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Bakhmut, no leste da Ucrânia, está "cercada", afirma grupo paramilitar russo Wagner

O grupo paramilitar russo Wagner, que está na linha de frente no conflito na Ucrânia, afirmou nesta sexta-feira (3) que a cidade de Bakhmut, no leste do país, está "praticamente cercada", e pediu ao presidente Volodymyr Zelensky que ordene a retirada de suas tropas.

Moradora de Chasiv Yar, perto de Bakhmut, no terreno destruído de sua casa (28/03/23).
Moradora de Chasiv Yar, perto de Bakhmut, no terreno destruído de sua casa (28/03/23). AFP - DIMITAR DILKOFF
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A batalha por Bakhmut, uma cidade industrial de importância estratégica, começou em meados do ano passado e provocou muitas baixas dos dois lados do conflito. A cidade virou um símbolo da guerra, por ser o epicentro dos combates entre russos e ucranianos há muitos meses.

As forças russas avançaram nas últimas semanas para o norte e sul de Bakhmut. Em seguida, cortaram três das quatro rodovias utilizadas para o abastecimento das tropas ucranianas na cidade. "As unidades Wagner têm Bakhmut praticamente cercada, resta apenas uma rodovia para sair da cidade", declarou o fundador e comandante do grupo paramilitar, Yevgueny Prigozhin, em um vídeo publicado no Telegram.

Prigozhin pediu a Zelensky - que havia prometido defender Bakhmut "pelo maior tempo possível” - que ordene a retirada das tropas ucranianas da cidade, em grande parte destruída. "Se antes enfrentávamos um exército ucraniano profissional, que lutava contra nós, hoje vemos cada vez mais velhos e crianças. Eles lutam, mas a vida deles em Bakhmut é curta, um ou dois dias", alertou Prigozhin.

"Dê a oportunidade para que abandonem a cidade, está praticamente cercada", acrescentou o comandante do grupo Wagner. O vídeo mostra em seguida três pessoas, um idoso e dois jovens, que pedem a Zelensky permissão para deixar a região.

Combates intensos

O comando militar ucraniano admitiu na terça-feira (28) uma situação "extremamente tensa" em Bakhmut diante dos ataques russos. No mesmo dia, Zelensky citou um aumento da "intensidade dos combates" ao redor da cidade, que tinha quase 70 mil habitantes antes do conflito. Atualmente restam 4,5 mil, de acordo com as autoridades locais.

O Estado-Maior ucraniano não revelou detalhes sobre a situação em Bakhmut nesta sexta-feira e se limitou a destacar que o exército impediu 85 ataques russos no país nas últimas 24 horas. Na quarta-feira (1°), o porta-voz do comando leste do exército ucraniano, Serguii Cherevaty, negou as versões de que uma retirada estava em curso em Bakhmut.

O fundador do grupo Wagner fez as afirmações um dia após um incidente na região russa de Briansk, perto da fronteira, que, de acordo com Moscou, foi uma incursão de "sabotadores" ucranianos.

Para as forças de Segurança da Rússia, o grupo abriu fogo contra um carro e matou dois civis, além de ter deixado uma criança ferida, na localidade de Lyubechane.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que "medidas serão adotadas para evitar eventos semelhantes no futuro". Ele acrescentou que "conclusões serão tiradas após a investigação" sobre o suposto ataque.

"Provocação deliberada"

A presidência ucraniana desmentiu as acusações e afirmou que o incidente foi uma "provocação deliberada" da Rússia para justificar a invasão.

O Comitê de Investigação russo anunciou que enviou uma equipe ao local e que a situação está "sob controle das forças de Segurança". O Serviço Federal de Segurança (FSB) afirmou que encontrou uma "grande quantidade de explosivos" na região.

As autoridades russas reportaram esta semana diversos ataques com drones ucranianos na Crimeia, uma península anexada pela Rússia em 2014. Pela primeira vez, um drone caiu na região de Moscou, sem provocar danos ou vítimas.

Nesta sexta-feira, fontes das forças de Segurança citadas pela agência TASS relataram a explosão de um drone na região de Kolomna, 100 km ao sudeste de Moscou.

Lula fala com Zelensky

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou, nesta quinta-feira (2), durante uma conversa por vídeo com o líder ucraniano Volodymyr Zelensky, sua proposta para que o Brasil participe de um eventual processo multinacional de diálogo para colocar fim à guerra entre Moscou e Kiev.

"Tive uma reunião por vídeo agora com o presidente da Ucrânia, Zelensky. Reafirmei o desejo do Brasil de conversar com outros países e participar de qualquer iniciativa em torno da construção da paz e do diálogo. A guerra não pode interessar a ninguém", escreveu Lula no Twitter.

Zelensky confirmou a conversa em um tuíte, em que indicou que ambos enfatizaram a importância de defender os princípios de soberania e integridade territorial dos países. Também falaram sobre "os esforços diplomáticos" para buscar o fim das hostilidades.

Lula ressaltou que "o Brasil defende a integridade territorial da Ucrânia", mas também busca "reunir um grupo de nações capazes de conversar com ambos os lados do conflito para promover a paz", informou o Planalto em nota.

(Com informações da AFP)

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