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Linha Direta

Conferência de Segurança de Munique termina com demonstração de união de países ocidentais diante da Rússia

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A crise na Ucrânia dominou a agenda da edição deste ano da Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha. O evento, que terminou no domingo (20), teve três dias de intensas conversas e serviu como uma demonstração de coesão das potências ocidentais em relação à Rússia.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken (à esquerda), e a ministra das Relações Exteriores alemã, Annalena Baerbock (centro), em 18 de fevereiro de 2022, no primeiro dia Conferência de Segurança de Munique.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken (à esquerda), e a ministra das Relações Exteriores alemã, Annalena Baerbock (centro), em 18 de fevereiro de 2022, no primeiro dia Conferência de Segurança de Munique. AP - Michael Probst
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Marcio Damasceno, correspondente da RFI em Berlim

Logo após o encerramento do evento, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e da Rússia, Vladimir Putin, afirmaram estar dispostos, "em princípio", para participar de uma cúpula sobre a crise da Ucrânia. A decisão de ambas as partes foi anunciada após telefonemas do chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, aos dois líderes

A opção pelo caminho da diplomacia foi algo repetido à exaustão pelas dezenas de representantes de Estados e governos que participaram da conferência no sul da Alemanha. O encontro sobre estratégia de segurança é visto como o mais importante do mundo.

Ausência da Rússia

O evento também contou com a participação de quase uma centena de ministros de Estados e representantes da União Europeia e da Otan. A grande ausência foi a Rússia, que pela primeira vez em 30 anos não mandou uma delegação oficial a Munique. Moscou alega que o encontro deixou de ter importância como um painel de visões globais para se tornar uma reunião transatlântica.

Grande parte dos discursos feitos nesses três dias de conferência e dos encontros bilaterais focaram na Rússia, principalmente sobre quais podem ser os próximos passos de Moscou. Segundo os Estados Unidos, mais de 150 mil soldados russos estão posicionados nas fronteiras ucranianas.

Durante o evento, no fim de semana, tropas russas realizaram exercícios militares junto ao exército de Belarus. O Kremlin anunciou que não tem data para retirar seu efetivo do país aliado.

Apelo ucraniano

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, também marcou presença no encontro, fazendo um discurso contundente. O líder fez um apelo por maior apoio e garantias de segurança a seu país. Zelenski viajou à Alemanha apesar da recomendação de Washington para que permanecesse na Ucrânia devido à pressão russa na fronteira. 

No entanto, nos encontros que o líder ucraniano participou em Munique – incluindo com a ministra da Defesa da Alemanha e com o chefe da Otan –, ficou claro que nem a Europa nem a aliança atlântica vão garantir fisicamente a integridade da Ucrânia. Se por um lado o Ocidente promete apoio com equipamentos, assistência financeira e duras sanções econômicas à Rússia, também confirma que não vai agir militarmente para repelir uma possível invasão russa. Para as potências ocidentais, em caso de ataque, os ucranianos precisam se defender por conta própria.

Em sua fala diante de lideranças mundiais reunidas na Alemanha, Zelenski assegurou que a Ucrânia não está em pânico, mas afirmou que o mundo tem que agir porque o que está em jogo, segundo ele, não é a segurança somente do seu país, mas a segurança da Europa. Além disso, ele pediu um calendário claro para adesão da Ucrânia à Otan - uma questão que irrita a Rússia.

Scholz mais incisivo

O chanceler alemão, Olaf Scholz, também fez um discurso mais incisivo que de costume durante a Conferência de Segurança de Munique. Ele, que permaneceu reticente por tanto tempo sobre a crise ucraniana, disse que "a guerra está ameaçando novamente na Europa" e classificou como "ridículo" o argumento do presidente Putin de que estaria ocorrendo um genocídio no leste da Ucrânia. Scholz reiterou que "a paz na Europa só pode ser preservada se as fronteiras não forem alteradas". 

Aliás, esse argumento do chanceler alemão lembra o que disse o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, que participou do evento de Munique por videoconferência. Em um discurso crítico sobre a expansão da Otan para leste da Europa, o chanceler chinês também deu uma alfinetada na Rússia, dizendo que a integridade territorial dos países tem que ser protegida e que a Ucrânia não é nenhuma uma exceção a essa regra. 

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