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Linha Direta

Após incentivar queima de Corão, político extremista quer concorrer a vaga no Parlamento sueco

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O anúncio aconteceu menos de uma semana depois que o político de extrema direita Rasmus Paludan, fundador do partido Stram Kurs (“Linha Dura”, em sueco) ter incentivado que exemplares do alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos, fossem queimados, o que gerou uma onda de protestos pelo país durante a Páscoa.

Na Escandinávia o político de extrema-direita Rasmus Paludan, que é cidadão dinamarquês e sueco anunciou nesta semana que vai concorrer a um assento no Parlamento da Suécia nas próximas eleições gerais do país.
Na Escandinávia o político de extrema-direita Rasmus Paludan, que é cidadão dinamarquês e sueco anunciou nesta semana que vai concorrer a um assento no Parlamento da Suécia nas próximas eleições gerais do país. AFP - HENNING BAGGER
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Fernanda Melo Larsen, correspondente da RFI em Copenhague

De acordo com Maria Ekman, secretária de imprensa da Autoridade Eleitoral na Suécia, Rasmus Paludan irá concorrer a um dos 349 assentos do Parlamento da Suécia, durante as eleições gerais, que serão realizadas no dia 11 de setembro deste ano. Para que Rasmus Paludan seja eleito como parlamentar, o partido dele, o Stram Kurs, ou “Linha Dura”, em português, tem que conquistar no mínimo 4% dos votos válidos no país.

Para que uma pessoa possa votar ou concorrer a um cargo no parlamento sueco é necessário que este seja cidadão sueco. Rasmus Paludan obteve o direito de receber um passaporte sueco do Conselho de Imigração da Suécia por ser filho de um cidadão daquele país.

O anúncio da candidatura do político de extrema direita aconteceu dias após ele ter incitado que apoiadores do partido dele queimassem o Alcorão, o que gerou uma onda de revoltas na comunidade islâmica em diversas cidades da Suécia.

Durante as eleições gerais na Suécia também são eleitos os governos regionais e municipais. Nas eleições de caráter local podem votar cidadãos estrangeiros que residam há mais de três anos legalmente no país. A Suécia tem aproximadamente sete milhões e meio de eleitores segundo a Autoridade de Estática Nacional.

Polêmicas sobre imigrantes islâmicos 

Rasmus Paludan, é um advogado de 40 anos que cresceu na Dinamarca e agora também é cidadão sueco. Ele ganhou notoriedade na mídia dinamarquesa depois de postar uma série de vídeos online nos quais fazia comentários depreciativos sobre o Islã e seus seguidores, bem como negros e imigrantes. As ações usadas por ele na Suécia durante o feriado da Páscoa neste ano foram as mesmas usadas na Dinamarca durante as eleições de 2019.

Um exemplo disso foi quando ele encenou protestos ofensivos contra os muçulmanos, como jogar o Alcorão no chão ou embrulhá-lo em um pedaço de bacon, muitas vezes em municípios onde existem uma grande população de imigrantes islâmicos.

O comportamento de Paludan rendeu ao partido dele “Linha Dura” cerca de 1,8% dos votos na Dinamarca, um pouco abaixo do limite de 2% para obter um assento no parlamento dinamarquês.

Em 2020, apoiadores de Paludan queimaram um Alcorão na cidade sueca de Malmo, que está localizada a 40 quilômetros de distância a oeste de Copenhague, o que gerou protestos violentos, e fez com que autoridades suecas proibissem a entrada dele no país por dois anos.

Para não ter que cumprir a pena imposta, Ramus Paludan disse na época que usou o direito dele de ser reconhecido como cidadão sueco, por causa do pai. 

“ Não foi difícil me tornar um cidadão sueco porque meus pais se casaram em 1989”, comemorou Paludan.

Tumultos

O Governo da Suécia disse que indivíduos estrangeiros estão por trás dos tumultos registrados em várias cidades do país na semana passada. Os confrontos entre as forças de segurança da Suécia e manifestantes contra o partido “Linha Dura” provocaram 40 feridos, nos últimos dias. O chefe da Polícia Nacional da Suécia, Anders Thornberg, disse em uma entrevista coletiva que os eventos da Páscoa foram preocupantes.

“Foram crimes gravíssimos que têm como alvo nossa sociedade, no meu ponto de vista. Isso é outra coisa. Estes não são manifestantes comuns”, ele admitiu.

A polícia também afirmou que o alvo dos protestos violentos tem sido os próprios policiais. Já o ministro da Justiça na Suécia, Morgan Johansson, disse que o extremista de direita Rasmus Paludan, que tem nacionalidade dinamarquesa e sueca, odeia o país.

“Parece que por algum motivo, Rasmus Paludan odeia a Suécia e tenta prejudicar o país, eu não entendo a razão", analisou o ministro Morgan Johansson.

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