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Linha Direta

Socialistas vencem na Catalunha, mas separatistas mantêm maioria no Parlamento

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Os separatistas catalães reforçaram sua maioria no Parlamento regional neste domingo (14), após eleições marcadas pela pandemia. Apesar da vitória do ex-ministro da Saúde Salvador Illa, do Partido dos Socialistas da Catalunha (PSC), a legenda obteve apenas 33 das 135 cadeiras.

As eleições deste domingo (14) na Catalunha reforçaram a maioria separatista no parlamento regional.
As eleições deste domingo (14) na Catalunha reforçaram a maioria separatista no parlamento regional. AP - Emilio Morenatti
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Fina Iñiguez, correspondente da RFI em Barcelona

Apesar das divisões internas que surgiram após o fracasso da tentativa de independência, em outubro de 2017, os separatistas no poder expandiram sua maioria parlamentar e superaram os 50% dos votos pela primeira vez nas eleições regionais.

O resultado neutralizou a vitória dos socialistas de Pedro Sánchez, que apostou na popularidade de Illa na luta contra o vírus na Espanha para conquistar o controle da região de 7,8 milhões de habitantes. A formação do próximo governo local agora está nas mãos do partido separatista moderado Esquerda Republicana da Catalunha (ERC).

As eleições na Catalunha deixam pelo menos uma mensagem clara: o conflito territorial entre partidos pró e contra a indepêndencia continua. A base das legendas que querem se separar da Espanha também cresceu, apesar do Partido Socialista catalão ter sido o mais votado e dobrado o número de deputados, passando de 16 para 33 representantes.

O bloco separatista, entretanto, segue na liderança, elegendo quatro deputados e conquistando 74 dos 135 assentos. Ele é formado pelos partidos Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), Juntos por Catalunha (JxC), e o antissistema Candidatura da Unidade Popular (CUP) e obteve mais de 51% dos votos.

A questão agora é ver se os partidos separatistas vão conseguir chegar a um acordo para governar a região. O Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) foi o que conseguiu mais votos e assentos, e Pere Aragonés, um separatista moderado cujo partido apoia o governo de Sánchez em Madri, seria o novo presidente da "Generalitat", como é chamado o governo catalão.

Aragonés não tem, entretanto, apoio explícito dos outros dois partidos que defendem o confronto com Madri: o Juntos por Catalunha (JxC), cujo presidente simbólico é Carles Puigdemont, um dos políticos que saiu da Espanha para não ser preso depois da falida declaração unilateral da independência em 2017, e o partido independentista e antissistema CUP.

Extrema-direita entra para Parlamento catalão

A extrema-direita, representada pelo partido Vox, entrou pela primeira vez no Parlamento Catalão, obtendo 11 cadeiras e derrotando o partido Ciudadanos, que perdeu 30 deputados. A legenda mantém, assim, seis cadeiras, e enfraquece ainda mais o conservador Partido Popular, que ficou com apenas três representantes.

O crescimento da ultradireita na Catalunha é explicado pela adesão popular ao discurso nacionalista espanhol, contrário ao separatismo sem concessões do partido Vox, que aposta no nacionalismo e no fim da imigração ilegal.

Já o Partido Socialista da Catalunha beneficiou do eleitorado que votava no partido Ciudadanos mas viu no ex-ministro da Saúde do governo espanhol Salvador Illa uma possibilidade de conseguir os votos necessários para deter o crescimento dos separatistas.

Salvador Illa anunciou que vai se apresentar ao cargo de líder do Parlamento, assim como o candidato do histórico partido independentista Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), Pere Aragonés.

No bloco dos partidos que querem a Catalunha dentro da Espanha, as diferenças ideológicas devem dificultar qualquer acordo. O mais próximo do Partido Socialista Catalão é o Em Comum-Podemos, que é a filial do Podemos que governa em coalizão com os socialistas em Madri.

Pandemia determinou as eleições

A pandemia influenciou as eleições. O medo do contágio fez com que a participação fosse baixa, comparada à das últimas eleições de 2017, em que 70% dos eleitores foram às urnas. Desta vez, menos de 55% dos 5,6 milhões de eleitores catalães votaram.

Mas há também outra explicação para o crescimento da abstenção: as eleições de 2017 aconteceram após um referendo ilegal, marcado pela violência policial e a declaração de independência, que resultou na aplicação do Artigo 155 da constituição espanhola, que destituiu o governo catalão.

O então presidente regional Carles Puigdemont se exilou na Bélgica e outros representantes do governo foram para a Suíça e o Reino Unido. Seus aliados que ficaram na Espanha foram julgados e cumprem penas de prisão de até 13 anos por sedição.

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