Na Europa para G20, Bolsonaro evita discussão sobre Clima e vai visitar vilarejo do bisavô

Chefes de Estado e de governo dos países mais ricos do mundo estão em Roma para as reuniões da cúpula do G20. As negociações sobre a economia pós-pandemia e o meio ambiente devem liderar a pauta do final de semana, às vésperas da COP26. O presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro (sem partido), chega nesta sexta-feira (29) na capital italiana ao lado de Paulo Guedes (Economia) e Carlos França (Relações Exteriores). De Roma, ele segue para uma agenda pela Itália enquanto boa parte dos líderes vão para a reunião do clima na Escócia.

Bolsonaro chega à Roma para reunião da cúpula do G20. Na agenda europeia, o presidente preferiu fazer visitas a locais simbólicos na Itália e não seguirá com outros líderes para a Conferência do Clima AP - Carolyn Kaster

A ausência dos presidentes russo, Vladimir Putin, e chinês, Xi Jinping, que participarão por vídeo, reduz as expectativas da reunião. Em compensação, o presidente americano Joe Biden quer destacar a mensagem de que os “Estados Unidos voltaram”, após quatro anos de polêmicas diplomáticas com Donald Trump.

Em Roma desde quinta (28), Biden tem um encontro com o papa Francisco em audiência privada nesta sexta-feira.

A retomada da economia após a pandemia e as mudanças climáticas são os temas centrais das reuniões do G20 em Roma. A cúpula ocorre no mesmo fim de semana em que se iniciam as negociações da COP26, em Glasgow na Escócia para tratar de assuntos na área ambiental e de ações de preservação, além da redução de emissões de gases de efeito estufa. Portanto questões ambientais terão destaque também nos encontros na capital italiana.

Na agenda brasileira, também estão em pauta temas como a saúde e tecnologia, segundo informou o Itamaraty.

Roma está blindada, mais de 5 mil agentes devem reforçar o contingente de militares das Forças Armadas para garantir a segurança da cúpula do G20. Estações de metrô próximas à sede do evento no bairro EUR estão fechadas, o tráfego local está limitado às delegações.

A principal manifestação está marcada para sábado (30) à tarde na Praça São João de Latrão em Roma. O protesto vai reunir sindicatos, partidos de esquerda e movimentos LGBTQ+ porque o Senado italiano esta semana barrou a lei anti-homofobia.

Bolsonaro encontra presidente da Itália e não vai para COP26

O presidente Bolsonaro viaja acompanhado dos ministros da Economia, Paulo Guedes, e das Relações Exteriores, Carlos França, que devem participar de encontros bilaterais.

Nesta sexta-feira, o brasileiro será recebido no palácio do Quirinale pelo presidente italiano, Sergio Matarella. Não está prevista a participação de Mario Draghi, o primeiro-ministro italiano e chefe do governo neste país parlamentarista. 

No sábado e no domingo, Bolsonaro deverá ter encontros bilaterais com líderes internacionais, mas o Itamaraty não precisou quais serão estas reuniões.

Após o final da reunião do G20 no domingo (31), a maioria dos líderes seguirá de Roma diretamente para Glasgow para a abertura do evento. Bolsonaro, no entanto, já anunciou que não participará da COP26.

O Brasil será representado pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, na Conferência do Clima. O presidente brasileiro apresentou a decisão como uma “estratégia” do governo, já que cenário internacional Bolsonaro é visto como o vilão do meio ambiente. Durante o seu governo os incêndios na Amazônia e no Cerrado bateram recordes.

Visita a vilarejo do bisavô e monumento a pracinhas

Bolsonaro seguirá sua viagem pela Itália na segunda (1) e na terça (2) em uma agenda que inclui visitas ao vilarejo em que nasceu seu bisavô, onde deve receber uma homenagem, a igrejas católicas e a um monumento aos pracinhas brasileiros que participaram da Segunda Guerra Mundial.

Na segunda, o presidente brasileiro vai à Anguillara Vêneta, cidadezinha com 4 mil habitantes na região do Veneto no nordeste da Itália, onde nasceu seu bisavô Vittorio Bolzonaro. Nesta cidade, ele receberá o título de Cidadão Honorário do Município dado pela prefeita Alessandra Buoso, da Liga, partido de extrema direita.

O título tem causado protestos de políticos italianos, de religiosos católicos e de vários brasileiros que vivem na Itália. Dario Marini, secretário regional do Partito Comunista Italiano, disse que: “Dar cidadania honorária à Bolsonaro é como dar o Prêmio Nobel a um médico contrário a vacinas”.

De Anguillara Vêneta ele segue para Pádua, na mesma região do Vêneto. Ainda não foi confirmada a visita de Bolsonaro à Basílica de Santo Antônio de Pádua, onde estão as relíquias do santo padroeiro da cidade. Essa é a mesma igreja que divulgou uma nota em que manifesta descontentamento com a concessão do título de cidadão honorário a Bolsonaro pela cidade Anguillara Veneta.

Na nota, intitulada “Laços com o Brasil, apelo a Bolsonaro”, os religiosos católicos salientam a presença de missionários da região entre os indígenas, destacando as figuras dos padres Ezechiele Ramin e Ruggero Ruvoletto, ambos assassinados por pistoleiros no Brasil.

Recentemente, mais de 400 padres e 10 bispos católicos do Brasil assinaram um manifesto que acusa o presidente Jair Bolsonaro de ter profanado o Santuário de Nossa Senhora Aparecida no último dia 12, dia da padroeira do país.

Na terça-feira Bolsonaro viajará para Pistoia, na região central da Toscana, onde participará da Cerimônia em Memória dos Pracinhas brasileiros falecidos na Segunda Guerra Mundial no Monumento Votivo Militar Brasileiro. Em seguida, ele voltará ao Brasil.