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"Conspiração política": preso na Índia, principal opositor do premiê Modi é acusado de corrupção

A menos de um mês do início das eleições legislativas na Índia, um dos principais opositores do primeiro-ministro Narendra Modi compareceu esta sexta-feira (22) em um tribunal, depois de ter sido detido na véspera sob a suspeita de envolvimento em uma investigação de corrupção. Seus aliados denunciam uma “conspiração política”.

Apoiadores do partido Aam Aadmi (AAP) com o líder e ministro-chefe de Delhi, Arvind Kejriwal, após sua prisão pela Agência de Repressão a Crimes Financeiros da Índia, em Nova Delhi, em 21 de março de 2024.
Apoiadores do partido Aam Aadmi (AAP) com o líder e ministro-chefe de Delhi, Arvind Kejriwal, após sua prisão pela Agência de Repressão a Crimes Financeiros da Índia, em Nova Delhi, em 21 de março de 2024. © Stringer / Reuters
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Arvind Kejriwal, o principal político de Nova Delhi, foi levado à sala de audiências de um tribunal na capital indiana, rodeado por agentes da Direção de Execução, para solicitar a sua libertação sob fiança.

A sua equipe jurídica inicialmente queria contestar a legalidade da detenção no Supremo Tribunal, mas Shadan Farasat, um dos seus advogados, disse à agência AFP que os defensores optaram por apelar a um tribunal inferior.

Kejriwal é ministro-chefe de Delhi e um dos principais líderes da aliança de oposição que enfrentará Modi a partir de 19 de abril nas próximas eleições. Ele foi preso na noite de quinta-feira (21), após várias horas de interrogatório.

Centenas de militantes do seu partido, o Aam Aadmi (AAP), saíram às ruas nesta sexta-feira para protestar contra a detenção. A polícia dispersou a multidão que tentava bloquear um cruzamento rodoviário movimentado.

Vários manifestantes foram presos, incluindo a ministra da Educação do Estado de Delhi, Atishi Marlena Singh, e o ministro da Saúde, Saurabh Bhardwaj, segundo um jornalista da AFP no local.

Singh anunciou na noite de quinta-feira a prisão de Kejriwal, de 55 anos, denunciando uma "conspiração política" orquestrada pelo partido nacionalista hindu Bharatiya Janata (BJP), de Modi. “Fomos claros desde o início: se necessário, Arvind Kejriwal liderará o governo a partir da prisão”, disse ela à imprensa.

Outras pequenas reuniões de apoio a Kejriwal ocorreram na sexta-feira em várias cidades indianas.

O governo de Kejriwal, que faz campanha contra a corrupção, foi acusado do mesmo crime na concessão de licenças privadas para bebidas alcoólicas. Ele introduziu uma polêmica política de liberalização das vendas de álcool no estado de Delhi em 2021, ao convidar participantes do setor privado a abrir lojas e acabar com o monopólio estatal.

Esta política de liberalização foi interrompida em 2022 e a investigação que se seguiu sobre a alegada corrupção no licenciamento já resultou na prisão de dois membros de alto escalão do AAP de Kejriwal.

“Declínio da democracia” 

Arvind Kejriwal, que foi ministro-chefe de Delhi por quase uma década e assumiu o cargo pela primeira vez como um firme defensor do combate à corrupção, resistiu a várias convocações da Diretoria de Aplicação da Lei para ser ouvido na investigação.

Ele está entre os principais líderes da oposição que enfrentam investigações criminais,  que os seus aliados dizem ter motivação política. Segundo o ministro-chefe do estado de Tamil Nadu (sudeste), MK Stalin, membro do bloco de oposição, a prisão de Kejriwal "assemelha-se a uma desesperada caça às bruxas".

“Nem um único líder do BJP enfrenta escrutínio ou prisão, o que demonstra o seu abuso de poder e o declínio da democracia”, acrescentou.

Os opositores políticos de Modi e grupos de defesa dos direitos internacionais há muito soam o alarme sobre a redução do espaço democrático na Índia. O think tank americano sobre democracia Freedom House estimou este ano que o BJP tinha “explorado cada vez mais as instituições governamentais para atingir os seus opositores políticos”.

Rahul Gandhi, membro do Congresso, principal partido da oposição e descendente de uma dinastia que dominou a política indiana durante décadas, foi considerado culpado de difamação no ano passado, na sequência de uma queixa apresentada por um membro do partido de Modi. Ele foi condenado a dois anos de prisão, mas o veredito foi suspenso após recurso.

O AAP, o Congresso e vários outros partidos formaram uma coligação de oposição antes das eleições que acontecem entre abril e junho. Poucos esperam que o bloco consiga um avanço contra Narendra Modi, que continua com alta popularidade, uma década depois de assumir o cargo.

(Com AFP)

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