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Sair ou não dos combustíves fósseis? Na COP28, Emirados Árabes dizem que data está longe de ser decidida

O presidente dos Emirados Árabes Unidos, Sultan Al Jaber, país que recebe a COP28, e que também comanda a companhia petrolífera do país, reafirmou nesta segunda-feira (4) que respeita a ciência climática, ao exigir uma queda acentuada nas emissões de gases de efeito de estufa. Porém, na opinião do anfitrião da Conferência da ONU sobre o Clima, o momento preciso da saída dos combustíveis fósseis ainda está longe de ser decidido. 

O presidente da COP28, Sultan Ahmed Al Jaber, fala durante uma coletiva de imprensa na cúpula das Nações Unidas do Clima, em Dubai, em 4 de dezembro de 2023.
O presidente da COP28, Sultan Ahmed Al Jaber, fala durante uma coletiva de imprensa na cúpula das Nações Unidas do Clima, em Dubai, em 4 de dezembro de 2023. AFP - KARIM SAHIB
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“Estamos aqui porque acreditamos e respeitamos a ciência”, disse Sultan Al Jaber numa conferência de imprensa. Ele também convocou para a coletiva Jim Skea, presidente do IPCC, o painel intergovernamental de especialistas em mudanças climáticas da ONU. 

Citado pelos defensores ambientais pela contradição de ser presidente da empresa petrolífera dos Emirados Adnoc, o presidente fez um exercício de autojustificação, antes mesmo de qualquer pergunta dos jornalistas presentes. 

Em seguida, Al Jaber retomou o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito em 43% até 2030, em comparação a 2019, recomendado pela comunidade científica para limitar o aquecimento a +1,5°C. O comentário foi para responder a uma polêmica decorrente de uma curta frase sua, noticiada pelo diário britânico The Guardian, resultante de uma troca de mensagens online, em novembro. 

“Nenhum estudo científico, nenhum cenário, diz que a saída dos combustíveis fósseis nos permitirá atingir 1,5°C”, disse, então, o presidente Sultan Al Jaber numa conversa informal. Nesta segunda-feira, Al Jaber foi forçado a esclarecer a sua posição sobre a questão, no centro das discussões na COP28: “Já disse repetidamente que a redução e a saída dos combustíveis fósseis são inevitáveis”. 

"Saída ou redução"

Nos corredores da CP 28, duas opções são objeto de longos estudos e detalhados debates: “saída definitiva” ou “redução” do petróleo, gás e carvão? “Nada além de uma saída completa e rápida da energia [fóssil] nos permitirá alcançar” o objetivo de 1,5°C e “este é o acordo que deve ser fomentado para que a COP28 seja um sucesso”, reagiu Romain Ioulalen, da ONG Oil Change International. 

A presidência da COP, que deveria permanecer neutra, causou polêmica um pouco mais cedo, ao mencionar apenas a palavra "redução", num resumo dos debates dos primeiros dias da conferência, publicado nesta segunda-feira, sobre o evento, onde muitos líderes, contudo, advogaram pelo fim do uso de combustíveis fósseis. 

Primeiro rascunho

Na verdade, caberá às cerca de 200 nações representadas em Dubai decidirem. As duas opções aparecem no primeiro rascunho do texto principal que a conferência deve produzir, até 12 de dezembro, data prevista para o fim dos trabalhos. 

Uma segunda versão deste texto, resumindo as posições muitas vezes contraditórias dos países, é aguardada com ansiedade pelas dezenas de milhares de pessoas presentes em Dubai. 

As nações insulares e vários países latino-americanos (Colômbia, Peru, Chile, etc.) defendem fortemente o objetivo de 1,5°C em vez de 2°C. E para isso sair dos combustíveis fósseis o mais rápido possível. O mesmo prega a União Europeia. 

Outros países desenvolvidos, produtores de hidrocarbonetos (Estados Unidos, Canadá, Austrália, Noruega), são a favor desta saída, mas com menos ambição.  

A maioria dos países africanos também é a favor da saída dos combustíveis fósseis, mas na condição de se beneficiarem de um período de carência mais longo do que os países desenvolvidos. 

Os defensores do fim do petróleo, do carvão e do gás estão de olho na China, um grande consumidor, e especialmente na Arábia Saudita: “Eles estão promovendo a utilização de tecnologias de captura de carbono em todos os ângulos das negociações”, alerta um negociador europeu. “Os interessados aproveitam a discussão para incluir todas as suas prioridades, correndo o risco de tornar o texto longo e indigesto”, lamenta outro observador. 

(Com AFP)

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