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"Se queremos a paz na Rússia, temos que tirar esse tirano", diz relatora da ONU sobre Putin

A repressão na Rússia cresceu "a um nível sem precedentes na história do país" desde que os russos invadiram a Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022. Esta é a conclusão de Mariana Katzarova, relatora especial da ONU no país, que apresentou nesta sexta-feira (22) seu primeiro relatório sobre a situação dos direitos na Rússia.

O presidente russo, Vladimir Putin, presidente uma videconferência do conselho de segurança do país, nesta sexta-feira (22)
O presidente russo, Vladimir Putin, presidente uma videconferência do conselho de segurança do país, nesta sexta-feira (22) AP - Mikhail Metzel
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"O nível de repressão contra as mídias independentes da sociedade civil e, de uma maneira mais geral, contra qualquer voz contrária ao governo, é sem precedentes na história recente", declarou Mariana Katzarova em Genebra. 

Segundo ela, os métodos repressivos usados pelo governo russo são "sofisticados". Novas leis são apresentadas praticamente todas as semanas, visando "abafar" qualquer crítica ou oposição. "É uma situação extremamente grave", reiterou.

Em seu relatório, Mariana Katzarova lembra que, desde o início da guerra da Ucrânia, 513 pessoas foram indiciadas em 2022 por questões políticas e cerca de 200 desde o início deste ano. Muitos casos, entretanto, não puderam ser contabilizados.

Acusações de espionagem e de traição também são cada vez mais utilizadas para calar os jornalistas, ressaltou. A relatora da ONU também exigiu a liberação de todos os militantes que foram detidos de forma arbitrária, entre eles o opositor Alexeï Navalny e Vladimir Kara-Mourza. "O presidente russo Vladimir Putin não é um líder, é um tirano", afirma. "Se queremos a paz, temos que parar esse tirano." 

 

O opositor russo Alexei Navalny, durante uma audiência em Moscou, em maio de 2022.
O opositor russo Alexei Navalny, durante uma audiência em Moscou, em maio de 2022. REUTERS - EVGENIA NOVOZHENINA

Tempos sombrios

A situação na Rússia, frisa, felizmente ainda não é comparável ao nível de repressão da época do stalinismo (1927 a 1953), na ex-União Soviética. Neste período, milhões de opositores morreram nos gulags, o sistema de campos de concentração soviéticos de trabalho forçado. 

"Mas a hora é agora. Não podemos deixar a situação na Rússia se deteriorar ao ponto que possa ser comparada ao nível de repressão da época stalinista", declarou, pedindo "ação" à comunidade internacional.

A búlgara Mariana Katzarova foi nomeada em abril a primeira relatora especial da ONU sobre a situação na Rússia, que é um dos cinco países integrantes do Conselho de Segurança da organização. 

O governo russo recusou sua presença no território, não reconheceu seu mandato e não participou de nenhum dos debates sobre seu relatório apresentado no Conselho de Direitos Humanos da ONU. Moscou recebeu o apoio da China, que denunciou "a politização e instrumentalização dos direitos humanos."

O mandato de Katzarova termina no próximo mês. O Conselho de Direitos Humanos da ONU deve votar a favor de uma resolução elaborada pela União Europeia para poder prorrogá-lo, mas a Rússia é contra. 

A relatora lembra que é fundamental manter o monitoramento da situação no país, principalmente porque o governo russo controla o acesso a todos os canais de informações. "É importante continuar esse trabalho, principalmente agora, nesses tempos tão sombrios para os direitos humanos na Rússia."

Com informações da AFP

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