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Frota de guerra internacional pode não ser suficiente para impedir ataques huthis no Mar Vermelho

Os Estados Unidos condenaram nesta terça-feira (19) os ataques "sem precedentes" a navios mercantes no Mar Vermelho praticados por rebeldes huthis do Iêmen. Para garantir mais segurança nesta passagem estratégica do comércio internacional, o contratorpedeiro britânico HMS Diamond juntou-se à frota criada para enfrentar as ações criminosas dos iemenitas, anunciou o Ministério da Defesa britânico, após uma reunião virtual de mais de 20 países. Porém, segundo especialistas ouvidos pela RFI, os esforços podem não ser suficientes.

A captura do cargueiro Galaxy Leader pelos rebeldes huthis do Iêmen no Mar Vermelho representa um precedente perigoso para o comércio marítimo global.
A captura do cargueiro Galaxy Leader pelos rebeldes huthis do Iêmen no Mar Vermelho representa um precedente perigoso para o comércio marítimo global. © Ansarulah Media Centre, AFP
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A onda de ataques de drones e mísseis, o último dos quais teve como alvo dois navios na segunda-feira (18), ameaça perturbar o comércio global, levando grandes empresas de transporte marítimo a evitarem a passagem através do Estreito de Bab al-Mandeb.

Apesar da criação de uma nova força multinacional de proteção marítima na região por onde passa 40% do comércio mundial, os rebeldes huthis afirmam estar determinados a continuar os ataques contra navios que se dirijam a Israel.

Frédérique Encel, doutor em geopolítica e professor da Science Po, acredita que o esforço internacional terá de ser mais incisivo. “Até o momento, não há uma coalizão, pois essa não é uma aliança militar que mira em um objetivo. Trata-se, por enquanto, apenas de escoltar um certo número de navios”, explica. “O desafio é impedir que os rebeldes huthis do Iêmen tenham as embarcações internacionais como alvo e para isso, eu acredito que será necessário um apoio aéreo”, completa.  

Um dia depois de anunciar a criação de uma coligação de dez países para combater as agressões no Mar Vermelho, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, voltou a alertar para a “ameaça” da livre circulação de mercadorias. Austin falou durante uma reunião virtual com altos representantes de 43 países, bem como da União Europeia e da Otan, dedicada a combater a crescente ameaça à navegação no Mar Vermelho, especifica o porta-voz do Pentágono, General Pat Ryder.

A aliança anunciada segunda-feira inclui Estados Unidos, Reino Unido, Bahrein, Canadá, França, Itália, Holanda, Noruega, Ilhas Seicheles e Espanha.

A medida irritou os huthis, apoiados pelo Irã. “Mesmo que a América mobilize o mundo inteiro, as nossas operações militares não irão parar. (…) Não importa os sacrifícios que isso nos custe”, disse Mohammed al-Bukhaiti, um alto funcionário rebelde iemenita.

O seu principal porta-voz, Mohammed Abdelsalam, concordou, dizendo na rede X que os huthis agiam em “solidariedade ao povo palestino e contra o bloqueio da Faixa de Gaza”.

Segundo o Pentágono, os rebeldes já lançaram mais de 100 ataques, visando 10 navios mercantes ligados a mais de 35 países. Em novembro, eles capturaram o Galaxy Leader, fazendo reféns seus 25 tripulantes. O navio e a tripulação ainda estão no Iêmen.

Por causa dessa ameaça, os preços dos seguros dispararam, levando as principais companhias marítimas a redirecionarem seus navios a contornarem a África, pelo Cabo da Boa Esperança, apesar dos custos adicionais de combustível em uma viagem muito mais longa.

Ligação entre continentes

O Mar Vermelho é uma "hidrovia marítima" que liga o Mediterrâneo ao Oceano Índico e, portanto, a Europa à Ásia. Cerca de 20 mil navios passam pelo Canal de Suez todos os anos, outro ponto de entrada e saída para as embarcações que passam pelo Mar Vermelho.

Segundo analistas, a aliança anunciada por Washington será ineficaz contra os rebeldes. “Os huthis têm um arsenal significativo de drones e mísseis (...) e alguns serão difíceis de interceptar”, disse à AFP Andreas Krieg, professor do King's College de Londres.

Reforço britânico

O navio de guerra britânico HMS Diamond chegou durante o fim de semana ao Mar Vermelho e foi apresentado por Londres como “um dos mais modernos da Marinha Real”. A embarcação se junta a uma força composta por três destroieres americanos e uma fragata francesa, especificou o Ministério em um comunicado.

“Estamos confiantes de que uma força composta pelas Marinhas dos EUA e da Grã-Bretanha em particular, bem como dos nossos aliados franceses, ofereça uma capacidade considerável para dissuadir futuros ataques e proteger a navegação comercial”, disse um porta-voz do primeiro-ministro britânico Rishi Sunak.

“Os rebeldes são apoiados por Teerã e sabemos que o Irã procura minar a estabilidade na região”, acrescentou o porta-voz de Downing Street. "Somos claros neste assunto. É por isso que estamos agindo ao lado dos nossos aliados para proporcionar a dissuasão necessária para proteger o comércio marítimo," finalizou.

(Com informações da RFI e da AFP)

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