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Linha Direta

Dinamarca decide em referendo se integra Acordo de Defesa da UE

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As últimas pesquisas dos institutos de opinião mostram que 65% dos eleitores da Dinamarca são a favor de fazer parte da política de defesa do bloco europeu. O referendo dinamarquês acontece após a Suécia e a Finlândia decidirem se juntar à Otan. Essa é a maior mudança nos acordos de segurança na região Nórdica das últimas décadas.

4,3 milhões de eleitores da Dinamarca vão às urnas para dizer sim ou não ao Acordo de Cooperação de Defesa da União Europeia. Em Viborg, em 1° de junho de 2022.
4,3 milhões de eleitores da Dinamarca vão às urnas para dizer sim ou não ao Acordo de Cooperação de Defesa da União Europeia. Em Viborg, em 1° de junho de 2022. via REUTERS - RITZAU SCANPIX
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Fernanda Melo Larsen, correspondente da RFI em Copenhague

Os 4,3 milhões de eleitores da Dinamarca vão às urnas nesta quarta-feira (1°) para dizer sim ou não ao Acordo de Cooperação de Defesa da União Europeia (UE). A invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro deste ano, é o principal motivo da primeira-ministra Mette Frederikesen ter convocado este referendo, em março deste ano. A convocação teve o apoio da maioria dos partidos no parlamento dinamarquês, o Folketing. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, os custos dessa adesão de cooperação na Defesa da União Europeia serão de aproximadamente 26,6 milhões de coroas dinamarquesas, aproximadamente R$ 18 milhões por ano.

A Dinamarca é membro da União Europeia desde 1973, mas freou a transferência de mais poder para Bruxelas em 1992, quando 50,7% dos dinamarqueses rejeitaram o Tratado de Maastricht, o tratado fundador do bloco europeu. Em dezembro de 2015, os dinamarqueses também votaram “não” ao fortalecimento de sua cooperação com a União Europeia em questões policiais e de segurança por medo de perder sua soberania sobre a imigração.

O Tratado de Maastricht exibido em uma exposição em Regensburg, na Alemanha.
O Tratado de Maastricht exibido em uma exposição em Regensburg, na Alemanha. © Museum der Bayerischen Geschichte/Creative Commons Attribution 2.0 Germany license.

Apesar de ter um histórico de votar contra a União Europeia em referendos, o governo de centro-esquerda está otimista de que agora é o momento certo para o país escandinavo encerrar o status de único Estado-Membro a não participar da cooperação de defesa do bloco.

“Acredito de todo o coração que temos de votar sim. Num momento em que temos de lutar pela segurança na Europa, temos de estar mais unidos com os nossos vizinhos”, disse Mette Frederiksen, em um debate sobre o referendo a uma emissora de televisão dinamarquesa, na noite desta terça-feira (31).

O voto não é obrigatório

Embora os institutos de pesquisa mostrem que os dinamarqueses gostariam de fazer parte deste acordo de defesa do bloco europeu, será preciso que os eleitores compareçam as urnas, já que o voto não é obrigatório. Segundo o especialista em política dinamarquesa Jesper Claus Larsen, o comparecimento nas urnas para um referendo costuma ser menor do que numa eleição para a escolha de novos membros do Parlamento por exemplo.

“A grande questão é se o lado do sim consegue fazer com que os eleitores realmente sintam que é importante votar”, analisa Jesper Claus Larsen.

O referendo pode realinhar as relações de segurança na Europa depois que a Suécia e a Finlândia pediram para se juntar à Otan, no mês passado. No entanto, três dos catorze partidos que constituem o Parlamento são contra esse estreitamento de laços com o bloco europeu.

O Partido do Povo Dinamarquês e o Partido Nova Direita, ambos de extrema-direita, junto com o Partido Aliança Verde Vermelha, da esquerda radical, pediram aos dinamarqueses que digam “não” nas urnas.

Um dos principais argumentos desses partidos é que o surgimento de uma defesa europeia conjunta ocorreria às custas da Otan, que tem sido a pedra angular da defesa da Dinamarca desde sua criação, em 1949.

“A Otan é o que garante a segurança da Dinamarca. Seria totalmente diferente se fosse decidido em Bruxelas”, argumenta o presidente do Partido do Povo Dinamarquês, Morten Messerschmitt.

Jovens são a maioria dos indecisos

A última pesquisa divulgada na noite desta terça-feira (31) pelo instituto de opinião Epinion mostra que o público jovem está no topo dos eleitores indecisos, ou seja, um em cada quatro jovens de 18 a 34 anos na Dinamarca está em dúvida se quer abolir ou manter a reserva de defesa do país.

O problema é que o primeiro debate sobre a reserva de defesa da Dinamarca aconteceu na época em que muitos desses cidadãos dinamarqueses nem tinham nascido, como explicou Karina Kosiara-Pedersen, do Departamento de Ciência Política da Universidade de Copenhague.

“Aos jovens falta a consciência histórica. Eles não conhecem o debate sobre as reservas que vem acontecendo desde a década de 1990 e, portanto, é difícil para eles se envolverem no referendo”, disse a cientista política.

Já os territórios autônomos da Dinamarca - Groenlândia e as Ilhas Faroé - não participam deste referendo porque não fazem parte da União Europeia.

O resultado do referendo é esperado a partir das 23 horas de hoje, pelo horário da Dinamarca, por volta das 19 horas em Brasília.

 

 


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