Acessar o conteúdo principal
Linha Direta

Pentágono enfrenta dilema sobre qual estratégia adotar em relação aos balões chineses

Publicado em:

O caso dos balões espiões renovou a tensão entre Estados Unidos e China, embora Pequim já vinha sendo apontada pelos serviços americanos em casos de suposta espionagem nos últimos anos. Além disso, o governo americano tem sido criticado internamente por suas ações. O Pentágono enfrenta um dilema. Vai precisar criar um protocolo para derrubar objetos que entram no espaço aéreo americano se não quiser se ver em uma situação difícil, já que existe risco para a população em terra.

O Pentágono abriga a sede do Departamento de Defesa dos EUA, em Washington.
O Pentágono abriga a sede do Departamento de Defesa dos EUA, em Washington. © REUTERS/Joshua Roberts
Publicidade

Heloísa Vilela, correspondente da RFI em Nova York

O governo americano encontrou partes do balão chinês derrubado na costa da Carolina do Sul no dia 4 de fevereiro. A China admitiu que o balão era dela mas afirmou que se tratava de um instrumento civil usado para realizar estudos meteorológicos.

Mergulhadores dos Estados Unidos conseguiram recuperar boa parte do balão e os militares do país estão estudando as peças encontradas. Entre elas estariam partes eletrônicas essenciais para entender o aparelho e seus objetivos.

Na manhã de terça-feira, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos prestou esclarecimentos a senadores sobre todo o caso, mas as informações foram passadas sob sigilo.

O republicano Marco Rubio pediu à Casa Branca que torne públicas as informações e garantiu que 95% do que ouviu a portas fechadas não coloca em risco a segurança nacional por isso deve ser divulgado.

Outros três objetos foram derrubados na última semana. Um na sexta-feira, no Alaska, outro sobre o território Yukon, no Canadá, e mais um sobre o Lago Huron, no Michigan.

Segundo a Casa Branca, esses três eram, provavelmente, de uso comercial e não ofereciam perigo. Mas vai ser difícil encontrá-los porque dois deles caíram em áreas remotas, geladas, e o terceiro está no fundo de um lago profundo e, em parte, congelado.

Para o governo americano, o balão chinês é diferente e a suspeita é de que se tratava de um equipamento usado para espionagem.

Marinheiros americanos recuperam os restos de um potencial balão de vigilância chinês abatido pelos Estados Unidos na Carolina do Sul, em 5 de fevereiro de 2023.
Marinheiros americanos recuperam os restos de um potencial balão de vigilância chinês abatido pelos Estados Unidos na Carolina do Sul, em 5 de fevereiro de 2023. © REUTERS/U.S. Navy Photo

Erro de alvo

No Pentágono, o general Mark Milley, comandante chefe das Forças Armadas, admitiu na terça-feira que o primeiro míssil, disparado por um caça F-16 para derrubar um objeto que sobrevoava o Lago Huron, no Michigan, no domingo, errou o alvo.

Um segundo míssil foi disparado e acertou o objeto. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, disse que os três objetos derrubados na última semana não necessariamente representavam uma ameaça ao país.

Nas entrevistas concedidas no domingo e na segunda-feira, os oficiais do Pentágono não mencionaram esse primeiro disparo que errou o alvo.

O balão da China sobrevoou os Estados Unidos durante oito dias. Foi da costa oeste à costa leste. E só foi derrubado depois de cruzar o país, o que rendeu muitas críticas da oposição.

Os republicanos acusaram o presidente Joe Biden de não ter protegido os Estados Unidos adequadamente. Talvez por isso, por causa da pressão política, as Forças Armadas tenham se precipitado em atirar e derrubar os outros três objetos.

Mas a porta-voz da Casa Branca acabou com as esperanças dos que sonham com extraterrestres e com objetos voadores vindos de outros planetas ou galáxias. Karine Jean-Pierre garantiu que nenhum dos objetos era tripulado e que nenhum deles foi criado por ETs.

Relações diplomáticas 

A China alertou que os Estados Unidos deveriam tratar com mais calma e cuidado o incidente. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, disse que o governo americano usou balões para sobrevoar o território chinês pelo menos dez vezes desde maio do ano passado, uma acusação que os americanos negam.

Pelo Twitter, a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Adrienne Watson, disse que as acusações são falsas. Mas o impacto diplomático da presença do balão chinês nos céus americanos foi imediato.

O Secretário de Estado americano Anthony Blinken cancelou uma viagem à China, marcada para a semana passada, na qual se encontraria com o presidente Xi Jinping.

O governo americano impôs sanções a cinco entidades da China que acusa de envolvimento com o balão. Ainda assim, o presidente Joe Biden afirmou que não acredita que o incidente vá enfraquecer as relações entre os dois países.

Anthony Blinken viaja para a Europa no fim da semana. Ele vai participar da conferência de segurança de Munique, e deve se reunir com Wang Yi, Ministro das Relações Exteriores da China.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.