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Esporte em foco

Atleta brasileiro de futsal que jogava na Ucrânia conta como a guerra mudou sua vida

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O brasileiro Jonatan Santiago, conhecido como Moreno, jogava futsal no time ucraniano Skyup quando a Ucrânia foi invadida pela Rússia. Com o início do conflito, em fevereiro de 2022, ele foi obrigado a deixar o país. Um ano depois, ele conta à RFI como a guerra mudou sua vida.

Jonatan Bruno Santiago, conhecido como Moreno, de camisa laranjada, à direita, quando jogava na Ucrânia.
Jonatan Bruno Santiago, conhecido como Moreno, de camisa laranjada, à direita, quando jogava na Ucrânia. © Arquivo pessoal
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Ana Carolina Peliz e Paloma Varón da RFI

Quando a guerra explodiu, Jonatan Santiago e outros brasileiros conseguiram sair de Kiev e chegaram à Polônia. Ao contrário de outros atletas, ele decidiu não embarcar para o Brasil, de onde tinha saído há 11 anos, e continuar investindo na carreira europeia.

O amor pelos países do leste da Europa e a vontade de ficar próximo da filha que mora na Rússia falaram mais alto que os problemas que poderia enfrentar.

"Foi uma loucura aquilo! Mudou todos os planos que eu tinha naquele momento e fiquei meio sem saber o que fazer, porque tudo aconteceu muito rápido", lembra Santiago um ano após o início do conflito.

Mas o brasileiro se organizou bastante rápido. Logo após conseguir sair da Ucrânia, aproveitou a janela de transferência aberta para os jogadores de times ucranianos e começou a jogar na Alemanha para o Hot 05, de Dusseldorf, onde ficou por dez meses.

"Minhas coisas ainda estão todas na Ucrânia. Não consegui recuperar nada do que ficou lá”, revela. “Mudou totalmente meus planos. Não tinha nenhum projeto de ir ou conhecer a Alemanha, mas acabei conhecendo, trabalhando e morando lá", ele conta.

Uma proposta interessante fez Jonatan Santiago trocar a Alemanha pela França e, atualmente, ele joga no clube francês Montpellier Méditerranée. 

Lembranças do início do conflito

Mas os primeiros dias do conflito e as dificuldades para deixar a Ucrânia ainda estão muito vivos na memória do atleta. "Naqueles primeiros dias da guerra, era como coisa de filme. Era um pânico total, ninguém nas ruas, nos mercados não tinha nada, tudo fechado, sirenes o dia inteiro, caças voando por cima de nossas cabeças. À noite, barulho de bombas e de tiros para todo lado! Coisas impossíveis de descrever!”, relata.  

“A gente tentou fugir de trem e tinha muita gente que empurrava, batia. A gente não conseguiu sair! Depois tentamos pagar o maquinista, mas ele pegou o dinheiro e não deixou a gente ir”, descreve ele sobre como tentou sair de Kiev no meio do caos dos primeiros bombardeios russos.

“Aconteceu tanta coisa! Foram dez ou 11 dias, mas pareceu que foi um ano. Coisas que não tem como esquecer. A gente dormindo debaixo dos prédios, porque não tinha para onde ir, coisas que ficam marcadas, como se estivéssemos em um filme, então é difícil explicar quando acontece", diz.

Planos de voltar para a Ucrânia

Mas apesar de tudo o que passou e da situação do país, Jonatan tem planos de voltar para a Ucrânia desde que possível. Ele inclusive recebeu um convite do Skyup para voltar a jogar, mas achou arriscado retornar neste momento.

“Eu tenho uns amigos que estão morando lá, que estão como voluntários e estão passando por situações difíceis. Um tomou um tiro há alguns dias, na virada do ano houve muitos ataques, então decidi não voltar ainda”, ele diz. “Eu queria muito, porque eu gosto muito da Ucrânia, sou muito apegado ao leste europeu, vivi dez anos lá”, lamenta o atleta.

A guerra não mudou apenas os planos profissionais de Jonatan Santiago. Desde o início da guerra ele não vê a filha de seis anos. Ele também perdeu muitos amigos.

"Eu tenho um amor e uma conexão muito grandes com a Ucrânia, com as pessoas, eu tenho amigos ucranianos que são incrivelmente atenciosos e sempre estão dispostos a ajudar os brasileiros. Eles amam o Brasil”, conta. “Então eu fico muito triste com o que está acontecendo, pelas famílias, pelas pessoas que perderam suas casas. O país está totalmente destruído. Fico muito triste com essa situação que o povo de lá está passando”, lamenta o brasileiro.

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