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A Semana na Imprensa

Extrema direita e esquerda radical conquistam cada vez mais espaço na França

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As revistas francesas desta semana dão grande destaque para a política interna, em especial para a evolução dos dois partidos situados nos extremos do tabuleiro. Enquanto A França Insubmissa, da esquerda radical, faz muito barulho, principalmente por causa do polêmico projeto de reforma da aposentadoria em debate atualmente, o Reunião Nacional, de Marine Le Pen, da extrema direita, vem conquistando cada vez mais espaço com uma estratégia silenciosa, mas eficaz.

Marine Le Pen (e), do partido Reunião Nacional, consegue manter sua popularidade, enquanto Jean-Luc Mélenchon, da França Insubmissa, perde força em meio ao debate sobre a reforma da aposentadoria.
Marine Le Pen (e), do partido Reunião Nacional, consegue manter sua popularidade, enquanto Jean-Luc Mélenchon, da França Insubmissa, perde força em meio ao debate sobre a reforma da aposentadoria. © AFP/Ludovic Marin
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Com a manchete “A conquista silenciosa” do Reunião Nacional, a revista L’Obs explica a banalização do partido de Le Pen desde a eleição presidencial de 2022. Em editorial, a diretora da publicação ressalta que esse processo de aceitação da legenda se consolidou principalmente com a eleição legislativa em junho de 2022, quando o partido de Le Pen conquistou 88 cadeiras na Assembleia. Desde então, esse número inédito de deputados da legenda tem contribuído para “enraizar tranquilamente a ideia de que o Reunião Nacional é um partido como outro qualquer”, aponta o texto.

De acordo com a própria Marine Le Pen, essa entrada no Congresso era “o obstáculo que faltava para conquistar o poder”, lembra a revista, que já especula suas chances de vencer a eleição presidencial de 2027. “Se antes o mundo político se questionava se ela poderia ganhar, agora já se pergunta se ela ainda pode perder’”, resume a L’Obs, lembrando o descontentamento de parte da população com a administração de Emmanuel Macron.

Enquanto isso, a revista Le Point se interessa, em sua matéria de capa, pelo outro extremo da política francesa, o partido França Insubmissa, que também vem se destacando no panorama nacional, mas com uma estratégia diferente. Enquanto o Reunião Nacional tenta conquistar os eleitores discretamente, a legenda da esquerda radical, pilotada por Jean-Luc Mélenchon, é adepta dos discursos barulhentos e de milhares de emendas que apresenta para tentar bloquear os projetos de lei.

Burgueses melanchonistas

Mas, paralelamente, o partido da esquerda radical conseguiu conquistar parte da intelligentsia francesa, que a publicação apelida de “burgueses melanchonistas”. Para Le Point, que traz na reportagem principal uma foto de Mélenchon ao lado da escritora e prêmio Nobel de literatura, Annie Ernaux, “boa parte das elites culturais e urbanas é fascinada pela radicalidade da França Insubmissa”.

De acordo com a revista, esse fenômeno contribuiu para o sucesso eleitoral de seu partido em 2022, com Mélenchon em terceiro lugar no primeiro turno da eleição presidencial. Além disso, a França Insubmissa elegeu 72 deputados nas legislativas, contra apenas 17 no pleito anterior.

Diante de uma onda de contestação da administração de Macron, reforçada pelo criticado projeto de reforma da Previdência, estopim de diversas greves apenas este ano, tanto a extrema direita quanto a esquerda radical se mostram confiantes sobre sua capacidade de obter um lugar ao sol no segundo turno da eleição presidencial em 2027, apontam as revistas francesas. A tal ponto que em entrevista à L’Express, a deputada da França Insubmissa, Clémentine Autain, já aposta em uma disputa final entre a extrema direita e a Nupes, a união de esquerda criada junto com Mélenchon, que se posiciona como candidato potencial para tentar novamente a conquista do Palácio do Eliseu, sede da presidência.

No entanto, como explica L’Express, Mélenchon perdeu o controle dessa união de esquerda que ele mesmo ajudou a criar. E foi justamente o debate sobre a reforma da aposentadoria que enfraqueceu o líder da esquerda radical, analisa a revista, lembrando que, ao criticar os sindicatos, Mélenchon acabou enfraquecido.

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