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Esporte em foco

Gustavo Ferreira e Jadson Soares: de Marília para o Mundial Junior de Bobsled, na Áustria

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Originários de Marília, no interior de São Paulo, Gustavo Ferreira, 19 anos, e Jadson Soares, 18, foram os representantes do Brasil no Campeonato Mundial Junior de Bobsled e Skeleton, em Innsbruck, na Áustria. De passagem por Lisboa antes do regresso ao Brasil, o dois atletas deram uma entrevista, exclusiva, à RFI.

Jadson Soares e Gustavo dos Santos são os atletas da Seleção Brasileira de Bobsled
Jadson Soares e Gustavo dos Santos são os atletas da Seleção Brasileira de Bobsled © Arquivo pessoal
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Para Gustavo, que participou dos Jogos Olímpicos da Juventude, em Lausanne, na Suiça, em 2020, esta nova competição internacional foi enriquecedora. “Mais uma vez representando o Brasil, desta vez obtive ainda mais experiência. Primeira vez competindo no Sub 23 no Mundial Junior, ao lado do meu amigo Jadson Soares, ficamos em nono lugar, nos top dez, que é um resultado super bom. Foi incrível! Foi tudo muito diferente. O Brasil tem um clima tropical e depois temos que acostumar com o gelo", explica o atleta.

A dupla acabou entre os top dez, com o nono lugar na classificação geral no Mundial e em 17° lugar na disputa de two-man (trenó para dois homens), com o tempo total de 1:48:46. Eles mostraram que têm um futuro promissor para os esportes de inverno do Brasil.

Gustavo e Jadson fizeram um tempo de 54.30 na primeira descida da prova. Na segunda tomada de tempo, a dupla melhorou, conseguindo 54.16. Na classificação exclusiva dos atletas  sub-23, os brasileiros ficaram em nono lugar.

O Campeonato Mundial Junior de Bobsled é realizado para atletas de até 26 anos na modalidade. O podio do two-man teve dobradinha alemã com o ouro para Maximilliam Illmann e Lukas koller. 

Os dois paulistas se destacaram em um fim de semana especial para os esportes de inverno do Brasil. No Mundial Paralímpico de esportes na neve, Cristian Ribera foi vice-campeão do esqui cross-country e fez história ao conquistar a medalha.

Esporte pouco conhecido dos brasileiros

O Bobsled, esporte ainda pouco conhecido do brasileiros, é parecido com pilotar um carro, já que o piloto entra no trenó e dirige através de duas manoplas. Treinar em clima tropical não e fácil e exige criatividade e muito trabalho técnico. A base dos treinamento é o atletismo, onde os participantes aprendem a técnica para colocar em prática os fundamentos do esporte. Gustavo treina na areia e no campo. “Treinamos mais a parte física e treinamos para descer em pista só  quando estamos fora do Brasil”, explica.

“O meu esporte no Brasil é o atletismo. Eu venho dos 100 e 200 metros rasos. No Brasil a gente treina a parte fisica e temos um trenó adaptado para treinarmos a parte da empurrada, na largada. E quando estamos em competição na neve, treinamos a parte da pista mesmo com gelo, que lá no Brasil não temos esta possibilidade. Não é fácil e temos que ter muita forca de vontade", conta o jovem.

Gustavo diz que se sente mais preparado desde que competiu pelo Brasil nos Jogos Olímpicos da Juventude, em St. Moritz, nas montanhas da Suíça, no início de 2020. “Desde então, eu me sinto mais preparado, mais maduro. Fui adquirindo experiência com o tempo. Já faz dois anos que participei nas Olimpíadas da Juventude. Depois competi a primeira vez ano passado, na categoria two-men, em Lake Placid, nos Estados Unidos, com o Rafael Souza e o Jefferson Sabino, que são dois atletas que estão indo para as Olimpíadas da China agora. E este ano foi a primeira vez que competi na minha categoria Sub-23”.

Ainda não será desta vez que Gustavo irá participar dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, na China, que serão disputados entre 4 e 20 de Fevereiro, com a participaçao de onze atletas brasileiros (cinco no bobsled). Mas ele tem como meta principal chegar ao time principal de Bobsled no Brasil, em breve.

"Agora meu objetivo é alcançar o time principal, ser integrante da equipe principal de Bobsled, como piloto, e dar progresso ao esporte no Brasil. Contribuir para o futuro do Bobsled”, afirma.

Se é este o futuro que Gustavo almeja, no presente ele treina duro e se espelha nos atletas brasileiros para ir mais longe. "Quem me inspira no Bobsled no Brasil são Edson Bindillati, Edson Martins, que é inclusive da minha cidade, Marília, Rafel Souza e Jefferson Sabino. Tem também o Odirlei Pessoni, que infelizmente veio a falecer em um acidente de moto, e era da nossa equipe. Dos atletas internacionais, me inspiro muito no atleta alemão Francesco Friedrich e no britânico Lamin Deen. Eu me espelho muito neles”, enumera.

“Agora vou voltar para o Brasil e já vou começar a treinar sem tempo de descanso pois em março eu já viajo novamente para a Escola de Pilotagem, em Lake Placid", avisa. "É muito gratificante vestir o uniforme do Brasil! Me dá um orgulho imenso vestir o uniforme do país. Olhar para nossa bandeira, que eu acho maravilhosa. Tenho um amor à pátria e é muito gratificante pra mim. A palavra que define é mesmo o orgulho, muito orgulho!", diz o atleta. “O esporte mudou a minha vida. Conheci vários países, vivi muitas experiências, aprendi a falar outras línguas. Mudou muito a minha vida.”

Estreia internacional de Jadson Soares

O Mundial Junior, em Innsbruck, foi a primeira competição internacional de Jadson Soares. “Foi uma experiência incrível estar representando o Brasil. Foi a minha primeira vez em um campeonato internacional e gostei muito de ter participado", celebra. "É maravilhoso poder participar em um evento internacional importante como este. Eu já havia competido algumas outras vezes pelo atletismo e agora vim com o Gustavo no Bobsled e, por ser o mundial, foi emocionante!”

Jadson que, como Gustavo, também vem do atletismo e compete nos 400 metros rasos, não imaginava que iria acabar aderindo ao Bobsled. "Não tinha ideia que iria competir no Bobsled. É mesmo muito diferente. O Brasil é um pais tropical e o Bobsled é um esporte de gelo e como o Gustavo disse, a gente treina o lado fisico e depois vem competir".

“Estou muito orgulhoso pois além de tudo, nós competimos numa categoria acima. Eu tenho 18 anos e pertenço à categoria Sub-20, mas na Áustria competimos na categoria Sub-23, ou seja, competimos com o pessoal mais velho", comenta.

Apesar do nervosismo de estrear numa competição internacional, Jadson explica o segredo para manter a calma e de como ter o apoio da familia é importante. “Estamos bem treinados. Foi só chegar e competir! Fazia tempo que eu não competia pelo Bobsled pois estava focado só no atletismo e minha familia ficou muito feliz com esta minha participação no mundial", resume o atleta, que agora vai estar focado no Mundial de Atletismo Sub-20. 

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