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Contagem Regressiva Paris 2024

Ataque perto da torre Eiffel levanta dúvidas sobre a segurança dos Jogos Paris 2024

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As agressões cometidas recentemente na ponte de Bir Hakeim e numa avenida às margens do rio Sena, perto da torre Eiffel, levantam questões sobre a segurança dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Paris-2024. Segundo a polícia francesa, o autor do ataque que resultou na morte de um turista alemão, agiu sozinho. O franco-iraniano de 26 anos, que havia jurado lealdade à organização terrorista Estado Islâmico, expôs o que pode ser considerada uma fragilidade diante do desafio de receber tantos visitantes. 

Policiais patrulham a região do Trocadéro, em Paris. Em 03/12/2023.
Policiais patrulham a região do Trocadéro, em Paris. Em 03/12/2023. AP - Christophe Ena
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A preocupação é maior para a abertura, com participação de centenas de milhares de pessoas, na primeira cerimônia da história dos Jogos Olímpicos ao ar livre. No dia 26 de julho, precisamente às 20h24, as delegações estrangeiras irão desfilar em embarcações passando por monumentos parisienses, enquanto os espectadores assistirão ao evento nas margens do rio Sena. Os chefes de Estado e de governo convidados ficarão em tribunas instaladas na praça do Trocadéro, na  margem oposta à Torre Eiffel.

Apesar da ameaça terrorista ter sido revista para cima, desde o início do conflito entre Israel e o Hamas, as autoridades não pretendem mudar o local da cerimônia, explica Amélie Oudéa-Castéra, ministra dos Esportes da França. "Nós não temos um plano B. Nós temos um plano A, no qual poderão ser analisadas variáveis de ajustamento e certas adaptações. É o caso do projeto artístico, que só será finalizado na primavera e que poderemos reduzir, se necessário. Em termos de capacidade de espectadores, também poderemos ajustar os números futuramente.

O mesmo acontecerá com os pontos de festividades autorizados em Paris", diz. "Há dispositivos de segurança que serão reforçados durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, por exemplo no local onde aconteceu esse atentado terrível, e que é considerado como de segurança antiterrorista, na qual temos a possibilidade de haver controles extremamente fortes, com revistas, exame de identidade. Temos um desafio de segurança incontestável para a cerimônia de abertura e sabemos isso desde o primeiro dia", completa a ministra dos Esportes.

A porta-voz do Ministério do Interior, Camille Chaize, explica a natureza das ameaças em jogo. "A principal ameaça que nos assusta é o terrorismo. Tivemos um exemplo recente. E sabemos que há uma ameaça endógena que é persistente de pessoas que podem praticar atos dessa natureza. Há ainda riscos de perturbações no percurso da chama olímpica ou mesmo das provas, por grupos radicais que queiram cometer atos violentos ou se fazerem ouvir. Em termos de militância, pode ser da extrema esquerda, de movimentos ambientais. E temos os ciberataques, como vimos nos Jogos Olímpicos de Tóquio ou mesmo do Rio, que sofreram ataques cibernéticos", afirma Chaize.

Plano especial de proteção

O secretário de Segurança Pública de Paris já definiu o plano de proteção policial das áreas ao redor dos locais de competição dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. A prioridade é a segurança do público, atletas e autoridades, mas o projeto deve dificultar a vida dos moradores da capital francesa.

No total, serão quatro perímetros de segurança. O primeiro assegura a proteção de áreas onde só pessoas com credenciamento - atletas, jornalistas, empregados da organização - poderão acessar. O segundo é o perímetro de alta segurança onde estarão autoridades, como chefes de Estado e de governo.

Dois outros perímetros regulam a circulação e foram separados por duas cores. A área vermelha são os espaços ao redor dos locais de competição que estarão fechados ao tráfego de veículos. A área azul é um perímetro estabelecido em torno da área vermelha, em que apenas veículos de pessoas que vivem ou trabalham nesses locais vão poder circular.

Para quem precisar trafegar por esses espaços, uma autorização em formato de código QR será exigida. O documento será gerado por meio de uma plataforma na internet que está sendo desenvolvida.

Outros seis pontos que terão restrição de circulação ficam na periferia da capital francesa. Entre eles está o município de Saint-Denis, ao norte de Paris, que vai abrigar o centro aquático e os alojamentos dos atletas.

O chefe da polícia de Paris, Laurent Nunez, insiste que os espectadores poderão confiar nas medidas de segurança que serão postas em prática. "Nós não precisamos recolher muitas informações, apenas o necessário para ter certeza de que as pessoas têm alguma coisa a fazer nos locais onde estiverem. Porque elas trabalham, moram na região, ou irão a um restaurante naquela zona e que este restaurante tem um estacionamento onde ela possa colocar o carro", explica.  

Enquanto o Ministério francês do Interior pretende mobilizar cerca de 35 mil membros das forças de ordem, para garantir que tudo corra bem durante as provas, o setor de segurança privada pode entrar em campo para atender à demanda de pessoal. Mas o setor enfrenta dificuldades para atrair novos profissionais, como explica Pierre Brajeux, presidente da Federação Francesa de Segurança Privada. "Estamos nos preparando há bastante tempo. Temos uma questão de mão de obra, até sabermos se todos os efetivos previstos poderão estar a postos. Temos uma problemática geográfica, pois quase todos os eventos serão concentrados na região de Paris, onde devem estar três quartos da necessidade de pessoal de segurança privada dos Jogos. Temos, também, uma problemática temporal, pois o período dos jogos é um período tradicionalmente de férias. Neste momento, estimamos que faltam 20 mil seguranças e no período dos jogos chegaremos a uma carência de efetivo de 25 mil. Mas ela terá que ser cumprida, pois não temos escolha", conclui.

Para acelerar o processo de recrutamento, desde o mês de junho é dada aos interessados uma formação mais rápida, permitindo uma licença de trabalho para a supervisão de grandes eventos, mas com validade apenas até setembro de 2025.

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