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Em Gaza, "uma verdadeira máfia se apropria de quase toda a ajuda humanitária"

A guerra em Gaza está entrando em seu sexto mês. A população civil enfrenta no cotidiano os bombardeios israelenses, as doenças, a falta de água e comida e o aumento da criminalidade local. Com o desmantelamento gradual do Hamas, que estava no poder na Faixa de Gaza desde 2007, o território palestino agora também está entregue a gangues que aproveitam do desespero da população para vender produtos a preços exorbitantes.

Palestinos fazem fila para aguardar o recebimento de ajuda humanitária em Rafah.
Palestinos fazem fila para aguardar o recebimento de ajuda humanitária em Rafah. REUTERS - Ibraheem Abu Mustafa
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Sami Boukhelifa, correspondente da RFI em Jerusalém

A Faixa de Gaza foi isolada por Israel, que restringe a passagem dos caminhões carregados de alimentos e remédios. Mas, quando a ajuda humanitária chega ao enclave, poucos civis se beneficiam dos suprimentos.

"Há uma verdadeira máfia que coloca as mãos em quase toda a ajuda. No final, não nos resta nada e é a mesma situação no norte, centro e sul da Faixa de Gaza”, lamenta Randa, um morador. A ajuda roubada é revendida à população que pode pagar o preço estipulado pelos mafiosos.

Antes da guerra, um saco de farinha custava cerca de US$ 10 dez dólares, agora chega a US$ 200. "Conseguir alimentar a família todos os dias é um feito e tanto", diz Nader, pai de três filhos. "Não temos escolha, para comer, temos que nos endividar. Em 150 dias de guerra, a situação só piora, é uma catástrofe", disse.  

No norte da Faixa de Gaza, os saques estão aumentando. Diante do crescimento desse mercado paralelo, o Programa Alimentar Mundial anunciou há duas semanas que suspenderia as entregas de alimentos para o norte do enclave.

Israel poderá armar civis para proteger ajuda humanitária

As autoridades israelenses estão considerando a hipótese de armar civis na Faixa de Gaza para proteger a entrega de ajuda humanitária no enclave palestino, de acordo com o jornal israelense Israel Hayom.  

A medida está sendo analisada após o incidente ocorrido no norte da Faixa de Gaza em 29 de fevereiro, durante a distribuição dos mantimentos. Na ocasião, soldados israelenses dispararam contra multidões, matando dezenas de pessoas.  

A tragédia gerou indignação mundial e evidenciou o problema da logística da ajuda humanitária, que deveria ser coordenada entre Israel e as agências da ONU. A polícia municipal de Gaza se recusa a proteger os comboios porque teme ser atacada pelas forças israelenses. 

De acordo com o jornal, os civis escolhidos para garantir a segurança das distribuições de ajuda não têm ligação com o movimento islâmico e outros grupos armados palestinos. 

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, adiou uma decisão sobre o assunto. Seu gabinete não quis fazer comentários.

(RFI e AFP)

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