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Esporte em foco

Rally Dakar: Brasileiros disputam a maior e mais tradicional competição do gênero no mundo.

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Começou neste sábado (31) o Rally Dakar 2023. Até 15 de janeiro, 820 competidores, de 68 nacionalidades, vão cruzar as areias da Arábia Saudita. A RFI Brasil conversou com Gustavo Gugelmin, um dos brasileiros que disputam a maior competição off-road do mundo.

Começa neste fim de semana a 45ª edição do  Rali Dakar na Arábia Saudita.
Começa neste fim de semana a 45ª edição do Rali Dakar na Arábia Saudita. FRANCK FIFE / AFP
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“É a fórmula 1 do Rally, a fórmula 1 do off-road, a prova mais dura do planeta. São dunas gigantes, deserto, terrenos variados, lama, frio, tem poeira, temos que andar no meio de leito de rio seco”, conta. “É um rally de resistência, você não pode ter erro. Tem que estar em sincronia com o seu equipamento, com corpo e mente, porque passamos longas horas dentro do carro, de 8 a 12 horas todos os dias. Como é um terreno off-road não sabemos o que virá pela frente”, explica sobre os sacrifícios exigidos na prova.

A 45ª edição do evento reúne 455 veículos, entre motos, carros, caminhões, quadriciclos e outras modalidades. Entre os participantes, há 54 mulheres, sendo que cinco equipes são totalmente femininas.

Os corredores enfrentarão quase 8.600 quilômetros, divididos em 14 etapas, atravessando o território saudita de costa a costa, com 70% do percurso inédito. A disputa começa no Sea Camp, às margens do Mar Vermelho e segue em direção à capital, Riad. Cada etapa terá, em média, 450 quilômetros por dia. Os desafios são grandes, como as baixas temperaturas nas etapas montanhosas e uma navegação complexa. 

Areia e dunas

Uma novidade este ano é a travessia do “Empty Quarter”, ou quarteirão vazio, uma imensidão de areia e dunas no Sudeste do país.

Alguns dos melhores pilotos do mundo estão na disputa, prometendo batalhas emocionantes, em todas as categorias, como explica Gugelmin. “Eu recebo a planilha 20 minutos antes, eu não sei por onde passaremos e tenho que ir falando para o piloto: esquerda, direita, cuidado, pedra, mas nem tudo está na planilha, tem que ter muita atenção com os buracos, você está no seu limite e no limite da máquina”, afirma.

“Você tem que ser rápido, tem que ter estratégia, geralmente a gente se mantém no pelotão da frente como se fosse uma maratona. No sétimo dia tem um descanso, tudo para. E temos que estar no pelotão da frente até o sétimo dia e depois é como se fosse outra corrida, muitos equipamentos começam a dar problema”, explica o  brasileiro. 

 

A França tem o maior número de pilotos, seguida pela Espanha e Holanda.

O início de tudo

Essa aventura começou em 1978, numa iniciativa do francês Thierry Sabine, que um ano antes havia se perdido em uma motocicleta no deserto da Líbia, durante um rally. Resgatado das areias, ele imaginou uma rota começando na Europa. O projeto rapidamente se materializou no famoso Paris-Dakar, com largada na capital francesa seguindo até Dakar, no Senegal. A competição mostrou ao mundo paisagens até então pouco conhecidas do grande público. 

Além da França, o percurso já teve a largada na Espanha e em Portugal, atravessando a África. Porém, devido à falta de segurança na Mauritânia, os organizadores cancelaram a disputa em 2008, realizando os eventos seguintes - de 2009 a 2019 - na América do Sul. O rally cruzou as montanhas passando por Argentina, Paraguai, Chile e Peru. E, desde 2020, a competição acontece na Arábia Saudita.

Gustavo Gugelmin disputa a prova na categoria UTV, veículo híbrido para todo tipo de terreno, com o copiloto do americano Austin Jones. Gugelmin já participou de oito edições do Dakar, tendo sido bicampeão do Dakar.

“Eu comecei aos 8 anos de idade no kart, corri por quase 10 anos e o sonho era chegar na Fórmula 1, mas em função de custos e patrocínios eu acabei mudando para o off road. Meu pai é piloto, eu fui como navegador, já fui piloto, mas houve convite para fazer provas internacionais como navegador e não parei mais. É o meu oitavo Rally Dakar, eu ganhei o Rally dos Sertões em 2015, principal competição no Brasil e o Dakar eu ganhei 2018 e 2022”, conta. 

Dessa vez, o brasileiro estará novamente a bordo do Maverick X3 para tentar mais um título. Austin Jones e Gustavo Gugelmin fazem parte da recém-anunciada Red Bull Can-Am Factory Team, equipe formada por pilotos que dominaram os eventos globais de corrida da FIA (Federação Internacional do Automóvel) nos últimos anos.  “Esse ano temos uma novidade, o nosso time ganhou patrocínio oficial da Red Bull, estou extremamente feliz e contente com essa parceria, a gente sabe que a Red Bull tem uma visibilidade no mundo e agora chegou a nossa vez”, diz.  

Outros brasileiros participam do Rally Dakar.

Também estarão a bordo de Can-Am Maverick X3 na categoria T4 Pâmela Bozzano e Cadu Sachs, do Team BBR/Pole Position 77. No mesmo time estão Ênio Bozzano (marido de Pâmela) e Luciano Gomes.

Já na T3, Rodrigo Luppi e Maykel Justo (Can-Am Maverick/South Racing) esperam repetir o desempenho deste ano, marcado por vitória de etapa.

E o mineiro Cristiano Batista estreia com o navegador português Fausto Mota, com outro Maverick do mesmo time.

“Nós temos colocado o Brasil no mapa dessa prova, especialmente nos UTVs", conclui orgulhoso Gugelmin. 

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