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Guerra na Ucrânia: ocupação russa pede aos civis que deixem a cidade de Kherson "imediatamente"

Em resposta ao avanço das forças ucranianas nesta região sul do país, as autoridades de ocupação pró-Rússia pediram neste sábado (22) que todos os civis deixassem a área "imediatamente". "A cidade de Kherson está preparando sua defesa", alertou ontem um funcionário da ocupação local. As evacuações para a margem esquerda do rio Dnieper, que faz fronteira com Kherson, estão em andamento desde quarta-feira.

Civis evacuados de Kherson se reúnem na chegada à estação ferroviária em Dzhankoi, na Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.
Civis evacuados de Kherson se reúnem na chegada à estação ferroviária em Dzhankoi, na Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. AP
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Mas o apelo deste sábado assume uma urgência adicional. Cerca de 25.000 pessoas já foram retiradas, disse o funcionário de Kherson, Kirill Stremousov, à agência de notícias russa Interfax.

Se Kiev está progredindo no terreno, ainda sofre pesadas represálias aéreas, com disparos de foguetes russos em todo o seu território, que o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky denuncia como uma campanha de "terror".

Zelensky afirmou neste sábado que a Rússia executou um ataque em larga escala contra a Ucrânia durante a noite, após os relatos de bombardeios contra infraestruturas cruciais que provocaram cortes de energia elétrica em todo o país num momento em que o inverno se aproxima.

"O agressor continua aterrorizando nosso país. Durante a noite lançou um ataque em larga escala: 36 mísseis, a maioria dos quais foi derrubada. São ataques vis contra alvos críticos. Táticas típicas de terroristas", afirmou Zelensky nas redes sociais.

Um milhão de casas ucranianas sem eletricidade

Mais de um milhão de residências ucranianas estão sem energia elétrica após os ataques russos às instalações energéticas de todo o país, segundo o vice-chefe de gabinete da presidência do país, Kyrylo Timoshenko.

"Até o momento, 672.000 lares foram desconectados na região de Khmelnytskyi, 188.400 em Mykolaiv, 102.000 em Volyn, 242.000 em Cherkasy, 174.790 em Rivne, 61.913 em Kirovograd e 10.500 en Odessa", detalhou Timoshenko.

"Se não houver mais energia, eletricidade e água na Ucrânia, isso pode desencadear um novo tsunami migratório", alertou o primeiro-ministro ucraniano, Denys Chmygal, em entrevista a ser publicada no domingo no jornal alemão Frankfurter.

A Rússia quer "dar à Ucrânia um inverno frio, no qual as pessoas podem literalmente congelar até a morte. Isso pode levar a uma catástrofe humanitária planejada, como a Europa não vê desde a Segunda Guerra Mundial", disse ele, que deve participar do fórum econômico germano-ucraniano em Berlim na segunda-feira.

"Tememos por nossas vidas"

Moradores de Kherson embarcaram em um trem para o sul da Rússia em uma estação de trem na cidade de Dzhankoy, no norte da Crimeia, península ucraniana anexada por Moscou em 2014, disse um jornalista da AFP na sexta-feira (21).

"Estamos deixando Kherson porque o bombardeio pesado começou lá, tememos por nossas vidas", disse Valentina Yelkina, uma aposentada que está viajando com sua filha.

Outra moradora de Kherson, Yelena Bekesheva, 70, disse que estava a caminho de Moscou. "Não tomamos a decisão imediatamente (de sair), mas fomos convidados por nossos amigos e parentes", disse ela à AFP.

Volodymyr Zelensky se congratulou na noite de sexta-feira (21) em um vídeo pelos "bons resultados" de seu exército nesta região tão estratégica, onde, segundo ele, mais de 30 veículos blindados russos foram capturados.

Kherson é a primeira grande cidade a ser tomada pelas forças russas no início de sua ofensiva lançada em 24 de fevereiro.

Por sua vez, Kyrylo Tymoshenko, informou na sexta-feira que "88 localidades foram tomadas" das forças russas na região de Kherson.

Restrições forçadas

As restrições de energia agora são "forçadas" em várias regiões ucranianas, incluindo a capital Kiev e sua região, de acordo com a empresa de energia Ukrenergo.

Ao mesmo tempo, os ucranianos já reduziram voluntariamente seu consumo de eletricidade em média de 5% a 20% em certos dias e em certas regiões, disse à AFP o chefe da Ukrenergo, Volodymyr Kudrytsky.

Duas pessoas foram mortas neste sábado em ataques ucranianos contra a região russa de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia, disse também neste sábado o governador da região, Vyacheslav Gladkov.

O bombardeio teve como alvo "infraestrutura civil" na cidade de Chebekino, disse Gladkov no Telegram. "Cerca de 15.000 pessoas ficaram sem eletricidade", disse ele.

A Rússia denunciou em meados de outubro um "aumento considerável" de tiros dos soldados ucranianos em várias regiões fronteiriças russas, incluindo a de Belgorod, mas também a de Kursk e Briansk.  

(Com informações da AFP)

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