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Síria vive pior crise econômica em anos; 90% da população está abaixo da linha da pobreza

São quase 12 anos ininterruptos de guerra na Síria. As consequências do combate atingem duramente sua população, que enfrenta a pior crise econômica do país desde 2011. Atualmente, nove em cada dez sírios vive abaixo da linha da pobreza.

Muitos trabalhadores na Síria têm dificuldades para ir ao trabalho por conta da falta de combustíveis no país. (Imagem ilustrativa de Homs)
Muitos trabalhadores na Síria têm dificuldades para ir ao trabalho por conta da falta de combustíveis no país. (Imagem ilustrativa de Homs) AP - Uncredited
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Paul Khalifeh, correspondente da RFI

Apesar de ser um país produtor de petróleo, combustível é algo raro na Síria. Os campos de petróleo do país estão nas regiões do leste, área que ainda não foi recuperada pelo governo. Além disso, a Síria tem de lidar com as duras sanções ocidentais ao país que, entre outras coisas, proíbem a venda de combustível da Europa.

Os transportes parecem o setor mais afetado pela crise no país, as ruas de Damasco estão vazias. Nas grandes cidades do país, onde se via normalmente engarrafamentos e grande movimentação, agora são pouco os carros a circularem e é quase impossível encontrar um táxi.

O preço da gasolina explica facilmente o cenário. O litro do combustível é vendido a cerca de R$ 10. Um salário médio no país, que é de cerca de R$ 100, só é suficiente para a compra de dez litros de gasolina.

Vida em marcha lenta

O problema dos combustíveis afeta toda a vida da população. Em Damasco, metade das padarias fecharam suas portas ou reduziram duramente seu horário de funcionamento. Nas universidades, as salas de aula estão vazias, pois muitos estudantes não têm como arcar com os custos do deslocamento até o campus.

A crise afetou o cotidiano até mesmo do famoso mercado souk Al-Hamidiya, na capital do país, onde os clientes são cada vez mais raros.

É comum ver funcionários públicos, professores e até mesmo juízes faltarem ao trabalho por não terem como se deslocar. Em todas as cidades, a vida segue em marcha lenta.

Durante os meses de inverno, as temperaturas em Damasco e em outras regiões sírias caem a zero. A população, no entanto, não pode confiar na rede elétrica para garantir seu aquecimento, são constantes os cortes no abastecimento.

O preço da tonelada de madeira dobrou desde setembro e hoje é vendido a mais de R$ 1.000, tornando a madeira para queimar na lareira um material de luxo. A solução encontrada por parte da população é queimar cascas de pistache, restos de azeitonas e todos os produtos à mão que possam “reciclar” como fonte de calor.

O frio do inverno que começa será um dos piores desafios para essa população empobrecida.

Governo inerte

Diante de tal cenário, o governo sírio faz muito pouco ou nada. O governo de Bashar al-Assad não tem recursos financeiros por conta da lei norte-americana “César”, que proíbe todas as negociações com a Síria e impõe fortes sanções ao país desde junho de 2020.

Apesar da ajuda de seus aliados russos e iranianos, o governo sírio tem grandes dificuldades para suprir as necessidades básicas da população. Hoje, os sírios sobrevivem apenas graças ao dinheiro enviado pelos milhões de membros da diáspora espalhados pelo mundo.

Enquanto o governo de al-Assad continua a preferir gastar os poucos recursos que lhe restam nas Forças Armadas.

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