ONU condena bombardeio israelense que atingiu ambulância em Gaza
A ONU condenou neste sábado (4) o ataque a uma ambulância pelo exército israelense, nesta sexta-feira (3), que deixou 15 mortos e cerca de 60 feridos, segundo o Ministério da Saúde do Hamas. Em um comunicado, o secretário-geral da organização, António Guterres, disse "estar horrorizado." O balanço foi confirmado pela organização humanitária Crescente Vermelho, em um comunicado divulgado neste sábado (4).
Publicado em:
"As imagens dos corpos espalhados na rua do lado de fora do hospital são de partir o coração", disse o representante da ONU. O exército israelense alegou que o alvo do ataque eram membros do Hamas que usavam a ambulância, mas o grupo extremista negou a acusação.
De acordo com o Crescente Vermelho palestino, uma das suas ambulâncias foi atingida "por um míssil das forças israelenses" a cerca de dois metros da entrada do hospital al-Shifa, o maior de Gaza, onde milhares de deslocados estão refugiados.
O avião militar "atingiu uma ambulância que foi identificada como usada pelo Hamas nas proximidades de sua posição na zona de combate", segundo as forças israelenses.
No total, "o comboio tinha cinco ambulâncias", incluindo quatro do Ministério da Saúde do Hamas e uma do Crescente Vermelho palestino. Uma segunda ambulância, também do Ministério da Saúde, teria sido atingida a cerca de um quilômetro do hospital.
"O ataque deliberado a equipes médicas constitui uma grave violação da Convenção de Genebra", disse a organização humanitária palestina, acrescentando que um médico foi levemente ferido por estilhaços.
Direitos humanos
Em um comunicado publicado no Telegram, o Hamas desmentiu que havia combatentes do grupo dentro do veículo. “São novas mentiras para justificar os crimes de Israel", escreveu o grupo.
De acordo com o porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, Ashraf al-Qidreh, a ambulância fazia parte de um comboio que transportava "vários feridos para serem hospitalizados no Egito".
Nesta sexta-feira (3), uma fonte da Casa Branca afirmou que o Hamas tentou usar um acordo mediado pelos EUA sobre a abertura da passagem de Rafah para retirar seus combatentes de Gaza.
Um terço dos nomes da lista de palestinos, fornecida pelo Hamas, são de agentes do grupo. "Era simplesmente inaceitável para o Egito, para nós e para Israel", declarou a fonte.
De acordo com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), havia informações de que um comboio de feridos que chegaria a Rafah, mas não estava envolvido no transporte das vítimas.
"O transporte de pacientes e profissionais da saúde, estão sob a proteção especial sob o Direito Internacional Humanitário", disse a porta-voz da Cruz Vermelha, Aylona Synenko.
Reações
O chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse estar " chocado", dizendo que "pacientes, cuidadores, instalações e ambulâncias devem ser protegidos".
A coordenadora humanitária da ONU nos Territórios Palestinos Ocupados, Lynn Hastings, declarou estar "alarmada", já que o ataque teve como alvo “pacientes que seriam evacuados em segurança". Desde quarta-feira, dezenas de palestinos feridos foram retirados da Faixa de Gaza para o Egito.
Escola é bombardeada em Gaza
O Ministério da Saúde do governo do Hamas anunciou neste sábado (4) que 15 pessoas morreram no bombardeio israelense a uma escola da ONU que abrigava milhares de deslocados em um campo de refugiados no norte da Faixa de Gaza.
A agência da ONU para refugiados palestinos, UNRWA, confirmou que "pelo menos um ataque" "teve como alvo o pátio da escola, onde famílias deslocadas viviam em barracas, e outro ataque dentro da escola, onde as mulheres preparavam pão".
Várias crianças morreram, disse a porta-voz Juliette Touma. A escola abrigava, em meados de outubro, 16 mil deslocados.
Na noite de sexta-feira, um ataque a uma escola transformada em um abrigo improvisado para deslocados no norte da Faixa de Gaza matou 20 pessoas e feriu dezenas, de acordo com o governo do Hamas.
Em 2 de novembro, a UNRWA anunciou que quatro de suas escolas que abrigavam deslocados de guerra haviam sido atingidas por bombardeios, com 23 pessoas mortas.
Turquia convoca embaixador em Israel para consulta
A Turquia anunciou no sábado (4) que convocaria seu embaixador em Israel para consulta, após Israel se recusar a negociar um cessar-fogo em Gaza.
O embaixador Sakir Ozkan Torunlar foi convocado devido à "tragédia humanitária em curso em Gaza causada pelos ataques implacáveis de Israel contra civis e pela recusa de Israel (em aceitar) um cessar-fogo", disse o Ministério das Relações Exteriores turco.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse neste sábado que interromperá todos os contatos com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, sobre as ações de Israel na Faixa de Gaza.
Blinken visita a Turquia
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, visitará a Turquia neste domingo (5) e na segunda-feira, informou o Departamento de Estado neste sábado.
Blinken está na Jordânia neste sábado para conversar com os parceiros árabes dos Estados Unidos e visitou Israel na sexta-feira (3). Ele busca obter a proteção dos civis palestinos presos no conflito entre Israel e o Hamas e acelerar a entrega de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, além de discutir perspectivas a longo prazo.
Na Turquia, Blinken também discutirá "mecanismos urgentes para conter a violência, acalmar a retórica e reduzir as tensões regionais". A comunidade internacional teme a intensificação do conflito, de acordo com o comunicado do Departamento de Estado.
O Departamento de Estado não confirmou em seu comunicado um encontro entre Blinken e o presidente turco, embora parecesse provável, de acordo com sua comitiva.
Exército israelense atinge alvos do Hezbollaz
O exército israelense anunciou neste sábado que lançou ataques aéreos contra alvos do Hezbollah apósna fronteira norte de Israel.
Os alvos atingidos "incluem infraestrutura terrorista, locais de armazenamento de foguetes e complexos militares". O Hezbollah disse que atacou cinco posições israelenses na fronteira e, em outro ataque, atingiu uma posição militar israelense não muito longe de Kyriat Shmona.
Vídeos publicados nas redes sociais mostram uma forte explosão seguida de uma grande nuvem de fumaça preta perto das guaritas israelenses na fronteira.
No início da manhã, o exército israelense disse ter atingido "duas células terroristas" e um "posto de observação" do Hezbollah em resposta às tentativas de disparar do Líbano contra o território israelense.
9.500 mortos segundo Hamas
Israel tem bombardeado o território palestino em retaliação aos ataques do Hamas em seu território em 7 de outubro, que mataram mais de 1.400 pessoas, a maioria civis.Os bombardeios israelenses mataram quase 9.500 pessoas, segundo um novo balanço divulgado pelo governo do Hamas.
Com informações da AFP
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro