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Linha Direta

Lava do vulcão Cumbre Vieja segue rastro de destruição em La Palma

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A lava expelida pelo vulcão Cumbre Vieja não dá sinais de recuo. Segundo estimativa divulgada ontem, 855 imóveis já tinham sido destruídos pela passagem da torrente de magma com temperaturas beirando os mil graus Celsius. Além disso, uma nuvem de cinzas e gases tóxicos cobre parte da ilha, que integra o arquipélago de Canárias, território espanhol na costa noroeste da África.

A erupção também levou 6.000 pessoas a abandonarem suas casas nesta ilha de 85.000 habitantes. Além disso, o cultivo de banana, sua principal atividade econômica, foi gravemente afetado.
A erupção também levou 6.000 pessoas a abandonarem suas casas nesta ilha de 85.000 habitantes. Além disso, o cultivo de banana, sua principal atividade econômica, foi gravemente afetado. ALFONSO ESCALERO via REUTERS - ALFONSO ESCALERO / ILOVETHEWORLD
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Por Denise Menchen, correspondente da RFI Brasil em Madri

A atividade vulcânica em La Palma começou no dia 19 de setembro, após dias de inúmeros tremores que vinham sendo acompanhados de perto pela comunidade científica. Isso permitiu que as áreas próximas ao vulcão fossem evacuadas a tempo.

Na noite de terça-feira (28), nove dias após a erupção, a lava alcançou o mar. As reações químicas provocadas por esse encontro estão liberando grande quantidade de gases tóxicos na atmosfera, mas os ventos vinham contribuindo para sua dissipação no oceano. Uma possível mudança na direção das correntes, prevista para esta sexta-feira, preocupa as autoridades.

Pesquisadores estão analisando a composição dessa nuvem tóxica e recomendam o uso de máscaras e óculos de proteção aos trabalhadores presentes na região e aos moradores de localidades que não chegaram a ser evacuadas, que estão sendo orientados a não sair de casa. A medida é necessária para evitar danos à saúde, já que esses gases podem afetar a pele, as mucosas e o trato respiratório. É preciso estar especialmente atento a pessoas com doenças respiratórias, idosos, crianças e mulheres grávidas.

A lava se precipitou ao mar de um penhasco de cerca de cem metros de altura e já mudou a geografia da ilha. Com o resfriamento e a consequente solidificação da substância, uma espécie de ilha baixa está se formando no local da queda. Ontem, seu tamanho já era de 17 hectares (o equivalente a cerca de 17 campos de futebol). Já a área destruída em terra chegava a 340 hectares.

O fato de a lava ter alcançado o mar não significa, porém, que ela necessariamente continuará fluindo por esse mesmo caminho. Não está descartado que ela mude de rota ou sofra alguma bifurcação, o que aumentaria os estragos na ilha. Além disso, novas “bocas” ou fissuras podem se abrir no vulcão, o que poderia alterar o quadro atual. Outra possibilidade é que ela siga o mesmo leito, só que mais largo. Isso porque, em alguns pontos, a altura da corrente de lava já chega a 15 metros.

Tampouco é possível dizer com exatidão por quanto tempo o Cumbre Vieja permanecerá expelindo lava. O histórico da atividade vulcânica na região leva os especialistas a estimarem uma duração de algumas semanas a até três meses. No entanto, é preciso acompanhar de perto como a situação evolui.

Cinzas acumuladas

As Ilhas Canárias têm formação vulcânica, o que significa que foram formadas pela erupção de vulcões submarinos há milhões de anos. Atualmente, são um importante destino turístico por suas belas praias e concentram a produção de alguns alimentos. A banana de Canárias é muito consumida na Espanha continental e no resto da Europa.

Ontem, alguns moradores de áreas menos críticas foram autorizados a voltar a suas propriedades para recolher pertences. Já os produtores rurais desalojados puderam regar plantações e alimentar animais. Muitos também aproveitaram para remover as cinzas acumuladas nos telhados de suas casas, para evitar que se rompam com o peso.

As cinzas em suspensão no ar também dificultam o trânsito na região, já que impedem a passagem do sol e diminuem a visibilidade. O tráfego aéreo chegou a ser suspenso por alguns dias, mas já foi retomado. Além disso, 27,4 quilômetros de estradas foram destruídos, segundo medição do programa europeu Copernicus, de observação da Terra.

O governo de Canárias está angariando doações para o auxílio à população afetada e também aprovou medidas como o adiamento e a isenção de impostos.

Em sua conta no Twitter, o governo informa que, fora da zona no entorno do vulcão, “a vida em La Palma continua normal” e que “a ilha é segura para moradores e visitantes”. O apelo tenta reverter a queda no fluxo do turismo, que é um dos principais motores econômicos da região e já vinha sofrendo as consequências da

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