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Com robôs e prêmios milionários, esporte nacional do Catar é a corrida de dromedários

Enquanto o Catar sedia a Copa do Mundo de futebol, na pista de Al-Shahaniya, 40 quilômetros a leste da capital Doha, a paixão nacional é outra: as corridas de dromedário, esporte tradicional nos países do Golfo. 

No Catar, os dromedários fazem parte da cultura tradicional.
No Catar, os dromedários fazem parte da cultura tradicional. © Farid Achache
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Farid Achache, enviado especial da RFI ao Catar

"Os dromedários fazem parte de nossa cultura", afirma um jovem catariano usando uma thobe, um tipo de camisa longa, reta, branca e perfeitamente engomada que permanece surpreendentemente imaculada.

Os dromedários são usados há muito tempo como forma de locomoção pelas grandes extensões desérticas da Península Arábica.

A 40 quilômetros a leste da capital Doha, a corrida vai ser disputada dessa vez na pista de Al-Shahaniya, onde uma tela gigante transmite o evento, enquanto o vento levanta a areia que machuca os olhos do público. Além do cataris e do jornalista estrangeiro, alguns turistas argentinos apreciam o espetáculo, o esporte número um daqui.

Preparação dos robôs usados como jóqueis mecânicos
Preparação dos robôs usados como jóqueis mecânicos © Farid Achache

Jóqueis mecânicos comandados à distância

Como em corridas de cavalos, os jóqueis de dromedário também precisam ser pequenos e leves. Até o início do século 21, os jóqueis costumavam ser crianças originárias do subcontinente indiano. Devido a numerosos acidentes fatais, os estados do Golfo tiveram de ceder à pressão internacional e proibiram a prática em 2004.

O esporte, no entanto, não poderia parar. A substituição foi feita por jóqueis robôs, comandados à distância.

O portão de partida do Camel Racing Track abre e os dromedários vão para a pista. Dentro de seus carros em uma estrada paralela, os treinadores acionam o chicote dos robôs à distância e estimulam os animais com gritos pelo walkie-talkie.

Para cada corrida, cerca de 40 carros 4x4 seguem os animais. "Precisamos tornar este esporte conhecido na Europa, eu sei que você tem corridas de cavalos por lá", diz um jornalista do Catar, pronto para começar sua transmissão.

Diferentemente das corridas de cavalos, aqui não há apostas, elas são proibidas no país. Os concorrentes competem por prêmios valiosos geralmente concedidos pela família real, que patrocina este esporte tradicional. Das 22 corridas realizadas neste dia, cada vencedor embolsou o equivalente a R$ 1,4 milhão.

Dentro de carros 4x4, treinadores e o público segue a corrida de dromedários de uma pista lateral
Dentro de carros 4x4, treinadores e o público segue a corrida de dromedários de uma pista lateral © Farid Achache

Os reis do esporte

Fiéis às tradições beduínas, os habitantes do Catar, como os de outros países do Golfo, são apaixonados pela criação de dromedários. Os animais chegam a ter piscinas de fisioterapia para aliviar a pressão em suas articulações.

Nas fazendas vizinhas, tudo é feito para garantir que os animais estejam nas melhores condições possíveis. Não é para menos: o preço de um "dromedário árabe" pode chegar a somas astronômicas, perto de R$ 5 milhões.

As corridas profissionais de camelos começaram em 1972 no Catar e a temporada geralmente vai de setembro a março. Os dromedários começam a correr quando têm cerca de dois anos, e participam de provas de quatro quilômetros. Os animais mais velhos podem competir em distâncias de até oito quilômetros.

A corrida mais famosa do Catar é chamada de "Espada do Xeque Tamim", que leva o nome do emir. Os competidores que dela participam podem ganhar uma arma de ouro, um enorme cheque e até mesmo carros de luxo cujos valores ultrapassam de muito os meio milhão de reais.

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