estados Unidos e a Itália dominam a competição oficial. Entre os 21 longas na disputa, há cineastas veteranos e assíduos. Cinco deles já foram premiados com a Palma de Ouro: Wim Wenders, Kore-Eda, Ken Loach, Nani Moretti e Nuri Bilge Ceylan.

A seleção, que também conta com um documentário, é considerada expressiva. O júri será presidido pelo cineasta sueco Ruben Östlund, vencedor de duas Palmas de Ouro, "The Square: A Arte da Discórdia" e "Triângulo da Tristeza", no ano passado.

Cerimônia de abertura

O filme de abertura, fora da competição é "Jeanne du Barry", da francesa Maïwenn. A estreia deve dar o que falar. O longa de época marca o retorno de Johnny Depp às telas, depois dos polêmicos processos sobre violência doméstica e difamação envolvendo o ator e sua ex-mulher, Amber Heard. Maïwenn também se envolveu recentemente em um caso de polícia, ao agredir um jornalista que publicou matérias denunciando a violência doméstica de um ex-companheiro. 

Manifestações de feministas ou intervenções do movimento Femen podem ocorrer. Também há a expectativa que Cannes volte a abrir espaço para o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. No ano passado, ele fez um discurso por videoconferência na abertura do festival denunciando a invasão russa.

A cerimônia de abertura será animada pela atriz Chiara Mastroianni, filha de Catherine Deneuve. Uma foto em preto e branco, de 1968, da célebre atriz francesa estampa este ano o cartaz do grande evento mundial do cinema na Côte d'Azur. Um momento especial será a entrega da Palma de Ouro pela carreira ao ator e produtor americano Michael Douglas.

Tapete vermelho

Filmes e estrelas de peso de Hollywood foram selecionados fora da competição e vão garantir ainda mais glamour ao evento. Depois do lançamento triunfal de “Top Gun: Maverick" com Tom Cruise, no ano passado, que ajudou a redinamizar o mercado cinematográfico no pós-pandemia, Cannes faz a estreia mundial do quinto filme da lendária saga “Indiana Jones”. O festival promete uma recepção “excepcional” para o protagonista Harrison Ford, de 80 anos, que deverá subir o tapete vermelho de chapéu e chicote na mão, característicos do personagem, ao som da famosa trilha sonora da saga. “Indiana Jones e o chamado do Destino”, com direção de James Mangold, será exibido em 18 de maio.

Outra grande personalidade de Hollywood que participa do festival este ano é Martin Scorsese. Seu último filme "Killers of the Flower Moon" (Assassinos da Lua das Flores), estrelado por Leonardo DiCaprio e Robert de Niro, será exibido em 20 de maio. De Niro e Scorsese subirão as escadas do Palácio dos Festivais juntos, quase 50 anos depois do sucesso em Cannes de “Taxi Driver”, vencedor da Palma de Ouro em 1976. 

A honra da sessão de encerramento, no dia 27 de maio, caberá à animação “Elementos”, realizado para a Pixar por Peter Sohn.

Entre os independentes, o espanhol Pedro Almodóvar, presença constante em Cannes, volta este ano com um curta-metragem, “Strange Way of Life” (Estranha Forma de Vida), um faroeste queer.

Como não poderia deixar de ser, Cannes faz uma homenagem especial a Jean-Luc Godard, morto no ano passado. A obra-prima do pai da Nouvelle Vague, "O Desprezo", e o inédito “Drôles des Guerres” integram o Cannes Classics.

Protestos proibidos

Para evitar manifestações que pudessem estragar a festa, a polícia de Cannes proibiu qualquer passeata ou protesto nas imediações do Palácio dos Festivais. As autoridades locais garantem que a proibição acontece a cada edição do evento, mas neste ano a medida foi denunciada pelos sindicatos que continuam o movimento contra a reforma da Previdência, já promulgada pelo presidente francês, Emmanuel Macron

A CGT, uma das principais centrais sindicais da França, anunciou uma série de manifestações e protestos durante o Festival, incluindo cortes de luz no dia 21 de maio. Os sindicatos prometem que também farão “a sua festa do cinema”.

O 76º Festival de Cinema de Cannes é realizado de 16 a 27 de maio.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.