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Linha Direta

Biden chega à metade do mandato com desafios na área ambiental e econômica

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O presidente americano, Joe Biden, completa dois anos de governo nesta sexta-feira (20). O democrata assumiu o país em 2021 em plena pandemia de Covid-19, enfrentou recordes históricos de inflação, viu sua aprovação despencar, e agora lida com negociações da guerra na Ucrânia. No próximo 7 de fevereiro, ele deve falar oficialmente sobre as conquistas desta primeira fase de seu mandato.

O presidente americano, Joe Biden, deve anunciar sua candidatura à reeleição no próximo 7 de fevereiro.
O presidente americano, Joe Biden, deve anunciar sua candidatura à reeleição no próximo 7 de fevereiro. AP - Andrew Harnik
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Cleide Klock, correspondente da RFI em Los Angeles

Na quinta-feira (19), véspera do aniversário de metade de mandato, o presidente americano desembarcou na Califórnia para visitar as áreas atingidas pelas chuvas das últimas semanas. Biden esteve nas cidades de Santa Cruz e Santa Clara, no Vale do Silício. A região, que sofre historicamente com incêndios gigantescos, foi devastada pela força das águas que atingiram o estado de 26 de dezembro a 17 de janeiro e mataram mais de 20 pessoas. 

O governo já havia autorizado o desbloqueio de ajuda federal de recuperação para vários condados do norte e do centro da Califórnia. Durante o período de inundações, 150 mil pessoas tiveram que sair de suas casas e 1.400 ainda permanecem em alojamentos.

Na visita, Biden destacou seu posicionamento sobre as mudanças climáticas. "Se alguém duvida que o clima está mudando, deve ter dormido nos últimos dois anos", afirmou. O presidente também prometeu não apenas reconstruir a região castigada, "mas reconstruir melhor".  

Promessas x realidade

Uma das grandes promessas de campanha de Biden eram justamente ações na área ambiental. O presidente assumiu o cargo prometendo restaurar a credibilidade do país e os retrocessos causados por seu antecessor Donald Trump, na área climática e ambiental. Já em seu primeiro dia na presidência, assinou uma ordem executiva para que os Estados Unidos voltassem a integrar o Acordo de Paris.

No primeiro ano, Biden também prometeu reduzir as emissões de gases de efeito estufa pelos Estados Unidos em pelo menos 50% até 2030. Na conferência climática de Glasgow, disse que o país iria colaborar com US$ 11,4 bilhões por ano em financiamento climático até 2024 para ajudar os países em desenvolvimento. 

No entanto, o líder democrata não tem conseguido a colaboração do Congresso para atingir essa meta. A oposição chegou a dizer que esse era "outro sonho impossível do ativismo liberal e do extremismo climático", como falou o Senador Republicano John Barrasso. 

Desafios na Câmara 

Se já estava difícil antes, nesses próximos dois anos a colaboração do Congresso deve diminuir ainda mais, com a posse da agora maioria republicana. Os conservadores, inclusive, já prometeram apertar o cerco nas investigações contra o atual governo. 

A oposição tem nove assentos a mais na Câmara dos Deputados e, quando houve a eleição do presidente da casa, já mostrou que não está unida. Assim, será necessário esperar para ver a capacidade de Biden de negociar propostas importantes, talvez com os mais moderados.

Para os democratas, a perda da maioria após as eleições de meio de mandato não foi uma derrota. Diante da baixa popularidade de Biden na época, esperava-se que os republicanos obtivessem mais assentos na casa. 

A conquista legislativa mais significativa dos dois primeiros anos de Biden na presidência ocorreu em 2021, quando foi aprovado um pacote bipartidário de infraestrutura de US$ 1,2 trilhão. A medida incluiu recursos para estradas, pontes, transporte público, ferrovias, aeroportos, portos e hidrovias norte-americanas.

Expectativa de melhora econômica

A inflação anual continua alta, mas começou a cair após atingir o maior índice das últimas quatro décadas, 9,1%, em junho passado. No início deste mês, Biden anunciou pessoalmente que, em uma curva descendente, a inflação está hoje em 6,5%.

Os consumidores continuam reclamando dos preços nas prateleiras, mas pelo menos nas bombas, os motoristas sentiram a queda do valor dos combustíveis: o preço médio do galão foi de US$ 5,02, em junho de 2022, para US$ 3,36, neste mês. Os motoristas do país pagavam em média US$ 2,39 por galão na semana em que Biden assumiu o cargo, uma época em que a crise mundial do petróleo não havia abalado os mercados.

Na questão do trabalho, os Estados Unidos vão bem. O índice de desemprego está em 3,5%, um pouco menos da metade de quando o líder democrata chegou ao poder. A taxa já seguia uma curva descendente e agora atingiu o mesmo patamar de antes da pandemia. Os números mais recentes do Departamento do Trabalho mostram que há mais de 10 milhões de vagas de emprego em aberto no país, o que é quase o dobro do número de desempregados.

A dívida federal era de US$ 27,6 trilhões no início de 2021 e agora está em US$ 31,38 trilhões. Lembrando que o país já comprometeu US$ 24,2 bilhões em assistência à Ucrânia desde o início da guerra, em março passado.

Maiores desafios dos próximos dois anos

De acordo com o site Fivethirtyeight (https://projects.fivethirtyeight.com/biden-approval-rating/adults/) , que reúne diversas pesquisas, em média a popularidade de Biden entre os adultos está em 41,8%. Desafios são muitos: a própria estabilidade da economia, um efetivo projeto de reforma imigratória e as relações com a China e Rússia entram no pacote.

Dentro de casa, literalmente, o presidente precisa agora lidar com a polêmica sobre os documentos federais confidenciais encontrados em seu escritório pessoal em Washington e em sua casa no estado de Delaware.

Durante a visita à Califórnia, Biden falou sobre o assunto. "Descobrimos que documentos foram arquivados no lugar errado. Imediatamente os entregamos aos arquivos do Departamento de Justiça. Estamos cooperando totalmente e ansiosos para resolverem isso rapidamente. Não me arrependo. Estou seguindo o que os advogados me disseram que querem que eu faça", declarou.

No próximo 7 de fevereiro o presidente realizará o discurso de Estado da União. Na ocasião, o líder democrata deve falar oficialmente sobre as conquistas do seu governo nesses dois primeiros anos de mandato. A expectativa é que ele, inclusive, anuncie neste dia sua candidatura à reeleição.

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