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Linha Direta

"Bolsonaro não está tão fragilizado e pode promover virada", diz cientista político

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Ao contrário do que se via às vésperas do primeiro turno, na largada inicial da etapa decisiva da eleição, apoiadores de Luiz Inácio Lula da Silva não escondem que estão apreensivos. Há receio do que pode acontecer no dia 30, diante do crescimento do adversário nas pesquisas. Por sua vez, eleitores de Jair Bolsonaro tentam mostrar mais empolgação, acreditando que pode haver uma virada, apesar de algumas polêmicas trazidas pelo atual presidente.

Apoiadores de Lula apreensivos, com receio do que pode acontecer no segundo turno. Do outro lado, eleitores de Bolsonaro empolgados acreditando que pode haver uma virada.
Apoiadores de Lula apreensivos, com receio do que pode acontecer no segundo turno. Do outro lado, eleitores de Bolsonaro empolgados acreditando que pode haver uma virada. REUTERS - REUTERS PHOTOGRAPHER
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Raquel Miura, correspondente da RFI em Brasília 

Analistas dizem que não dá para cravar nada. No Brasil, nunca um candidato que ficou em segundo lugar na primeira etapa conseguiu reverter o placar e vencer a disputa final. Só que nunca antes também a diferença entre eles foi tão pequena. “Foi a menor diferença da nossa história. Então Bolsonaro sai atrás, mas não tão fragilizado, com condições de promover algum tipo de virada. Se em algum momento o segundo colocado tem chances de virar, o momento são essas eleições”, disse à RFI Vitor Marchetti, cientista político e professor da Universidade Federal do ABC.

“Bolsonaro terá de expandir voto em locais importantes, como Minas Gerais. O apoio de governadores é importante, porém mais importante é o quanto um governador pode trazer de prefeitos para a campanha”, explicou o analista.Tanto que um dos primeiros destinos de Lula neste segundo turno foi Minas Gerais, onde ele venceu, mas com uma margem menor do que esperava. Em entrevista à imprensa, o petista tentou minimizar o peso do governo reeleito Romeu Zema (Novo), que apoia Bolsonaro, sobre o eleitor mineiro.

“O Zema pode apoiar quem ele quiser e eu não esperaria que fosse diferente. Mas é preciso saber que o povo não é gado. Não pense em tratar o povo como rebanho. O povo tem autonomia, sabe o que quer. É só comparar quaisquer quatro anos meus com os quatro anos de Bolsonaro. O governador verá o quanto investimos aqui e terá até remorso”, disse o candidato do PT.

Já Bolsonaro deu uma entrevista ao canal Pilhado no Youtube, onde comentou uma polêmica que tem sido levantada por bolsonaristas, inclusive parlamentares eleitos no último dia 2, que querem aprovar uma emenda aumentando o número de membros do Supremo Tribunal Federal, em caso de reeleição do militar. A mudança representaria aumento da influência do Executivo no Judiciário, o que muitos enxergam como prelúdio para um governo mais autoritário.

“Essa é uma sugestão que tem chegado até mim. Vamos analisar depois da eleição. Se eu for eleito e o Supremo baixar um pouco a temperatura, a gente deixa isso de lado. Nós temos já duas pessoas lá, temos mais até simpáticos a nós, mas duas mais garantidas, que não dão voto com sangue nos olhos”, afirmou Bolsonaro.

O candidato do PL admitiu que o assunto, no entanto, pode sim vir à tona. “Se não for possível abandonar essa ideia, a gente vai ver como fica. É preciso discutir a aprovação com o Congresso. Está na cara que muita gente do Supremo vai no Legislativo mostrar que é contrário, porque isso esvazia a corte, tirar poder deles e eles não querem”. Na semana passada, Bolsonaro entrou em outra polêmica ao atribuir a vitória de Lula no Nordeste ao analfabetismo, endossando declarações preconceituosas de seus eleitores e provando críticas nas redes sociais.

Alianças

Enquanto Bolsonaro ouviu de governadores alinhados à sua gestão a promessa de empenho nessa fase final da campanha, Lula buscou ampliar o leque pela coalizão multipartidária, com apoio de Simone Tebet, Ciro Gomes, Fernando Henrique Cardoso e economistas tucanos criadores do Plano Real, como Pedro Malan e Pérsio Arida.

“Não dá para dizer quem saiu na frente nessa largada do segundo turno. Ambos fizeram movimentos importantes. Bolsonaro com governadores eleitos no primeiro turno, o que não é surpresa porque já eram alinhados, mas não deixa se importante para alguém que precisa virar o placar. Lula ampliou a frente única, mostrando que não está restrito àquela esquerda próxima do PT”, disse o professor Marchetti. “Realmente não é possível fazer previsão sobre o resultado final”, completou o analista.

A diferença entre Lula e Bolsonaro foi de seis milhões de votos. Os demais candidatos somaram quase 10 milhões. Brancos e nulos totalizaram cinco milhões e meio de eleitores. E 30 milhões de brasileiros não compareceram às urnas no primeiro turno e se abstiveram de votar.

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