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Mianmar: Aung San Suu Kyi é condenada a mais três anos de prisão por fraude eleitoral

A ex-dirigente foi condenada nesta sexta-feira (2) durante um processo político criticado pela comunidade internacional. Esta é a nona sentença proferida contra a ex-prêmio Nobel, de 77 anos, e inclui trabalhos forçados.

A junta birmanesa continua acusando Aung San Suu Kyi: a ex-líder foi condenada na sexta-feira a mais três anos de prisão por fraude eleitoral, durante um julgamento denunciado como político pela comunidade internacional.
A junta birmanesa continua acusando Aung San Suu Kyi: a ex-líder foi condenada na sexta-feira a mais três anos de prisão por fraude eleitoral, durante um julgamento denunciado como político pela comunidade internacional. AP
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Aung San Suu Kyi deverá cumprir 20 anos de prisão em regime fechado. O tribunal a reconheceu culpada por fraude durante as eleições legislativas de novembro de 2020, que seu partido, o LND (Liga Nacional para a Democracia),venceu com folga.

O resultado do pleito serviu de "desculpa" para o golpe de Estado de 1º de fevereiro de 2021, que colocou a Junta Militar no poder. Na época, os confrontos nas ruas deixaram mais de 2.100 civis mortos e mais de 15 mil feridos.

Os militares justificaram o golpe alegando a existência de 11 milhões de irregularidades no pleito, mas observadores internacionais reconheceram o resultado das eleições como "representativo da vontade do povo birmanês."

Aung San Suu Kyi foi colocada em isolamento na prisão de Naypyidaw, no final de junho, situado na capital, Rangoun. Seu processo ocorre neste estabelecimento, a portas fechadas, e seus advogados não podem conversar com a imprensa e as organizações internacionais.

"É impossível saber se essas audiências têm alguma credibilidade, já que ocorrem a portas fechadas", diz Manny Maung, pesquisadora da organização Human Rights Watch. "Na minha opinião, ela será reconhecida culpada de outras acusações", declarou. 

Em outros julgamentos, a líder foi condenada por posse ilegal de equipamentos, violação de restrições relacionadas à Covid-19 e incitação à desordem pública. Várias pessoas próximas a Aung San Suu Kyi foram condenadas a outras penas. Phyo Zeya Thaw, um ex-deputado de seu partido, foi condenado à morte e executado no final de julho.

A Junta se defende das acusações da comunidade internacional e promete abrir negociações com Aun San Suu Kyi no final do processo. "Tomamos decisões severas, mas somos indulgentes com ela", afirmou o chefe da Junta, Min Aung Hlaing, durante uma entrevista divulgada em agosto pelo jornal oficial do Estado. Segundo o militar, o exército espera organizar novas eleições em 2023. 

A ex-líder continua sendo uma figura popular na Birmânia, apesar da sua imagem internacional ter sido afetada pela sua política em relação à minoria muçulmana dos Rohingyas, vítimas dos abusos das forças armadas do país entre 2016 e 2017, que os EUA classificaram de genocídio.

A junta birmanesa continua acusando Aung San Suu Kyi: o ex-líder foi condenado na sexta-feira a mais três anos de prisão por fraude eleitoral, durante um julgamento no rio, denunciado como político pela comunidade internacional.
A junta birmanesa continua acusando Aung San Suu Kyi: o ex-líder foi condenado na sexta-feira a mais três anos de prisão por fraude eleitoral, durante um julgamento no rio, denunciado como político pela comunidade internacional. AP - Peter Dejong

Junta condena ex-embaixadora

Nesta sexta-feira (1), as autoridades do país também condenaram a ex-embaixadora do Reino Unido na Birmânia (atual Mianmar), e seu marido, por infringir uma lei migratória. Vicky Bowman e seu marido, o conhecido artista birmanês Htein Lin - um ex-político - foram condenados a um ano de prisão.

Bowman, que atuou como diplomata de 2002 a 2006, foi presa no mês passado por não declarar que morava em um endereço diferente do que constava no certificado de registro de estrangeiro. Htein Lin foi preso, por sua vez, por ajudar sua esposa a residir em um endereço diferente do que haviam registrado, em Yangon.

As relações entre Mianmar e o Reino Unido, a antiga potência colonial, pioraram desde o golpe do ano passado e Londres impôs várias rodadas de sanções a empresas e indivíduos ligados aos militares.

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