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Hostilidades contra membros da minoria árabe em Israel são registradas após ataques do Hamas

Um aumento das hostilidades contra membros da minoria árabe de Israel e palestinos do leste de Jerusalém foi observado pela polícia israelense e ONGs desde o ataque do Hamas em 7 de outubro. Uma atriz palestina foi presa e um grupo tentou invadir uma residência universitária para expulsar estudantes árabes. 

Pessoas andam nas ruas de Jerusalém antigo com lojas fechadas após o começo da guerra, em 11 de outubro de 2023.
Pessoas andam nas ruas de Jerusalém antigo com lojas fechadas após o começo da guerra, em 11 de outubro de 2023. AFP - AHMAD GHARABLI
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Laila, mãe de quatro filhos, ainda está abalada com sua prisão. As forças especiais israelenses bateram em sua porta em um domingo de manhã. Os agentes a acusaram de publicar mensagens que incentivavam o terrorismo.

“A primeira mensagem que eu publiquei era de uma pichação que dizia ‘Gaza no meu coração’”, conta. “Na segunda, eu tinha escrito ‘140 crianças, 140 lágrimas, 140 cicatrizes’ e eles me prenderam só por isso”, diz.

Laila mora e trabalha como artista na cidade de Nazaré, no norte de Israel, e foi colocada em liberdade sem nenhuma acusação contra ela. Mas o medo e a humilhação que sentiu, não diminuíram. “Eu senti dor, medo, raiva porque eles me mostraram imagens de corpos de crianças mutiladas em cidades israelenses perto da Faixa de Gaza”, diz. “Eles me disseram que minhas mensagens na Internet encorajam este tipo de horror”.

A história de Laila não é um caso isolado. Ongs e a própria polícia israelense registraram um aumento de denúncias deste tipo desde 7 de outubro. Algumas pessoas árabes relatam que foram demitidas de seus trabalhos, expulsos de suas universidades ou, como no caso de Laila, presas por publicações em redes sociais expressando solidariedade com a Faixa de Gaza.

No domingo (29), uma famosa atriz árabe-israelense também foi acusada de incitação ao terrorismo por postagens nas redes sociais relacionadas ao ataque perpetrado pelo Hamas, segundo fontes judiciais. Maisa Abdel Hadi, que também mora em Nazaré, foi detida segunda-feira (30) e colocada sob custódia policial durante 48 horas por ter, segundo a polícia, publicado na sua página do Facebook a fotografia de uma escavadora quebrando a cerca entre a Faixa de Gaza e Israel no início do ataque do Hamas, que deixou mais de 1.400 mortos, a maioria civis, segundo as autoridades.

Abdel Hadi, de 37 anos, também publicou no Instagram, segundo a polícia, a foto de uma refém idosa, que está entre as cerca de 230 pessoas sequestradas e levadas para Gaza, com a frase: “esta senhora vai viver a aventura da vida dela”.

O Departamento de Justiça disse num comunicado anunciando a sua acusação que as publicações equivaliam a “simpatia, incitamento e apoio a atos terroristas”. A data de seu julgamento não foi especificada.

"Morte aos árabes"

Este tipo de provocação parece ter ficado mais comum no país. Na noite de sábado (28), extremistas judeus de Netanya tentaram invadir uma residência universitária que acolhe estudantes árabes israelenses, afirmando que haviam lançado ovos em direção dos fiéis em uma sinagoga e colocado música árabe em um volume alto.

Os vídeos da manifestação circularam nas redes sociais e mostravam uma multidão revoltada tentando arrombar as portas do campus universitário, agitando bandeiras israelenses e gritando “morte aos árabes”. Quando a polícia retirou os estudantes, a prefeita de Netanya, Miriam Fierberg, pediu uma investigação profunda sobre os incidentes.

O grupo israelense Students Protest condenou “veementemente a violência e a tentativa de ameaçar os estudantes árabes da universidade de Netanya. Nesses dias difíceis para Israel, não existe lugar para o racismo, a violência e a discriminação entre as populações de Israel”.

Os árabes israelenses representam pouco mais de 20% da população total de Israel e descendem de palestinos que ficaram na região na época da criação de Israel, em 1948.  Em princípio, eles têm os mesmos direitos que os judeus, porque são cidadãos israelenses. Eles podem votar para o parlamento, elegendo deputados, incluindo muçulmanos.  

(Com informações da AFP)

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