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Papa Francisco pretende diminuir ritmo de viagens e fala sobre renúncia

O Papa Francisco declarou neste sábado (30) que sua idade avançada e sua dificuldade para caminhar o obrigam a entrar em uma fase mais contida de seu pontificado. Aos 85 anos, o santo padre acredita que não poderá continuar a fazer viagens com o mesmo ritmo de hoje. 

O papa Francisco dentro do avião, na volta ao Vaticano neste sábado (30), após seis dias de visita ao Canadá.
O papa Francisco dentro do avião, na volta ao Vaticano neste sábado (30), após seis dias de visita ao Canadá. AP - Guglielmo Mangiapane
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"Acredito que, na minha idade, e com essas limitações, devo me poupar para poder servir à Igreja, ou, ao contrário, pensar na possibilidade de me colocar de lado", declarou o sumo pontífice durante uma entrevista coletiva no avião papal.

As declarações foram feitas durante o voo, na volta de Francisco ao Vaticano, depois de seis dias de visita ao Canadá, onde pediu perdão pelos abusos contra crianças indígenas em internatos da Igreja Católica no país. Neste sábado, o santo padre classificou essas agressões como "um genocídio".

Durante sua 37ª viagem internacional desde que assumiu o cargo, em 2013, o papa se locomoveu principalmente em cadeira de rodas e pareceu debilitado. Mesmo assim, o religioso cumpriu todos os compromissos previstos. 

"Esta viagem foi uma espécie de teste: é verdade que não podemos viajar neste estado, talvez tenhamos que mudar um pouco o estilo", declarou. No entanto, afirmou que tentará continuar viajando porque, para ele, "estar perto das pessoas é uma forma de servir".

Francisco ainda tentou relevar o impacto de suas declarações. "Com toda a sinceridade, não é uma catástrofe. Podemos mudar o papa. Não é um problema. Mas acho que tenho que me limitar um pouco", acrescentou.

Saúde frágil

Há anos a saúde do religioso vem se deteriorando. Desde o início de maio, o papa se locomove em cadeira de rodas ou bengala, enfraquecido por dores no joelho direito. Para aliviar o sofrimento, ele recebe regularmente infiltrações e faz sessões de fisioterapia, de acordo o Vaticano.   

Jorge Bergoglio, no entanto, descartou a possibilidade de cirurgia, em razão das "sequelas" sofridas pela anestesia durante sua operação de cólon em julho de 2021. Nesta época, muitas especulações já haviam sido feitas sobre a saúde dele, que teve parte de um pulmão removido na juventude e sofre de uma dor ciática crônica. 

Sobre uma possível renúncia, a exemplo da escolha feita por seu antecessor, Bento XVI, o papa argentino afirmou neste sábado que "a porta está aberta. Mas, até hoje, eu não empurrei essa porta. Como dizem, não senti isso, de pensar nessa possibilidade. Mas isso não significa que depois de amanhã eu não vou começar a pensar", reiterou. 

Em 2014, o próprio Francisco contribuiu para alimentar a hipótese de uma possível renúncia, ao declarar que Bento XVI "abriu uma porta" ao deixar ao cargo. Mas o sumo pontífice negou rumores, no início de julho, de que poderia desistir do pontificado por causa de seus problemas de saúde.

Suspense

Três eventos, porém, suscitam dúvidas, incluindo a realização, no próximo 27 de agosto, de um consistório para a nomeação de cerca de 20 novos cardeais - entre eles futuros eleitores em caso de conclave - o que não costuma acontecer nesta época. Dentro deste processo que muitos acreditam ser uma preparação, Francisco se reunirá em Roma com cardeais de todo o mundo e viajará para L'Aquila, no centro da Itália, para visitar o túmulo de Celestino V, o primeiro papa a renunciar, no século XIII.

Essa conjunção de eventos sem precedentes intriga a imprensa italiana e internacional, que a vê como uma oportunidade para o sumo pontífice anunciar sua decisão ao mundo.

Jorge Bergoglio também renovou seu desejo de ir a Kiev, sem maiores detalhes sobre a data, e confirmou o projeto de uma viagem ao Cazaquistão em setembro, para participar de uma cúpula de líderes religiosos. O papa indicou ainda que visitaria o Sudão do Sul, antes de ir à República Democrática do Congo, uma viagem prevista para o início de julho, mas adiada por tempo indeterminado devido ao seu estado de saúde.

(Com informações da AFP

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