Na semana do Dia da Mulher, imprensa francesa homenageia deputada brasileira ex-empregada doméstica
Publicado em:
Ouvir - 02:13
Na semana do Dia Internacional da Mulher, as revistas semanais francesas destacaram a realidade de mulheres de diferentes lugares do mundo, entre elas, a deputada brasileira de São Paulo Ediane Maria do Nascimento e as iranianas do movimento “Mulher, Vida, Liberdade”.
A revista francesa L’Express desta semana traça o perfil da deputada estadual paulista Ediane Maria do Nascimento (PSOL). A ex-empregada doméstica se transformou em representante do estado mais populoso do Brasil e “cujo PIB ultrapassa os da Bélgica e da Argentina”, destaca a publicação.
O texto afirma que após sua chegada à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, ALESP, Ediane conseguiu mudar os hábitos dos outros deputados, que agora cumprimentam o pessoal que faz a limpeza do prédio. “Antes, ninguém notava a presença deles”, diz Ediane à revista.
“Em um estado que vota tradicionalmente à direita, a personalidade e o carisma de Ediane Maria seduziram mais de 175 mil eleitores”, ressalta L’Express, lembrando que apesar do estado de São Paulo ter uma reputação conservadora, a capital, onde ela obteve mais votos, tem um perfil mais progressista.
A revista conta a história da pernambucana que chegou em São Paulo aos 18 anos e sonhava em ser professora. “Eu ainda não tinha entendido que nós, os negros, somos relegados às funções subalternas, privados dos direitos mais elementares, como acesso à educação”, afirma, em entrevista à publicação francesa.
Pela história da deputada, a revista conta os desafios das milhares de mulheres empregadas domésticas no Brasil, 7 milhões – “três quartos trabalhando na informalidade”.
Mulheres do Irã e Afeganistão
A revista L’Obs dá destaque à situação das mulheres no Irã, um ano e meio depois da morte da jovem Mahsa Amini. “Mulher, Vida e Repressão”, diz o título da reportagem que mostra como a República Islâmica conseguiu acabar com uma onda de manifestações lançadas pelas mulheres iranianas e que fez “tremer as bases do regime”.
De setembro de 2022 a fevereiro de 2023, 530 manifestantes foram mortos pela repressão do governo iraniano, segundo a ONG Human Rights Activists News Agency.
A L’Obs também publica artigos de opinião de sete intelectuais iranianas, entre elas a prêmio Nobel da Paz de 2023, Narges Mohammadi. “O apartheid de gênero é um crime contra a humanidade”, escreve a militante feminista que está presa no presídio de Evin, no Irã.
Já a Le Point lembra que desde que os Talibãs retomaram o poder no Afeganistão, em agosto de 2021, 28 milhões de mulheres e meninas foram “emparedadas vivas” porque estão proibidas de sair de casa e desapareceram do espaço público.
A revista traça a lista dos abusos dos quais as mulheres são vítimas no país: proibição da educação para meninas com mais de 12 anos, expulsão delas das universidades, proibição de trabalhar – o que leva milhares de famílias à situação de pobreza –, exclusão de competições esportivas e proibição de sair de casa sem um tutor.
Em 4 de março, os talibãs anunciaram que as mulheres não teriam mais o direito de possuir telefones celulares. No Afeganistão, “cada dia, ou quase, uma nova proibição é sancionada”, diz Le Point.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro