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Reunião do Conselho de Segurança da ONU será palanque internacional para Rússia

O chanceler russo, Sergei Lavrov, discursará nesta segunda-feira (24) durante reunião do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), o primeiro encontro desde que a Rússia assumiu a presidência rotativa do conselho. A liderança do órgão oferece um palanque internacional para a narrativa russa sobre a invasão da Ucrânia. 

O chanceler russo, Sergueï Lavrov, durante reunião da ONU, em 2022.
O chanceler russo, Sergueï Lavrov, durante reunião da ONU, em 2022. Getty Images via AFP - MICHAEL M. SANTIAGO
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Com informações de Daniel Vallot, da RFI

Em Nova York, Lavrov terá a oportunidade de fazer um pronunciamento diante dos países da ONU com o ponto de vista russo sobre o conflito contra a Ucrânia, apesar das diversas resoluções aprovadas pelas Nações Unidas condenando a invasão ao território ucraniano.

Desde o início de abril, a Rússia ocupa a presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU. O posto, assumido a cada mês por um país diferente, foi passado aos russos sob fortes protestos da Ucrânia

O discurso causa problema do ponto de vista simbólico: um país que não respeita as orientações do órgão multilateral ocupa a cadeira de liderança da reunião. 

"Isso mostra que [a ONU] precisa ser completamente revisada e que há algo errado com uma instituição multilateral como a ONU ainda permitir que este tipo de coisa aconteça: ver Sergei Lavrov falar em frente ao mundo quando a Rússia invadiu ilegalmente um país", avalia Romuald Sciora, pesquisador do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas e especialista da ONU.

No entanto, as normas das Nações Unidas impedem que a presidência russa seja barrada sem o apoio unânime dos membros permanentes do Conselho de Segurança

"É impossível impedir que um membro do Conselho de Segurança, um membro permanente, se expresse sem haver unanimidade entre os outros membros. E isso não aconteceria, pois a China se oporia a isso", explica Sciora.

Propaganda na ONU

Ainda que o papel político da ONU tenha diminuído significativamente nos últimos anos, o pesquisador afirma que o espaço reforçará a narrativa russa.

"Essa presidência dá uma visibilidade à Rússia e uma forma de legitimação que é absolutamente bem-vinda. Embora a ONU tenha se tornado um anão na cena política internacional, o fato de esta presidência ter sido amplamente divulgada lhe deu uma influência muito benéfica. Poder falar no Conselho de Segurança é uma bênção para Putin e uma oportunidade de fazer sua própria propaganda", indica.

O presidente russo, Vladimir Putin, é acusado pela Justiça Internacional por crimes de guerra cometidos contra civis na Ucrânia e tem um mandado de prisão emitido contra si.

Rússia menos isolada do que Ocidente gostaria

Se nas recentes votações da Assembleia Geral da ONU, a Rússia aparece como um país isolado, com poucas nações mantendo seu apoio público, Sciora considera que o governo russo mantém boas relações pelo mundo.

"A Rússia ganhou uma aproximação muito forte com a China, com a Índia, com muitos países da Ásia, com muitos países da África. E também se aproximou de países da América do Sul, mais especificamente do Brasil. A Rússia não me parece estar verdadeiramente isolada na cena internacional. São as ilusões ocidentais que nos fazem acreditar nisso. Ela está isolada dos Estados Unidos e da Europa, mas já estava antes da guerra. Portanto, diplomaticamente, a Rússia não foi realmente enfraquecida por esta crise", estima o pesquisador.

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