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Mais de 4 mil crianças palestinas morreram em bombardeios israelenses em Gaza, diz Hamas

Os bombardeios israelenses deixaram mais de 10.000 mortos na Faixa de Gaza, entre eles, mais de 4.000 crianças, em quase um mês de guerra, anunciou segunda-feira (6) o Hamas. O secretário-geral da ONU, António Guterres disse que um "cessar-fogo humanitário é urgente" e que a situação no território palestino é uma "crise da humanidade".

Um palestino carrega uma criança morta encontrada sob os escombros de um prédio destruído após ataque aéreo israelense no campo de refugiados de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, na segunda-feira, 6 de novembro de 2023.
Um palestino carrega uma criança morta encontrada sob os escombros de um prédio destruído após ataque aéreo israelense no campo de refugiados de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, na segunda-feira, 6 de novembro de 2023. AP - Mohammed Dahman
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Desde 7 de Outubro, Israel tem bombardeado Gaza em resposta a um ataque de escala sem precedentes em seu território por combatentes do movimento islâmico palestino Hamas, provenientes da Faixa de Gaza. Mais de 1.400 pessoas morreram, a maioria civis, no dia do ataque.

Na noite de domingo (5), Israel, que jurou aniquilar o Hamas, anunciou uma campanha de bombardeios mais intensa durante “vários dias” na Faixa de Gaza, onde seus soldados realizam uma operação terrestre paralela desde 27 de outubro.

Pelo menos 292 pessoas morreram, segundo o Hamas, em ataques noturnos no pequeno e densamente povoado território.

"São massacres! Destruíram três casas sobre as cabeças dos seus habitantes, mulheres e crianças, já retiramos 40 corpos dos escombros", disse à AFP Mahmoud Mechmech, de 47 anos, que vive em Deir Al-Balah, no centro da Faixa de Gaza.

Dois hospitais pediátricos e o único psiquiátrico de Gaza foram atingidos, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

Um novo relatório oficial do movimento palestino na segunda-feira registou 10.022 mortes desde 7 de outubro, principalmente civis, incluindo mais de 4.000 crianças, nos bombardeios israelenses que transformaram bairros inteiros de Gaza em ruínas.

Os Estados Unidos reconheceram na segunda-feira que “milhares” de civis foram mortos ou feridos em Gaza. No final de outubro, o presidente Joe Biden disse que “não tinha confiança” nos registros do Hamas.

“Cemitério de crianças” 

Os combates continuam nas ruas entre soldados israelenses e membros do Hamas, sendo os mais intensos registrados no norte do território, onde se situa a cidade de Gaza, agora cercada e que, segundo Israel, abriga o "centro" do movimento extremista islâmico. O exército também anunciou que havia dividido o território em dois, entre o norte e o sul.

“O pesadelo em Gaza é mais do que uma crise humanitária, é uma crise da humanidade”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, à imprensa, julgando que um “cessar-fogo humanitário” se torna “mais urgente a cada hora que passa”.

“Gaza está se tornando um cemitério de crianças”, insistiu.

Ao mesmo tempo, repetiu a sua condenação dos “hediondos atos terroristas” do Hamas em 7 de outubro e repreendeu o movimento palestino e outros grupos que usam “civis como escudos humanos e continuam a disparar mísseis contra Israel indiscriminadamente”.

Guterres sublinhou a insuficiência da ajuda humanitária que passa por Rafah, um ponto de passagem com o Egito, até à sitiada Faixa de Gaza. Com 400 caminhões em duas semanas, em comparação com os 500 que entravam no enclave todos os dias antes da guerra, “a ajuda em conta gotas não é nada diante do oceano de necessidades”, sublinhou.

Na segunda-feira, um número desconhecido de feridos e de pessoas com dupla nacionalidade chegaram ao Egito vindos da Faixa de Gaza através da passagem de Rafah, disse um funcionário à AFP, enquanto as evacuações do território palestino eram retomadas após uma suspensão de dois dias.

De visita a Ancara depois de uma viagem ao Oriente Médio, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, afirmou segunda-feira que o seu país trabalha "muito ativamente" para entregar mais ajuda humanitária a Gaza, acrescentando que uma "pausa" nos combates "poderia ajudar com isso também."

Batalha global

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, rejeita qualquer pausa na guerra até que os mais de 240 reféns raptados pelo Hamas durante o ataque de 7 de outubro sejam libertados.

Israel “está liderando a batalha da civilização contra a barbárie (…) Esta não é uma batalha local, é uma batalha global”, disse Benjamin Netanyahu a embaixadores estrangeiros na segunda-feira.

O Exército israelense acusou novamente o Hamas de construir túneis sob hospitais, escolas e locais de culto para esconder combatentes e planejar ataques, uma acusação que o movimento islâmico nega.

Os bombardeios israelenses atingem duramente os civis no pequeno território de 362 km2, onde moram 2,4 milhões de pessoas, colocado desde 9 de outubro sob um estado de “cerco total” por Israel, que cortou o fornecimento de água, eletricidade e alimentos.

A Faixa de Gaza já estava sujeita a um bloqueio terrestre, aéreo e marítimo israelense desde que o Hamas, classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, pela União Europeia e por Israel, assumiu o poder no território em 2007.

Pelo menos 30 soldados israelenses, segundo o exército, foram mortos desde o início da operação terrestre.

Trinta dias depois de 7 de outubro, 1.400 velas foram acesas em frente ao Muro das Lamentações, o local mais sagrado do judaísmo em Jerusalém, durante uma cerimônia na presença de familiares das vítimas do ataque do Hamas.

Cisjordânia e Líbano

Também na segunda-feira, seis palestinos foram mortos pelas forças israelenses na Cisjordânia, segundo a Autoridade Palestina. Mais de 150 pessoas foram mortas na região por disparos de soldados ou colonos israelenses desde 7 de outubro, segundo a mesma fonte.

Em Jerusalém Oriental – a parte palestina da Cidade Santa anexada por Israel – um policial israelense morreu após um ataque a faca de um palestino de 16 anos que foi morto, segundo a polícia.

Outra fonte de tensão é a fronteira norte de Israel com o Líbano, onde ocorrem trocas diárias de tiros entre o exército israelita, por um lado, e o Hezbollah e os seus aliados, incluindo o Hamas, por outro.

Na segunda-feira, o Hamas anunciou que disparou 16 mísseis contra o norte de Israel a partir do Líbano.

 Desde 7 de outubro, 81 pessoas foram mortas no lado libanês, segundo uma contagem da AFP, incluindo 59 combatentes do Hezbollah. Seis soldados e dois civis foram mortos do lado israelense.

(Com informações da AFP)

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