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Cresce pressão internacional contra governo de Israel por destruição da Faixa de Gaza

Nesta quarta-feira (13), 68° dia de guerra entre Israel e o Hamas, o governo israelense enfrenta pressão crescente de seus aliados. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, denuncia "bombardeios indiscriminados" na Faixa de Gaza, onde a situação humanitária é considerada desesperadora para a população palestina. Outros líderes endossam as críticas.

Palestinos acompanham transporte de corpo de criança morta em bombardeio israelense que destruiu casas em Rafah nesta quarta-feira.
Palestinos acompanham transporte de corpo de criança morta em bombardeio israelense que destruiu casas em Rafah nesta quarta-feira. REUTERS - STAFF
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Substituindo um Conselho de Segurança paralisado, a Assembleia Geral da ONU exigiu na noite de terça-feira (12) "um cessar-fogo humanitário imediato" em Gaza, em uma resolução adotada por 153 votos a favor, 10 contra e 23 abstenções. Essa maioria esmagadora superou até mesmo a das resoluções que condenaram a invasão russa na Ucrânia. No entanto, o texto não vinculativo não condena o Hamas, o movimento islâmico palestino que está no poder em Gaza desde 2007 e foi responsável pelo sangrento ataque ao território israelense em 7 de outubro. Essa ausência foi condenada por Israel e pelos Estados Unidos, que votaram contra a resolução.

Apesar de ser um fervoroso defensor de Israel, Joe Biden criticou o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de uma forma sem precedentes, por sua oposição a uma solução de "dois estados" com os palestinos, e alertou contra a erosão do apoio internacional à sua guerra.

"Não há dúvida sobre a necessidade de eliminar o Hamas", disse o presidente americano. Mas, advertiu, embora Israel tenha atualmente o apoio da "maior parte do mundo", "está perdendo esse apoio com os bombardeios indiscriminados que estão ocorrendo".

"Posição real"

De acordo com o secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, a maioria que votou a favor da resolução "reflete a posição real da opinião pública internacional a favor desse apelo, e não do Conselho de Segurança". "Aqueles que se opuseram à resolução ou se abstiveram estão do lado errado da história", acrescentou o dirigente árabe na rede social X.

"Sofrimento contínuo"

Em uma rara declaração conjunta, os primeiros-ministros do Canadá, Austrália e Nova Zelândia disseram nesta quarta-feira que estavam "alarmados com a diminuição do espaço seguro para os civis em Gaza". "O preço para derrotar o Hamas não pode ser o sofrimento contínuo de todos os civis palestinos", acrescentaram. 

"Inferno na Terra"

Na Faixa de Gaza, onde 85% dos 2,4 milhões de habitantes foram deslocados – muitos deles várias vezes desde 7 de outubro – e bairros inteiros foram destruídos por bombardeios, os palestinos estão vivendo "o inferno na Terra", disse o diretor da agência da ONU para refugiados palestinos (Unrwa), Philippe Lazzarini.

Dia sangrento

O Exército de Israel anunciou que 115 soldados morreram na Faixa de Gaza desde o início da ofensiva contra o Hamas. Dez soldados morreram durante os combates no norte da Faixa de Gaza na terça-feira, entre eles dois oficiais de alta patente. Segundo as forças de segurança, esse foi dia mais letal para o Exército israelense desde o início das operações terrestres em 27 de outubro. Já o Ministério da Saúde do Hamas apontou mais de 50 mortes de palestinos na Cidade de Gaza, em Nousseirat, Deir al-Balah, Khan Younès e Rafah.

Rússia pede mediação da ONU

O chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, pediu nesta quarta-feira às Nações Unidas que convoquem uma conferência internacional para resolver o conflito israelo-palestino. 

"A única maneira possível de solucionar esse problema para sempre e resolvê-lo de forma justa é organizar uma conferência internacional com a participação obrigatória dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, da Liga Árabe, da Organização de Cooperação Islâmica e do Conselho de Cooperação do Golfo", disse Lavrov à imprensa depois de se dirigir aos senadores russos. 

Lavrov reiterou a posição russa, ou seja, o apoio à criação de um Estado palestino "solenemente prometido" em 1948, enfatizando que "a injustiça contínua em relação ao povo palestino (...) alimenta poderosos sentimentos terroristas e extremistas" na região.

UE defende punição contra colonos

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse, por sua vez, ser "a favor" de sanções contra os colonos "extremistas" da Cisjordânia. Em discurso perante o Parlamento Europeu, a dirigente argumentou que o aumento da violência nesse território palestino ocupado por Israel ameaça a estabilidade da região.

"O aumento da violência por parte dos colonos extremistas está infligindo imenso sofrimento aos palestinos. Isso prejudica as perspectivas de uma paz duradoura e pode agravar ainda mais a instabilidade regional. É por isso que sou a favor da punição dos envolvidos nos ataques na Cisjordânia", disse Von der Leyen em Estrasburgo, falando em francês.

De acordo com Israel, 1.200 pessoas, a maioria civis, morreram no ataque de 7 de outubro e cerca de 240 pessoas foram sequestradas e levadas para Gaza. Um total de 135 reféns permanecem no enclave palestino. O Exército recuperou em Gaza os corpos de mais dois reféns: Eden Zacharia, uma mulher de 27 anos sequestrada no festival Supernova, e o militar Ziv Dado, de 36 anos.

Último balanço do Ministério da Saúde do Hamas informa que 18.412 pessoas morreram nos bombardeios israelenses. A maioria das vítimas são mulheres e menores de 18 anos.

Com informações de agências

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