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Esporte em foco

Copa no Catar: Seleções anunciam jogadores em meio a novas críticas sobre condições de trabalho na construção dos estádios

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A seleção brasileira começa a partir desta segunda-feira (14), em Turim, na Itália, a última fase de treinamentos antes da estreia na Copa do Catar. Os 26 jogadores devem se apresentar no centro de treinamento da Juventus, escolhido pela comissão técnica para preparar a equipe que vai em busca do hexacampeonato.

Estádio  Al Thumama em Doha, no Catar.
Estádio Al Thumama em Doha, no Catar. AP - Darko Bandic
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No início da semana, o treinador Tite anunciou a tão aguardada lista dos atletas que vão defender a camisa amarelinha. Se a maioria dos nomes já era conhecida, outros provocaram reações contraditórias. Viralizou na internet a reação de Neymar, que demonstrou surpresa ao ouvir o nome de Gabriel Martinelli como um de seus companheiros de ataque. A briga no setor ofensivo foi dura e a escolha de nove nomes para o ataque, sendo que sete irão jogar pela primeira vez uma Copa, foi uma das novidades da lista.

Muitos criticaram a ausência de Gabriel, o Gabi Gol, mas nenhuma convocação provocou tanta discussão e debate quanto a de Daniel Alves. A presença do lateral direito, de 39 anos, atualmente jogador do Pumas, do México, rendeu críticas indignadas de comentaristas, uma vez que há um mês e meio o jogador está sem atuar. Outros saíram em defesa do atleta com maior número de títulos no futebol, 40. Mas o treinador brasileiro justificou que Dani Alves está em forma fisicamente e sua experiência será importante ao grupo.  

Tite exibe a lista dos convocados do Brasil para a Copa do Catar, durante coletiva de imprensa na sede da CBF, na segunda-feira (7), no Rio.
Tite exibe a lista dos convocados do Brasil para a Copa do Catar, durante coletiva de imprensa na sede da CBF, na segunda-feira (7), no Rio. AP - Silvia Izquierdo

França e Portugal anunciaram lista

A seleção brasileira anunciou sua lista de convocados uma semana antes do prazo final fixado pela FIFA, que é nesta segunda-feira. Ao longo da semana, outras seleções também revelaram os atletas que estarão nos gramados do Catar.

A seleção francesa foi revelada em cadeia nacional de televisão com 25 jogadores, incluindo 11 campeões mundiais da Copa de 2018. Mbappé é presença garantida no ataque ao lado de Karim Benzema, recém homenageado com a Bola de Ouro. Aos 36 anos, Olivier Giroud também garantiu seu nome no grupo que vai atrás do terceiro título mundial. Sua presença foi motivo de questionamentos e o técnico Didier Deschamps também precisou se justificar.

“Eu tenho uma opinião sobre o Olivier e ele sabe muito bem. Eu acho que é melhor para a seleção francesa que ele esteja dentro desse grupo. Eu sei que muitos jogadores ficaram decepcionados, tenho consciência disso, mas outros 25 ficaram felizes. Mas assim que chegarem no centro de Clairefontaine vão todos querer ficar entre os 11 titulares. Isso não é possível, então é a força do grupo que será mais importante”, declarou o treinador.   

A seleção portuguesa também mistura jovens talentos com a experiência de Cristiano Ronaldo, que, aos 37 anos, deve disputar sua quinta e última Copa do Mundo. O atacante do Manchester United passa por um período difícil no clube, mas vai liderar uma equipe que só carimbou a vaga no Catar de maneira dramática, na repescagem.

O treinador Fernando Santos traz novidades como o zagueiro do Benfica, Antonio Silva, que aos 19 anos se torna o mais jovem atleta a defender o país em um Mundial. E durante a coletiva de anúncio, disse que os portugueses têm muita ambição para este Mundial. “O que esta equipe pode dar? Vou responder de uma forma sincera: é ser campeã do mundo. Eu acredito que isso é possível, os meus jogadores acreditam. É isso o que esta equipe pode dar”, resumiu.

Críticas de ONGs ao Catar

Não apenas os treinadores das equipes estiveram na linha de frente das críticas durante a semana ao serem questionados sobre suas escolhas. O Catar, país anfitrião da Copa, é permanentemente criticado pelo tratamento oferecido aos imigrantes que trabalharam na construção dos estádios. 

A Anistia Internacional tornou a pedir, na sexta-feira (11), ao presidente da FIFA, Gianni Infantino, que pague uma compensação financeira aos trabalhadores migrantes que construíram os estádios da Copa do Mundo no Catar. O pedido foi publicado no jornal Le Monde. Nove dias antes do início do torneio, a ONG renova um pedido que já havia feito em maio, em conjunto com outras 24 ONGs, incluindo a Human Rights Watch, para remediar os “abusos” que os trabalhadores teriam sofrido.

Em um relatório de 95 páginas, a Organização britânica Equidem também denunciou as más condições de trabalho com base nos relatos de 60 operários estrangeiros que trabalharam entre 2014 e 2022. “O que descobrimos é realmente chocante. Não só os trabalhadores foram submetidos a práticas que podem ser comparadas ao trabalho forçado, como também algumas empresas, incluindo uma que é propriedade direta da família real do Catar, fizeram de tudo para esconder seus métodos dos inspetores do trabalho", afirmou Mustafa Qadri, fundador Equidem, em entrevista à RFI. 

No entanto, a ONG reconheceu reformas feitas pelo país, como a adoção de um salário mínimo de € 207 por mês (equivalente a R$ 1.146 ) e o fim do sistema de apadrinhamento, que impedia uma saída do trabalhador do país ou mudança de emprego, sem a anuência de seu responsável.

"Gostaria de elogiar os esforços de algumas pessoas no Catar e de especialistas internacionais que realmente fizeram tudo para tentar melhorar as condições de trabalho de mais de 2 milhões de trabalhadores, mulheres e homens, em sua maioria, da África, Ásia e outras partes do Oriente Médio. Mas nossa pesquisa mostra que, apesar desses esforços, um sistema de exploração ainda está em vigor no coração da Copa do Mundo. O Catar continua sendo um lugar hostil para operários que têm a coragem de se manifestar contra seu tratamento”, disse

Na quinta-feira, o comitê organizador da Copa rejeitou as acusações da Equidem.  

Sem "lições de moral"

A FIFA também irritou diversas associações de defesa de direitos humanos ao pedir às 32 equipes classificadas para a Copa para se concentrarem “apenas no futebol”, em uma carta divulgada pela rede de tevê Sky News. O presidente da entidade, Gianni Infantino, ainda pediu para as equipes “não darem lições de moral”.  

Na última quinta-feira, a federação de futebol da Dinamarca confirmou o veto da FIFA ao pedido para que, nos treinos, os jogadores da seleção pudessem usar camisetas com inscrições em defesa dos direitos humanos para todos.

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