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A Semana na Imprensa

Terrorismo, o quebra-cabeça dos presos radicalizados que assombra a França às vésperas dos Jogos Olímpicos

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As revistas francesas Le Point e L'Express se debruçam sobre a questão dos presos radicalizados no país, um verdadeiro enigma para os serviços de segurança franceses que tentam identificar e prevenir novos atentados terroristas às vésperas dos Jogos Olímpicos de 2024 em Paris.

Um policial forense trabalha no local de um ataque com faca em Paris, em 2 de dezembro de 2023. O ataque terrorista ocorreu perto da Torre Eiffel.
Um policial forense trabalha no local de um ataque com faca em Paris, em 2 de dezembro de 2023. O ataque terrorista ocorreu perto da Torre Eiffel. AFP - DIMITAR DILKOFF
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Segundo a reportagem da revista Le Point, "o ataque perto da Torre Eiffel do dia 2 de dezembro levanta a questão de como os indivíduos radicalizados são monitorados depois de serem libertados da prisão na França".

Depois que um ex-prisioneiro terrorista assassinou um turista perto do monumento francês mais visitado do planeta, o debate tem se concentrado no uso da chamada "rétention de sûreté", ou seja, a possibilidade de estender medidas coercitivas a uma pessoa que já cumpriu sua pena de prisão na França. "O problema não será resolvido exclusivamente por meio da detenção de segurança. Até o momento, as condições para essa medida têm sido extremamente restritivas, e precisamos rever os termos e condições se quisermos aplicá-la aos terroristas islâmicos", diz a reportagem.

Já para a revista L'Express, "o enorme desafio será a centena de prisioneiros radicalizados que em breve sairão das prisões" francesas. Para a publicação, a França vem sendo avisada dessa problemática "há anos". "O pesquisador Hugo Micheron foi o primeiro a nos prevenir, quando lançou, em 2019, o livro 'O jihadismo francês, QGs, Síria, prisões', um panorama detalhado da radicalização islamista francesa, onde ele evoca o caso de prisioneiros prestes a agir desde que saem da prisão", publica a revista.

Prevenção

"Eles são atualmente cerca de 391 detentos terroristas islamistas e 462 presos comuns susceptíveis de radicalização", revela L'Express, que pergunta como evitar novos ataques no momento em que cerca de 100 deles serão libertados. Entre as possíveis soluções apontadas pela revista, constam "a obrigação de comparecer a uma delegacia todos os dias, o bracelete eletrônico, a vigilância de suas redes sociais e de todo e qualquer signo de intenção violenta". Segundo L'Express, "não existe a possibilidade de risco zero" nesses casos.

Para Le Point, "é preciso judicializar com mais antecedência os casos de indivíduos detectados como islamistas radicais", mas também de "condenar com penas mais pesadas todos os autores de infrações contra as leis antiterroristas, mesmo aqueles que ainda não cometeram assassinatos".

A revista francesa aborda ainda a questão da saúde mental de alguns desses detentos. "No caso de indivíduos com distúrbios de personalidade, seria pertinente de viabilizar um dispositivo de cuidados específicos para a criminalidade ligada ao terrorismo", diz Le Point, que finaliza argumentando que, "no entanto, é preciso tomar cuidado para não 'psiquiatrizar' o jihadismo", ou seja, não justificar o ato terrorista como loucura, e sim como uma "consequência da radicalização islamista".

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