EUA voltam a pedir que Rússia liberte jornalista do WSJ; Moscou critica “alvoroço” da mídia
Três dias após a detenção de Evan Gershkovich, jornalista do Wall Street Journal, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, voltou a pedir neste domingo (2) que a Rússia liberte imediatamente o repórter. Em resposta, Moscou reiterou que Gershkovich é suspeito de espionagem e deverá ser julgado no país europeu. Sergei Lavrov, chefe da diplomacia russa, criticou ainda o "alvoroço" feito pela cobertura midiática do caso.
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A prisão de Gershkovich tem como pano de fundo o aumento da repressão à imprensa na Rússia desde a invasão da Ucrânia, o que tem tensionado as relações entre Moscou e Washington.
"Gershkovich foi pego em flagrante tentativa de obter informações secretas", disse o ministro russo durante uma ligação neste domingo para o secretário de Estado americano. Lavrou pediu a Blinken "respeito às decisões das autoridades russas".
Ignorando as críticas, Lavrov repetiu que o caso deve ser julgado pela Justiça. "Seu destino será determinado por um tribunal", disse o chanceler russo, sem dar mais detalhes.
Blinken pediu a libertação imediata do americano e afirmou que sua detenção é "inaceitável". Na sexta-feira (31), Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, já havia feito um apelo ao governo russo. A prisão de um jornalista americano é algo inédito na história recente da Rússia.
Na declaração deste domingo, o ministro de Relações Exteriores russo acusou Washington e a mídia de darem contornos políticos à prisão. "É inaceitável que funcionários em Washington e na mídia ocidental estejam criando esse alvoroço com a clara intenção de dar a este caso uma dimensão política", disse Lavrov.
FSB acusa repórter de espionagem
O repórter, de 31 anos, negou as acusações contra ele em uma audiência no tribunal de Moscou na quinta-feira, segundo a agência de notícias russa Tass. O caso foi classificado como "secreto", segundo a agência russa, restringindo o acesso a informações sobre ele.
O que se sabe é os serviços de segurança russos da FSB dizem ter interrompido "uma atividade ilegal" ao prender Evan Gershkovich em Yekaterinburg (Urais), em data não especificada.
A FSB acusa o jornalista de "espionagem em benefício dos Estados Unidos" e de ter coletado informações "sobre uma empresa do complexo militar-industrial russo".
Nos últimos dias, políticos, ONGs de direitos humanos e veículos de imprensa condenam a prisão do jornalista americano como um símbolo do "desrespeito sistemático" do Kremlin pela "liberdade de imprensa".
O jornalista americano deve ficar detido em uma prisão de Moscou até 29 de maio, medida que pode ser prorrogada até um julgamento. Se condenado segundo o artigo 276 do código penal russo, o jornalista poderia enfrentar até 20 anos de prisão.
(Com AFP)
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