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Linha Direta

Reino Unido: campanha de vacinação em massa não acabará com medidas restritivas

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A maior campanha de vacinação da história do Reino Unido acaba de ganhar reforço em dose dupla: um astro da música e outro da telona. Elton John e Michael Kane aparecem em um bem humorado vídeo para promover a imunização contra a Covid-19. O governo tem pressa e aposta todas as fichas nas medidas de distanciamento social e na vacinação rápida e massiva para controlar a epidemia.

Apesar de quase 20% da população britânica já ter recebido a primeira dose da vacina contra a Covid, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, diz que é cedo para afrouxar o lockdown.
Apesar de quase 20% da população britânica já ter recebido a primeira dose da vacina contra a Covid, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, diz que é cedo para afrouxar o lockdown. AP - Frank Augstein
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Vivian Oswald, correspondente da RFI em Londres  

Mais de 13 milhões de britânicos, ou quase 20% da população, já foram vacinados, mas o governo admitiu que ainda não sabe se a queda no número de novos casos é resultado da campanha de imunização ou do lockdown, que atinge a parte maior da população britânica desde o dia 4 de janeiro.

Por isso, o importante agora é se concentrar na aplicação das vacinas e não alimentar, por enquanto, expectativas de fim das medidas restritivas.

Questionado sobre as férias de verão no hemisfério norte, o primeiro-ministro Boris Johnson preferiu não se comprometer e avisou que é cedo para tratar deste assunto e planejar o fim do lockdown. O premiê também admite a possibilidade de doses de reforço para conter as novas variantes do vírus, como já acontece com a gripe comum.

Mais restrições para quem entra no país

Na próxima segunda-feira (15), passam a valer novas restrições para quem chega em solo britânico a partir de uma lista de 33 países, entre eles o Brasil. O governo já havia impedido acesso ao seu território aos estrangeiros procedentes destas nações onde foram detectadas novas variantes. Só que agora, os poucos que ainda tinha como entrar —  britânicos, irlandeses e estrangeiros com direito de residência — vão ter de se isolar ainda mais. Eles terão de se hospedar em hotéis indicados pelo governo e pagar do próprio bolso as diárias. Estima-se um custo em torno de R$ 13 mil entre acomodação e transporte.

Essas pessoas, além de serem obrigadas a fazer um teste de Covid até 72 horas antes do embarque, deverão fazer outras duas testagens durante os dez dias de quarentena. Uma no segundo dia, e outra no oitavo. Quem desrespeitar essas regras, ou mentir sobre o país de partida, pode ter que pagar uma multa de até 10 mil libras (cerca de R$ 74 mil) e pena de prisão de até 10 anos.

Há muitas críticas em torno das medidas e pressão para que essas restrições sejam estendidas a viajantes de outros países e, no limite, para qualquer pessoa recém-chegada do exterior.

O primeiro-ministro britânico agora tenta conter a euforia das pessoas por várias razões. A principal delas está nas estatísticas no país, que segue como o quarto mais afetado do mundo pela Covid em saldo de óbitos proporcional à população.

Os números de novos casos de Covid começaram a ceder, mas continuam altos. E o balanço de mortes ainda não baixou de mil por dia. Além disso, por mais que a campanha de vacinação siga a pleno vapor, as novas variantes do vírus continuam sendo uma ameaça aos planos do governo.

Johnson admitiu que já se considera a possiblidade de um reforço das vacinas em função das novas variantes no outono, a exemplo do que já acontece com a gripe todos os anos. A hipótese já tinha sido mencionada nesta semana por um dos médicos da equipe de conselheiros do governo. Em princípio, isso seria para os grupos mais vulneráveis da população. Mas também é cedo para saber o que vai acontecer. São necessárias mais investigações sobre o vírus e as suas várias mutações. O governo deve rever esse cenário no dia 22 de fevereiro.

Nova cepa britânica

No Reino Unido, a cepa encontrada na região de Kent continua sendo dominante. Ela é bem mais contagiosa do que a original, mas, aparentemente, ainda pode ser combatida com as atuais vacinas. No entanto, já foram identificadas 147 casos da variante da África do Sul, também altamente transmissível, e que pode ser mais resistente aos imunizantes.

Uma nova preocupação surge no horizonte: outra variante que apareceu em solo britânico, na cidade de Bristol. Ela teria sofrido mutação semelhante à sul-africana. A cepa brasileira também continua sendo motivo de alerta, mas ainda não há números sobre a quantidade de casos no país. Isso significa que a variante ainda não está presente no território como a sul-africana.

Estrela de Downton Abbey ajuda na campanha de vacinação

A meta do governo é vacinar a população acima de 50 anos até o final de abril. Mas há quem diga que, no ritmo atual, todos os adultos acima de 18 anos poderão ser imunizados até julho. 

A campanha de vacinação britânica conta com alguns momentos inusitados. Quem for receber sua dose do imunizante nesse momento pode encontrar entre um dos voluntários em um dos mais de 1.500 postos espalhados pelo país o ator Hugh Boneville, que interpreta o Lorde Grantham de Downton Abbey. Ele é responsável pela recepção dos candidatos ao imunizante numa pequena cidade perto de Londres. Seu personagem, por sinal, já havia aberto o castelo da família para tratar os feridos da Primeira Guerra Mundial do seriado de TV.

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