Acessar o conteúdo principal
Linha Direta

Novo plano de economia energética na Espanha limita uso de ar condicionado e luzes noturnas

Publicado em:

A partir desta quarta-feira (10), entram em vigor algumas das normas previstas pelo Governo da Espanha para gerar economia de energia no país. O conjunto de obrigações conta com a limitação da climatização de ambientes internos e com horário fixo para desligamento de vitrines comerciais, entre outras novidades. As mudanças afetam diretamente espaços como comércios, prédios públicos, centros culturais, estações de trem e aeroportos. O objetivo é reduzir, de forma rápida, o consumo de energia.

Benidorm, praia na costa leste da Espanha. Mesmo com altas temperaturas, país terá que limitar locais climatizados.
Benidorm, praia na costa leste da Espanha. Mesmo com altas temperaturas, país terá que limitar locais climatizados. JOSÉ JORDAN / AFP
Publicidade

Ana Beatriz Farias, correspondente da RFI em Madri

O plano de medidas de economia e eficiência energética não deve modificar a realidade nas residências e, além das casas, há outras possibilidades de exceções específicas que variam de acordo com as regras decretadas.

A partir de hoje, o ar condicionado, item necessário em alguns espaços durante o quente verão espanhol, não pode funcionar abaixo dos 27 graus.

E, no inverno, seguindo a mesma lógica de economia, os aquecedores não poderão estar acima dos 19 graus. Esta norma deve permanecer em vigor até novembro de 2023 e prevê ressalvas. Instituições de ensino, hospitais, salões de beleza, trens e aviões, por exemplo, não precisarão adequar suas temperaturas.

Outra norma, que passou a valer nesta quarta-feira e promete mudar a cara das cidades espanholas durante a noite, tem a ver com a iluminação. Edifícios públicos devem permanecer apagados, da mesma forma que vitrines comerciais, a partir das 22 horas.

Assim, luzes que costumam ficar acesas por toda a madrugada não poderão mais ser utilizadas desta maneira. A regra não se aplica a monumentos, só se for o caso de prédios de uso público que já estejam desocupados a esta hora.

Transporte gratuito

Com as novas normas de economia energética, o governo espanhol lançou uma série de medidas de sustentabilidade econômica no âmbito do transporte. Entre elas, há serviços de trem, entre curta e média distância, que serão completamente gratuitos do dia 1o de setembro ao dia 31 de dezembro deste ano.

A bonificação se aplica a viajantes recorrentes e contempla cidadãos estrangeiros. Além do que será de graça, outros serviços de transporte, incluindo trens de alta velocidade, serão oferecidos com 50% de desconto.

Compromisso europeu

No momento em que o decreto que contém o plano de economia e gestão energética foi aprovado, o Ministério para a Transição Ecológica e o Desafio Demográfico ressaltou que o documento facilita compromissos europeus derivados do conflito na Ucrânia; impulsiona a eletrificação da economia e, do mesmo modo, promove a substituição de gás natural por gases renováveis.

Com a aprovação das regras, espera-se, segundo o ministério, que haja uma redução da demanda de gás e petróleo de 5% a curto prazo.

Em nota oficial, o ministério publicou ainda que: “em um contexto no qual os 27 membros da União Europeia entraram em acordo para reduzir voluntariamente o consumo de gás, o Governo busca minimizar o impacto econômico e social de um eventual corte de abastecimento do gás russo”.

O texto anuncia ainda que está sendo preparado um plano de contingência, com os demais países da União Europeia, que será apresentado até o fim de setembro.

Disputas políticas

Quando divulgadas oficialmente, as novas normas geraram resistências em território espanhol. Uma das mais significativas e ruidosas veio por parte da oposição ao governo.

Nome de peso no Partido Popular, a presidente da comunidade de Madri, Isabel Ayuso, chegou a confrontar diretamente a ordem de caráter nacional dizendo que “Madri não se apaga”. A esta declaração, o primeiro-ministro Pedro Sanchez, respondeu dizendo que “na Espanha, a lei se cumpre”.

Foi diante de toda a disputa política que envolve o assunto desde a semana passada que o governo espanhol reiterou a validade do plano de economia energética na última segunda-feira (8). Em contrapartida, Ayuso anunciou que vai recorrer ao Tribunal Constitucional.

No Twitter, o perfil oficial da Comunidade de Madri publicou dez pontos que a gestão local considera inconstitucionais no plano nacional. O texto cita a norma que exige vitrines apagadas a partir das 22:00h como contrária à Lei de Liberdade de Horários Comerciais da Comunidade de Madri. 

Outra parte da publicação diz que a ordem de manter prédios públicos sem luz no período noturno atrapalha o desenvolvimento do setor turístico.

Ministra para a Transição Ecológica e o Desafio Demográfico, Teresa Ribera, por sua vez, reiterou que a Espanha “vai cumprir seu compromisso de solidariedade com a Europa” e, por enquanto, o decreto vigora normalmente.

O texto não prevê multas específicas para quem descumprir as novas normas, mas dá a entender que se aplicará o previsto no Regulamento de Instalações Térmicas nos Edifícios, o que pode significar uma sanção de até € 60 mil para as infrações leves e de até € 100 milhões para as muito graves. A responsabilidade, neste caso, é de cada comunidade autônoma. A penalidade deve ser aplicada de forma proporcional.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.